Interpretação de Números 1

Números 1

Números 1 serve como uma introdução ao livro e prepara o cenário para os eventos que se desenrolarão no restante do livro. Aqui está uma interpretação de Números capítulo 1:

1. Censo dos Israelitas: O capítulo começa com Deus ordenando a Moisés que faça um censo de todos os homens das doze tribos de Israel que podem servir no exército. Este censo serve para organizar o povo e prepará-lo para sua jornada pelo deserto. É um passo prático para garantir que tenham uma força de combate capaz.

2. Líderes Tribais: Moisés, sob orientação de Deus, nomeia um líder de cada tribo para ajudar no censo. Estes líderes tribais desempenham um papel importante na estrutura de liderança dos israelitas. Isto demonstra a organização e ordem que Deus pretende para a comunidade.

3. Contando as Pessoas: O capítulo prossegue descrevendo como o censo é realizado. Cada líder é responsável por contar os homens de sua tribo que tenham vinte anos ou mais e estejam aptos para o serviço militar. O número total de homens contados é 603.550. Este é um número significativo e sublinha o tamanho e o poder potencial da comunidade israelita.

4. Tribo por tribo: O capítulo fornece uma análise dos números de cada tribo, enfatizando a contribuição e o papel únicos de cada tribo dentro da comunidade. Isto reforça a ideia de que cada tribo tem um lugar e um propósito específicos dentro da nação maior.

5. Levitas excluídos: Notavelmente, os levitas estão excluídos deste censo. Em vez disso, são dedicados ao serviço do Tabernáculo (um local de culto portátil) e não são contados entre os elegíveis para o serviço militar. Isto destaca o seu papel especial como sacerdotes e zeladores dos aspectos religiosos da vida israelita.

Números 1 é um capítulo fundamental que estabelece a organização e o tamanho da comunidade israelita enquanto se prepara para viajar pelo deserto. Enfatiza a importância de cada tribo e o papel dos líderes tribais. Além disso, sublinha a separação dos levitas para deveres religiosos, diferenciando-os do resto da população. Este capítulo prepara o cenário para os desafios e eventos que se seguirão no livro de Números à medida que os israelitas continuam a sua jornada em direção à Terra Prometida.

Interpretação

Primeira Parte. Israel no Deserto. 1:1–22:1.
Primeiro Recenseamento, no Deserto de Sinai. 1:1-4:49.


 O cenário é o Sinai, uns dez meses depois que Israel chegou ali (Êx. 19:1). Faltavam apenas dezenove dias para a nuvem se levantar de sobre o Tabernáculo e Israel começar a viagem para a Terra Prometida (Nm. 10:11). Considerando que o povo teria de enfrentar um deserto estéril e resistência inimiga rija, havia necessidade de um acampamento bem organizado.

Recenseamento dos Soldados de Israel. 1:1-54.
1:1. Falou o Senhor a Moisés. Esta fórmula foi usada mais de. oitenta vezes no Livro de Números. Se esta obra não fosse de Moisés, seria necessário aceitar que o escritor destas palavras foi um impostor. No segundo ano... segundo mês. Exatamente um mês depois que o Tabernáculo foi levantado (Êx. 40:1,17). Números 7:1 e 9:1, 15 referem-se ao primeiro dia do primeiro mês, antedatando este versículo inicial de um mês. Os sacerdotes e o Tabernáculo foram consagrados nesse mês (Êx. 40; Lv. 8); os príncipes trouxeram suas ofertas nesse mês (Núm. 7); e comemorou-se então a primeira Páscoa. (9: 1-14).

1:2. Levantai o censo de toda a congregação. O Tabernáculo, recém-terminado, tomou-se o centro do acampamento. O exército tinha de ser organizado e todo o acampamento arrumado e disposto como uma organização religioso-civil e militar; por isso a necessidade básica de um recenseamento. A palavra ro'sh, censo, comumente significando “cabeça”, foi traduzida para número em I Cr. 12:23. Do mesmo modo cabeça refere-se à contagem propriamente dita dos indivíduos ou cabeças (gulgelot, “crânio”).

1:3. Da idade de vinte anos para cima, todos os capazes de sair à guerra. Esta terminologia, usada quatro vezes através de todo o capítulo, torna claro que o recenseamento tinha propósito militar. Os levitas não militares tiveram um recenseamento separado (1:47-49; 3:14-51).

