Eclesiastes 2 — Análise Bíblica
Análise Bíblica de Eclesiastes 2
Eclesiastes 2
Voltando-se para exemplos de sua própria experiência, o Pregador reporta: Disse comigo: vamos! Eu te provarei com a alegria (2:1a). Ele experimentou o vinho, grandes projetos, muitos servos, bois e ovelhas, riqueza (prata e ouro), cantores e um harém — de fato, tudo quanto desejaram os meus olhos (2:3-8,10a). Era o mais capacitado e favorecido para fazer tudo isso por si mesmo (2:9; cf. tb. ÍRs 3:10-14). Mas também isso era vaidade (2:1-2). Em suas próprias palavras: Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol (2:11). Em 2:12-23, Salomão mais uma vez reflete sobre a sabedoria e a tolice e avalia o resultado de tudo pelo qual trabalhou (cf. 1:12-18). Ele lamenta o fato de que a mesma sorte espera tanto os sábios quanto os tolos (2:12-16). Não apenas as coisas que o Pregador adquirira são insatisfatórias em si mesmas, mas ele só as pode possuir por um breve período de tempo, antes que desapareçam ou que sua vida terrena termine. E a pessoa que as herda pode não ser digna de assumir tudo aquilo pelo qual ele trabalhou (2:17-21). Muitos provérbios africanos também enfatizam que a morte é o destino de todos os seres humanos, sejam eles sábios ou tolos, ricos ou pobres. Nesse sentido, encontramos ditados como: “A morte não reconhece um chefe” ou “A morte não tem amigos”. A morte vem para todos igualmente e não dispensa nenhum favor. Essa verdade é ilustrada pela morte, no exílio em Marrocos, do ex-presidente Mobutu, da República Democrática do Congo (antigo Zaire), que, em certa ocasião, foi citado como a quarta pessoa mais rica do mundo. O escritor do livro de Eclesiastes continua: Pelo que aborreci a vida, pois me foi penosa a obra que se fez debaixo do sol; sim, tudo é vaidade e correr atrás do vento (2:17). O autor fecha o círculo fazendo a mesma pergunta com a qual iniciou: Pois que tem o homem de todo o seu trabalho e da fadiga do seu coração, em que ele anda trabalhando debaixo do sol? (2:22). A resposta já foi dada, mas, para o caso de que seus leitores não a tenham entendido, ele reitera: Também isto é vaidade (2:23). A seção termina com a primeira recomendação positiva do livro (2:24-26), embora ela pudesse ter sido suspeitada em 2:10b. Esse refrão, insistindo em que a pessoa coma e beba e aprecie o trabalho feito, recorre ao longo de todo o livro (3:12-13,22; 5:18-20; 8:15; 9:7-9; 11:8,9a). A declaração final afirma que a vida é feita para ser apreciada, é um dom de Deus, e as dádivas de sabedoria, conhecimento e prazer são para aquele que agrada a Deus (2:26a). Embora possamos produzir e acumular as coisas que esperamos nos tragam felicidade, a capacidade de realmente apreciá-las não está em nosso poder; essa capacidade vem de Deus. Aqui o Pregador apresenta uma alternativa para o quadro desalentador que vinha pintando. Nem tudo o que está acontecendo “debaixo do sol” é tão sem sentido; Deus é visto como aquele que está operando: Mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus (2:26b). O contraste, nesse caso, se faz entre os resultados de dois estilos de vida diferentes: o “do pecador” e o “daquele que agrada a Deus”. A falta de sentido da vida “debaixo do sol” é o quinhão do pecador, que não tem nenhuma compreensão da vida além da morte. Para tal pessoa, tudo é vaidade e correr atrás do vento (2:26c). Essa afirmação final deve relacionar-se ao que foi dito sobre o pecador, e não à declaração conclusiva em sua totalidade.
Índice: Eclesiastes 1 Eclesiastes 2 Eclesiastes 3 Eclesiastes 4 Eclesiastes 5 Eclesiastes 6 e 7 Eclesiastes 8 Eclesiastes 9 Eclesiastes 10 Eclesiastes 11 Eclesiastes 12