Eclesiastes 8 — Análise Bíblica
Análise Bíblica de Eclesiastes 8
Eclesiastes 8
As aparentes injustiças da providência de Deus serão, no devido tempo, compensadas pelo governo — tanto humano quanto divino (8:1-14; cf. tb. 5:8-14 e os comentários pertinentes). A reflexão do Pregador sobre sabedoria continua em 8:1, ajudando-o a fazer uma transição serena para o ponto seguinte. Após endossar a obediência aos governos humanos (8:2-4), ele afirma que estes abordarão os problemas no devido tempo: Quem guarda o mandamento [do rei] não experimenta nenhum mal; e o coração do sábio conhece o tempo e o modo. Porque para todo propósito há tempo e modo; porquanto é grande o mal que pesa sobre o homem (8:5-6; cf. 3:1-8). A despeito da miséria e da ignorância — proveniente do plano eterno de Deus ou do futuro — , a defesa eventualmente virá no seu “próprio tempo e modo” para aqueles que esperam pacientemente. O que tiver de vir, virá— inclusive a morte. Nenhum ser humano tem poder para impedir ou evitar o que virá (8:7-8). Pode-se até mesmo chegar a compreender que o governo humano, o qual nos versículos precedentes foi retratado como aquele que corrige injustiças, pode, por si mesmo, tomar-se repressor e injusto (8:9-10). Aquele que tem domínio sobre outro homem e os que frequentavam o lugar santo e recebiam louvor na cidade eram os mesmos que estavam em posição de liderança. Uma justiça demorada pode encorajar os perversos a continuar seguindo seus estilos rebeldes de vida (8:11). Isso é bem ilustrado pelo colapso geral de respeito à lei na África do Sul, sob o sistema de segregação. O Pregador, no entanto, afirma confiantemente: Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus (8:12). Do outro lado, aquele que não teme a Deus não irá bem. Embora num nível superficial possa parecer que o homem perverso vive por um longo tempo, na realidade, diz o Pregador, não prolongará os seus dias; será como a sombra (8:13). O sistema humano de justiça pode falhar (8:14), mas essas evidentes inversões da justiça serão algo do passado no porvir. Aqueles que temem a Deus esperam por sua intervenção ou pela manifestação do seu reino, quando as injustiças desta vida serão corrigidas. Novamente a seção conclui com a recomendação, àqueles que conhecem a dá diva de Deus e têm fé para recebê-la e apreciá-la, de que devem comer e beber e alegrar-se (8:15a). Essa alegria não é apenas um falatório momentâneo. À pessoa piedosa é prometida uma alegria que a acompanhará no seu trabalho nos dias da vida que Deus lhe dá debaixo do sol (8:15b).
8:16—12:8 Conselhos finais
A quarta divisão do livro não se lança necessariamente a novos territórios. Ao contrário, reúne ideias que vimos nas seções anteriores — e, em especial na seção imediatamente anterior, levando-as à sua conclusão lógica. O Pregador gasta a primeira parte dessa seção (8:16— 9:9) admoestando seus leitores de que a falta de um conhecimento abrangente do plano eterno de Deus não deveria impedi-los de apreciar suas dádivas. Portanto, em vez de postergar a ordem de “comer e beber” até suas considerações finais, como o fez nas três seções anteriores, ele as coloca logo no início (9:7-9). Todas as observações do sábio sobre sua experiência e suas observações quanto ao trabalho que há sobre a terra (8:16) o levam a afirmar: o homem não pode compreender a obra que se faz debaixo do sol; por mais que trabalhe o homem para descobrir, não a entenderá; e, ainda que diga o sábio que a virá a conhecer, nem por isso a poderá achar (8:17). A repetição do pronome “a” sem dúvida deve referir-se a toda a obra de Deus, mencionada no início do versículo. Apesar da jactância de alguns, estamos presos a uma ignorância invencível. Kaiser comenta: “A percepção, o entendimento e a razão humana, assim como a água, não podem subir mais alto que sua própria fonte ou nível. Assim sendo, na proporção em que Deus revela seu plano aos crentes, e somente nessa proporção, eles serão capazes de apreender aquele tanto do plano de Deus [...] apenas Deus conhece plenamente”.
Índice: Eclesiastes 1 Eclesiastes 2 Eclesiastes 3 Eclesiastes 4 Eclesiastes 5 Eclesiastes 6 e 7 Eclesiastes 8 Eclesiastes 9 Eclesiastes 10 Eclesiastes 11 Eclesiastes 12