Eclesiastes 5 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Eclesiastes 5







Eclesiastes 5

Os primeiros sete versículos do capítulo 5 são muito diferentes daqueles que os precedem e daqueles que os seguem, os quais focalizam a falta de sentido. Alguns comentaristas consideram esses sete versículos uma advertência contra a negligência aos deveres religiosos, em resposta ao tipo de situação que o Pregador vem descrevendo. Outros os veem como contrastando a solidão e a amizade humanas mencionadas em 4:7-12 com o incomparável companheirismo de Deus. Qualquer que seja o caso, o Pregador está ensinando a seus leitores algo mais a respeito da vida considerada aceitável e agradável a Deus. Ele já demonstrou que é Deus quem dá a todos a capacidade de desfrutar dos frutos de seu árduo trabalho (3:13). Mas como devemos aproximar-nos de Deus? A resposta é: “com cuidado”. Aqueles que desejam estabelecer um relacionamento pessoal com Deus são avisados do seguinte: Guarda o pé, quando entrares na Casa de Deus; chegar-se para ouvir é melhor do que oferecer sacrifícios de tolos, pois não sabem que fazem mal. Não te precipites com tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus (5:l-2a). Aqui o Pregador nos faz lembrar os padrões de linguagem característicos do sábio e do tolo que são apresentados no livro de Provérbios. Os tolos são rápidos para falar e têm muito para dizer, ao passo que os sábios pensam a respeito do que devem dizer e sobre quando e como dizê-lo às pessoas — quanto mais a Deus. Aí está a propriedade da advertência de que Deus está nos céus, e tu, na terra; portanto, sejam poucas as tuas palavras (5:2b). Assim como os sonhos perturbam nosso sono quando temos muitas preocupações, também o balbucio de muitas palavras indica que somos tolos (5:3). As admoestações de chegar-se para ouvir e sejam poucas as tuas palavras deveriam ser especialmente lembradas quando a Deus fizeres algum voto (5:4-7). Precisamos tomar claro o que queremos dizer e praticar o que dizemos ou, então, manter nossa boca fechada. O fato é que devemos pensar antes de falar — tanto ao fazer um voto quanto em qualquer outra circunstância. Um provérbio da língua luganda, em Uganda, condensa esta sábia verdade: “Aquele que fala, pensa; mas aquele que mantém silêncio, pensa mais”. O Pregador relembra a seus leitores que a injustiça não deveria vir de surpresa. Há uma hierarquia de autoridades junto às quais se deve procurar reparação (5:8-9; cf. tb. 3:16-17; 4:1-3). Muito acima de todos os sistemas humanos de justiça, está o tribunal de Deus — nosso definitivo e eficiente tribunal de apelação (cf. 3:17). Trabalho e acumulação de riqueza não podem satisfazer as necessidades mais profundas da humanidade (5:10-17). A vida dos ricos que não estão ligados a Deus é resumida para nós nessa passagem (cf. Mt 16:26). Primeiro, sua riqueza é usufruída por outros (5:11; cf. 2:26). Sua riqueza não lhes permite dormir (5:12). Embora a causa da falta de sono não seja especificada, uma das razões pode ser o medo de que as riquezas se perdem por qualquer má ventura (5:13-14). Mesmo que consigam conservar a riqueza, ela é deixada para trás quando morrem (5:15-16). E, finalmente, embora possam gastá-la consigo mesmos, o gasto é realizado nas trevas ...) com muito enfado, com enfermidades e indignação (5:17). Tais opções não invejáveis do rico iníquo são, em si mesmas, a manifestação da operação da justiça de Deus aqui e agora, quando contrastadas pelo dom divino da alegria pelos trabalhos para aqueles que lhe agradam. O capítulo termina com a repetição da ordem de comer e beber (5:18). Afastando-se da vida amarga e miserável do rico, o Pregador apresenta outro modelo: “Existe outra vida, igualmente visível, real, observável [...] Ela é desfrutável em trabalho, não na sua ausência” (TOT). É claro que o Pregador não está condenando a riqueza em si mesma, pois ela também é uma dádiva de Deus (5:19). No entanto, o que é importante para uma vida de contentamento é a “aceitação do estilo de vida com o qual somos aquinhoados por Deus, uma consciência de toda riqueza como dádiva divina [...] o homem deve ter controle de sua atitude para com a riqueza, e não permitir que sua atitude para com a riqueza o controle” (TOT)

Índice: Eclesiastes 1 Eclesiastes 2 Eclesiastes 3 Eclesiastes 4 Eclesiastes 5 Eclesiastes 6 e 7 Eclesiastes 8 Eclesiastes 9 Eclesiastes 10 Eclesiastes 11 Eclesiastes 12