Interpretação de Números 11
Números 11
B. Taberá e Quibrote-Hataavá. 11:1-35.
Recusando-se a aprender a lição por meio
de uru castigo em Taberá, n povo de Israel permitiu que o populacho o matasse a
desejar desesperadamente a carne e os suculentos frutos e vegetais do Egito. A
ira do Senhor se acendeu contra eles novamente, e até Moisés entregou-se a um sentimento
de responsabilidade solitária por esses delinquentes espirituais. Moisés pediu
ao Senhor que o matasse imediatamente e não o deixasse mais sozinho sob o peso
da rebeldia de Israel. Então Deus escolheu setenta anciãos para ajudarem o
profeta a levar o fardo e lhes concedeu o espírito de profecia. Quando dois
anciãos, não dos setenta, foram encontrados exercendo o dom da profecia no
acampamento, Josué pediu a Moisés que os impedisse. Isto provocou a magnânima
resposta de Moisés: “Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta, que o Senhor
lhes desse o seu Espírito”. O desejo irreprimível de carne que Israel sentia
foi satisfeito quando Deus enviou bandos de codornizes. Aqueles que tinham com
desejo, comeram até se satisfazerem e logo depois uma praga irrompeu entre
eles.
1. Queixou-se o povo de sua sorte. Poderíamos traduzir assim: “E o povo se
tomou murmurador contra a má sorte, aos ouvidos do Senhor”. A ideia é que
Israel realmente não desfrutava de má sorte para que tivesse do que se queixar,
mas murmurou assim mesmo como aqueles que são amaldiçoados com verdadeiros
males. O fogo do Senhor ardeu entre eles. Ingratidão sem sentido diante de toda
a bondade divina tornou necessário um castigo, ainda que não severo, nas
extremidades do acampamento. Chamaram o lugar de Taberá, “fogueira”, cujo fogo
poderia ter sido um fenômeno natural, ainda que fosse “o fogo do Senhor”.
Enviado por Deus para o desempenho do Seu propósito.
2. O povo clamou a Moisés, e orando este
. . . o fogo se apagou (extinguiu-se). Em forma comprimida temos aqui a história do
povo de Deus através dos séculos vindouros (cons. Sl. 107). Israel deixou de
aprender a lição da obediência disposta, e por isso passou por castigos mais
severos conforme registrado neste e nos capítulos subsequentes.
4. O populacho. Uma ralé não especificada seguia Israel
desde o Egito (Êx. 12:38).
5. Que no Egito comíamos de graça. A inundação anual do Nilo tornava o Egito
parecido a um jardim para os beduínos que habitavam o deserto estéril. As
frutas e os vegetais mencionados continuam sendo conhecidos no Egito atual e
ainda são chamados pelos nomes semitas usados no texto.
6. Seca-se a nossa alma. Novamente a palavra usada para alma,
nepesh, é a sede dos apetites animais; não designa o espírito (veja coment. sobre
9:6) Foi traduzida para apetite em Ec. 6:7. O povo estivera por tanto
tempo com uma dieta leve que começou a ansiar (desejar ardentemente) por um
alimento que estimulasse suas glândulas salivares. Nenhuma coisa vemos senão
este maná. Este é um exagero comum às pessoas que se deixam levar pela
auto-piedade e pelos apetites animais.
7. E a sua aparência semelhante à de
bdélio. Os versículos 7-9 são
uma digressão sobre o próprio maná. Comparação cuidadosa desta descrição com a
de Êx. 16:31-36 mostra que a única diferença entre as duas narrativas refere-se
à cor e ao sabor. Estas diferenças, longe de apontarem para fontes diferentes,
mostram a espontaneidade e liberdade do autor, a qual um redator ocultada. A
vista e o paladar são tão subjetivos que o maná podia ser chamado de branco e
também de amarelado ou perolado (bdélio) e podia ter o sabor de mel para uns e
de azeite fresco para outros.
12. Como a ama. O profeta usa uma figura aqui que não
concorda bem com as ideias ocidentais sobre o papel de um grande líder
nacional. Moisés não está sendo nem humorístico nem sarcástico com o Senhor,
mas apenas O lembra de Sua soberania, pois Ele foi quem deu vida a essa nação e
lhe prometeu uma terra. Portanto, só o Senhor podia amamentar essa criança e
sustentá-la, como uma ama de leite carrega e alimenta uma criança que mama.
14. Eu sozinho não posso levar a todo
este povo. A
fragilidade humana de Moisés aparecem aqui e na linguagem do versículo 15. Suas
palavras estão carregadas de intensa emoção, pois ele se encontra em situação
angustiosa, sentindo que seria um ato de misericórdia se Deus lhe tirasse a
vida.
16. Ajunta-me setenta homens dos anciãos
de Israel. Estes
homens se tornaram os organizadores e secretários de Moisés, conforme indica a
palavra superintendentes (shoter; cons. shataru assírio, “escrever”).
Por isso a LXX traduz aqui para o conhecido termo “escribas” (grammateis).
