Eclesiastes 12 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Eclesiastes 12







Eclesiastes 12

Esse conselho é seguido de uma passagem sóbria e difícil (12:1-8). Após exortar os jovens a lembrar-se de seu Criador nos dias da mocidade (12:1; cf. tb. 11:8; 12:6), o Pregador prossegue para apresentar uma detalhada descrição poética da velhice e da morte que os espera. A repetição de “antes” (12:1-2,6) capta a sensação de morte iminente em sua injunção de “lembra-te”. Essa passagem é repleta de imagens e metáforas, algumas das quais podem ser facilmente identificadas, enquanto outras simplesmente contribuem para o impacto cumulativo do todo. Antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tomem a vir as nuvens depois do aguaceiro (12:2) refere-se ao desalento, à diminuição e à perda da alegria que começa a encobrir a pessoa que envelhece e contrasta com a alegria anterior da luz (11:7). No dia em que tremerem os guardas da casa refere-se aos braços, e se curvarem os homens outrora fortes (12:3), às pernas. Os moedores da boca que param de funcionar por já serem poucos são os dentes, e se escurecerem os teus olhos nas janelas fala sobre a visão. Os intérpretes diferem na interpretação das metáforas do versículo 4. Alguns entendem portas da rua (12:4) literalmente, como se referindo às portas da casa, enquanto outros entendem a expressão em referência à boca e às orelhas. Dependendo do sentido dado a essas “portas”, o som da fala em alta voz que diminui ou está associado aos “moedores” de 12:3, ou ao som de mulheres moendo dentro de casa ou na vizinhança. A voz das aves pode referir-se tanto ao velho que se levanta cedo ou ao sono da pessoa idosa que é facilmente perturbado. Também não há mais prazer no canto. Quando temeres o que é alto e te espantares no caminho (12:5a) pode ser entendido como uma caracterização literal da velhice. A flor branca da amendoeira está associada aos cabelos brancos da velhice, o gafanhoto arrastando-se fala da dificuldade para caminhar experimentada pelo velho, e a ausência de desejo reporta à perda de apetite de toda sorte. À medida que a deterioração gradual da velhice atinge sua conclusão inevitável, o homem vai à casa eterna, e os pranteadores andam rondando pela praça (12:5b). A morte chegou. Mas o Pregador utiliza metáforas adicionais para enfatizar a importância do que está acontecendo. E acrescenta: Antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço (12:6). O momento da morte é retratado como um vaso dourado sendo separado de um fio de prata e quebrando-se, e como uma roda junto ao poço rompendo-se com estalo e permitindo que um jarro de barro caia no poço e se quebre. Então a linguagem metafórica termina, e a linguagem do Gênesis reaparece: E o pó volte à terra, como era, e o espírito volte a Deus, que o deu (12:7; cf. tb. Gn 2:7; 3:19). A seção conclui com o refrão que enquadra a mensagem do livro todo: Vaidade de vaidade, diz o Pregador, tudo é vaidade! (12:8). A morte está chegando, e o tempo para lembrar do Criador são “os dias da tua mocidade”, enquanto ainda existe vigor e entusiasmo!

12:9-14 Conclusão
Em alguns dos versículos dessa seção, o Pregador é referido na terceira pessoa. Isso não significa necessariamente que ele não tenha escrito essas palavras. Além do mais, seria muito incomum atribuir a afirmação final — De tudo o que se tem ouvido, a suma é (12:13) — a alguma outra pessoa. Podemos, portanto, aceitar que esses versículos representam as últimas conclusões do próprio Pregador. Ele começa falando sobre si mesmo, quem é, e que contribuições fez: O Pregador, além de sábio, ainda ensinou ao povo o conhecimento (12:9). Ele menciona sua busca, observação e reflexão, mais a organização de tudo o que aprendeu na forma de provérbios, e ainda sublinha seu uso de palavras apropriadas e a veracidade de tudo o que escreveu (12:10). Associando-se a outros sábios, diz: As palavras dos sábios são como aguilhões, e como pregos bem fixados as sentenças coligidas (12:11), estimulando os discípulos no caminho da obediência e dominando seu coração e mente com o poder da sabedoria acumulada. A menção do único Pastor— que deve ser compreendida em referência a Deus — indica que as palavras do Pregador são de origem divina. Daí a ordem: Filho meu, atenta: não há limites para fazer livros (12:12). O que se segue neste versículo parece ser semelhante ao que já foi dito pelo Pregador em 1:18. A mensagem do livro é, portanto, finalmente resumida: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é” (12:13). O que necessitava ser dito, foi dito, e o Pregador chegou à sua conclusão. E qual seria essa conclusão? Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem. Embora o temor do Senhor tenha sido mencionado várias vezes ao longo do livro, esta é a primeira menção aos mandamentos de Deus. Ouvimos que guardá-los “é o dever de todo homem”. A razão pela qual devemos guardá-los é que Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más (12:14). Tudo o que é feito “debaixo do céu”, quer em segredo quer publicamente, será examinado e recompensado ou punido. O Pregador nos mostrou as perplexidades e as frustrações de viver a vida com uma perspectiva puramente terrena. Tal vida só pode ser descrita como sem sentido, ou seja, “vaidade”. Aqueles que experimentam alegria com o trabalho de suas mãos são os que aceitam sua vida como uma dádiva de Deus. Mas cada um e todos nós, cada ação e todas elas serão julgadas por Deus quando ele envolver a vida terrena e introduzi-la na eternidade.

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