Mateus 1 — Comentário Evangélico

Comentário Evangélico






Mateus 1

I. A providência fiel de Deus (1:1 -17)
A providência é o controle que Deus exerce sobre as circunstâncias a fim de que sua vontade prevaleça e que seus propósitos se cumpram. Pense nos ataques de Satanás contra Israel e em como ele tentou evitar a vinda de Cristo! Por causa da desobediência de Abraão, Sara quase se perdeu, e a semente prometida quase não se con­cretizou (Gn 12:10-20). Outra vez, todas as sementes reais foram mortas, com exceção do pequeno Joás (2 Rs 11). Essa genealogia não é uma lista maçante de nomes. Ela é um registro da fidelidade de Deus em preservar os filhos de Abraão como o canal para a vinda de Cristo ao mundo.

Mateus apresenta a genealogia de José, o pai de Jesus aos olhos da lei. Lucas dá a genealogia de Maria. Maria e José eram descendentes de Davi.

Você vê a graça de Deus nessa lista de nomes. Observe as quatro mulheres mencionadas: Tamar (v. 3; veja Gn 38); Raabe (v. 5; veja Js 2, Hb 11:31); Rute (veja o relato de Rute); e Bate-Seba (v. 6; veja 2Sm 12). Ma­ria também é citada. Essas mulheres ilustram a graça de Deus. Tamar era culpada de adultério, contudo Deus permitiu que ela fizesse parte da li­nhagem de Cristo. Raabe era pros­tituta e estrangeira. Ela foi salva por sua fé. Rute era moabita e, de acor­do com Deuteronômio 23:3-6, ela não fazia parte da nação de Israel. Bate-Seba foi parceira no horrível pecado de Davi, todavia o Senhor perdoou-a e permitiu que ela fosse ancestral de Cristo por intermédio de Salomão. “Onde abundou o pe­cado, superabundou a graça” (Rm 5:20).

Claro que essa genealogia não está completa. Vários nomes foram deixados de fora. Os judeus adota­vam essa prática de deixar nomes sem importância de fora com a fi­nalidade de tornar mais fácil para a criança a memorização da gene­alogia. Três conjuntos de 14 nomes são fáceis de guardar. Em 1:8, Aca- zias, Joás e Amazias foram omiti­dos, provavelmente por causa do relacionamento deles com Atalia, a perversa filha de Acabe. Hoje, ne­nhum judeu tem sua genealogia le­gítima. Em 70 d.C., todos os regis­tros se perderam quando o templo foi destruído. Jesus Cristo é o único judeu vivo que pode provar seu di­reito ao trono de Davi.

II. O cumprimento da promessa de Deus (1:18-25)
Entre os judeus, o contrato de ca­samento (noivado) era uma união equivalente ao casamento. Natu­ralmente, José presumiu que Maria fora infiel a ele quando descobriu seu estado. Observe a prudência dele: “Enquanto ponderava nestas coisas” (v. 20). Como é importante ser “longânimo” e pensar com cui­dado a respeito dos assuntos (veja Pv 21:5).

De acordo com Deuteronômio 22:23-24, Maria poderia ter sido apedrejada. As indicações são de que os judeus não obedeciam a essa lei, mas, antes, permitiam que a parte inocente se divorcias­se do cônjuge infiel. José precisou de muita fé para crer na mensagem que Deus lhe enviou por sonho. Seu amor pelo Senhor e por Maria o predispôs a suportar reprovação por causa de Cristo. Imagine como os vi­zinhos devem ter falado! João 8:41 sugere que os judeus caluniavam o nascimento de Cristo, insinuando que ele era fruto de fornicação. Sa­tanás sempre atacou a veracidade do nascimento virginal, pois, quan­do faz isso, nega a pessoa e a obra de Cristo e a veracidade da Bíblia.

O nome de Jesus significa “Sal­vador”, a versão grega do nome hebraico Josué. No Antigo Testa­mento, temos dois homens, bastan­te conhecidos, cujo nome é Josué: Josué, o soldado que levou Israel a Canaã (veja o relato de Josué), e o sumo sacerdote Josué citado em Zacarias 3. Cristo é o nosso Capitão da Salvação e leva-nos à vitória. Ele é nosso “grande sumo sacerdote”, que nos representa diante do trono do Senhor.

O nascimento de Cristo cum­pre a profecia de Isaías 7:14. Leia Isaías 7 com muita atenção. Rezim, rei da Síria, e Peca, rei de Israel, estavam prestes a atacar Acaz. O Senhor enviou Isaías para encora­jar Acaz (7:1-9) e enviar-lhe um si­nal. Acaz agiu com muita devoção e recusou o sinal. Por isso, Deus enviou o sinal para toda a casa de Davi, menos para Acaz (veja 7:13). O sinal era o nascimento de Ema­nuel (“Deus está conosco”), nasci­do de uma virgem. Na época, esse sinal não tinha nada que ver com Acaz. Em Isaías 8, o Senhor manda um sinal para Acaz, usando o filho de Isaías para fazer isso. (Nota: a palavra hebraica de Isaías 7:14 e a grega de Mateus 1:23 só podem sig­nificar virgem.)

Temos de admirar a obediên­cia imediata de José (v. 24). Ele foi cuidadoso em manter puro seu rela­cionamento com Maria. Na Bíblia, há apenas quatro formas de se obter um corpo: (1) sem homem ou mu­lher — como aconteceu com Adão, feito do pó da terra; (2) com um homem, mas sem mulher — como Eva, feita do lado de Adão; (3) com um homem e uma mulher — como nascem todos os seres humanos; ou (4) com uma mulher, mas sem um homem — como Jesus nasceu, com uma mãe terrena, mas sem pai biológico. Era importante que Jesus nascesse de uma virgem para que tivesse uma natureza humana sem pecado, concebida pelo Espírito Santo (veja Lc 1). Como ele poderia nascer de pai e mãe humanos, já que existia antes da criação do mundo? Cada novo bebê é um ser que nunca existiu antes. Os moder­nistas que negam o nascimento vir­ginal de Jesus negam sua divindade e sua deidade eternas. Ele é Deus ou um impostor.

O verbo favorito de Mateus é “cumprir” (v. 22). Ele o usa mais de uma dezena de vezes, nos mais va­riados tempos verbais, a fim de pro­var que Jesus cumpriu as profecias das Escrituras do Antigo Testamento.