Eles eram realmente “oficiais”, mas podiam ter contribuído para a organização e
preservação do registro sagrado. Devem ser distinguidos dos chefes dos milhares
e centenas, etc., de Êx. 18:21-27; Nm. 10:4.
17. Tirarei do Espírito que está sobre
ti. Por causa da depressão
emocional de Moisés, Deus reservou algum dom de profecia para dar a estes
anciãos.
18. Santificai-vos. Por quê? Porque Deus ia fazer uma obra
milagrosa (cons. Js. 3:5). O correlativo no Novo Testamento é a certeza que
Deus dá que Ele vai operar milagres nos corações. isto Ele faz, por exemplo,
através da Sua palavra (e através de cada meio de graça). Mas corações que não
estão preparados só podem zombar de tal promessa.
20. Porquanto rejeitastes ao Senhor, que
está no meio de vós. Esta foi a razão básica para o castigo de Israel. O povo se arrependeu
de ter deixado a escravidão pela liberdade com auto-renúncia. Isto mostra que
rejeitava a promessa de Deus e portanto o próprio Deus.
22. Matar-se-ão para eles rebanhos de
ovelha e de gado, que lhes bastem? “Por que um povo rico de gado deveria
chorar por carne?” (ICC, pág. 103). O problema de Moisés não consistia em crítica
que desse a entender que havia inconsistência na economia divina. Os rebanhos
que Israel possuía logo ficariam depauperados se fossem usados como alimento
diário. Sem dúvida havia certa consumição de carne (cons. porções dos
sacerdotes), mas só em ocasiões especiais (festivais), como continua sendo
entre os beduínos criadores de gado.
25. Profetizaram; mas depois nunca mais. Isto significa que eles profetizaram
apenas nesta ocasião e nunca mais, ou que eles profetizaram nesta ocasião
apenas uma vez e não prosseguiram? O primeiro ponto de vista não parece
provável à luz de 12:6. O último providencia a Moisés um grupo de inspirados
secretários que também o ajudaram a registrar e editar os escritos sagrados
(Pentateuco). Êxodo 4:16 tomado com 7:1 indica que uma parte da ideia hebraica
de profeta (neibi’) era de “alguém que fala em nome de outro”. Talvez os
anciãos tivessem uma experiência extática; neste caso, só porque receberam a
Palavra de Deus.
26. Repousou sobre eles o espírito,
porquanto estavam entre os inscritos. Não eram dois membros desobedientes do
grupo dos setenta que não acompanharam os demais, mas, antes, dois dos muitos
inscritos príncipes de milhares. Esse dom que receberam foi inteiramente
inesperado.
29. Tens tu ciúmes por mim? Moisés demonstrou o verdadeiro espírito
da liderança orientada por Deus. Ele não era um demagogo, mantendo sua posição
por meios indignos. Verdadeiramente desejoso que outros partilhassem desse dom
maravilhoso, ele se preocupava mais com o bem comum de Israel do que com a sua
própria posição
31. Soprou um vento. O ICC (págs. 117-119), tem um
interessantíssimo comentário muito construtivo sobre os versículos 31-34. Cerca
de dois côvados sobre a terra. A frase tem mais sentido quando aceitarmos o
'al (“sobre”) como “acima” da superfície da terra, indicando que as
codornizes estavam voando baixo.
32. E as estenderam para si ao redor do
arraial. Uma maneira antiga de
preservar a carne secando-a ao sol.
33. Estava ainda a carne entre os seus
dentes. A palavra hebraica não
significa “mastigar”; quer dizer “cortar” Traduz-se, antes de terminar as
provisões. (O mesmo verbo foi traduzido para pararam-se em Js. 3:16
e em outras passagens.) Isto não significa que o castigo caiu sobre o povo
antes que tivesse tempo de comer as codornizes, pois o Senhor predisse que
comeriam carne durante um mês (Nm. 11, 19, 20). A ideia é que antes de
terminarem de comer as codornizes, a praga irrompeu.
35. De Quibrote-Hataavá . . . para Hazerote. Estas paradas não podem ser identificadas. Tudo o que se pode dizer é
que Israel prosseguia na direção norte partindo do Sinai.
Índice: Números 1 Números 2 Números 3 Números 4 Números 5 Números 6 Números 7 Números 8 Números 9 Números 10 Números 11 Números 12 Números 13 Números 14 Números 15 Números 16 Números 17 Números 18 Números 19 Números 20 Números 21 Números 22 Números 23 Números 24 Números 25 Números 26 Números 27 Números 28 Números 29 Números 30 Números 31 Números 32 Números 33 Números 34 Números 35 Números 36
Índice: Números 1 Números 2 Números 3 Números 4 Números 5 Números 6 Números 7 Números 8 Números 9 Números 10 Números 11 Números 12 Números 13 Números 14 Números 15 Números 16 Números 17 Números 18 Números 19 Números 20 Números 21 Números 22 Números 23 Números 24 Números 25 Números 26 Números 27 Números 28 Números 29 Números 30 Números 31 Números 32 Números 33 Números 34 Números 35 Números 36