1:5. Estes... são os nomes dos homens. Tentativas de provar que a lista (vs. 5-15) “não é histórica” não têm o apoio dos dados concretos. O uso abundante do nome divino El (Eliabe, Pagiel, etc. ) não indica de modo nenhum uma autoria posterior (ICC, Numbers, págs. 6, 7), pois o nome é livremente usado em nomes pessoais nos textos ugaríticos de cerca de 1400 A.C. Também o composto Shaddeiy (como em Zurisadai, v. 6) aparece em um nome pessoal de uma estatueta dos fins do século quatorze (Wm. F. Albright, The Biblical Period, pág. 7).

1:18 Declararam a descendência deles. Para a mente semítica, conhecer a genealogia de alguém é mais importante do que saber a data do seu nascimento ou sua idade. Por isso temos as longas genealogias da Bíblia, que foram usadas, finalmente, para traçar a descendência do Messias através de Abraão, Judá e Davi, de acordo com as promessas de Deus.

1:19 Assim os contou. Este verbo peiqad tem um amplo significado. Aqui significa “passar em revista”, ou “fazer a chamada” e, neste sentido, “numerar”. As muito repetidas frases, as suas gerações, pelas suas famílias, segundo a casa de seus pós (v. 20) indicam o que nós queremos dizer quando falamos em “famílias” “afãs” e “tribos”.

1:46. Seiscentos e três mil quinhentos, e cinquenta. Este número se refere apenas ao exército, pois eram duas as condições governando a numeração – os homens incluídos deviam ter acima de vinte anos e deviam estar aptos para a guerra. Calculou-se que de dois a três milhões de pessoas – incluindo os levitas, pessoas idosas, crianças e mulheres – compunham o acampamento. Mestres incapazes de aceitarem o elemento sobrenatural na operação de Deus com o Seu antigo povo declaram que cinco mil soldados seria um número mais razoável de se esperar, e explicam este número como um recenseamento posterior colocado em lugar errado. Há quem diga que foi o recenseamento de Davi em II Sm. 24. Mas lá o número dos soldados só de Judá é de 500.000 (lI Sm. 24:9), enquanto aqui Judá tinha só 74.000. Em II Sm. 24 o termo para soldado é 'ish hayl, “homem de pujança”; em Números é kol yose' seibei', “todo aquele que sai com o exército”.

George E. Mendenhall, em um estudo desafiador (JBL, Março, 1958), considera o registro do recenseamento em Números como listas autênticas, mal-interpretadas pelas gerações subsequentes. Ele destaca que essas listas aparecem geralmente nas mais antigas civilizações. No mundo semítico, foram descobertas listas de recenseamento de Mari, Ugarit e Alalaque, variando em datas desde o Período Patriarcal até pouco tempo antes de Moisés. A palavra 'elep, geralmente significando mil, é considerada por Mendenhall como unidade tribal, provavelmente não militar e incluindo bem menos de mi homens. Por exemplo, quando o hebraico declara 46.500 homens para Rúben, poderia significar quarenta e seis unidades tribais, mas apenas quinhentos soldados. Assim, seriam 558 unidades tribais e 5.550 soldados.

A dificuldade neste ponto de vista é que Nm. 2:32 dá um total que dá a entender que 'elep significa “um mil”. Mas Mendenhall crê que os sacerdotes pós-exílicos que organizaram o livro de Números forçaram o significado da palavra para “mil”, não conhecendo o seu significado anterior. Mendenhall comenta corretamente, em conexão com Jz. 6:15, que Gideão considerava seus mil ('elep) como fracos (isto é, não uma força completa), uma característica de muitas unidades militares. Mas, então ele se vê forçado a considerar Êx. 18:25 como versículo espúrio, porque diz: “Escolheu Moisés homens capazes... e os constituiu... chefes de mil ('alapim), chefes de cem, chefes de cinquenta, e chefes de dez”. O autor crê que as provas indicam que o termo 'elep designava uma unidade militar (Nm. 1:16; 31:5, 14), mas finalmente passou também a significar uma unidade tribal de número indeterminado (1 Sm. 23:23; Mq. 5:2). Para que dois a três milhões de pessoas fossem sustentadas no deserto seria imprescindível que houvesse intervenção sobrenatural. O propósito do Livro de Números é contar-nos que isto foi o que aconteceu.

Índice: Números 1 Números 2 Números 3 Números 4 Números 5 Números 6 Números 7 Números 8 Números 9 Números 10 Números 11 Números 12 Números 13 Números 14 Números 15 Números 16 Números 17 Números 18 Números 19 Números 20 Números 21 Números 22 Números 23 Números 24 Números 25 Números 26 Números 27 Números 28 Números 29 Números 30 Números 31 Números 32 Números 33 Números 34 Números 35 Números 36