Interpretação de Números 9

Números 9

Números 9 fornece insights sobre a observância da Páscoa e o significado de seguir as instruções de Deus a respeito do Tabernáculo e da jornada pelo deserto. Aqui está uma interpretação de Números 9:

1. A Segunda Páscoa: O capítulo começa com uma descrição dos israelitas no deserto, um ano depois de deixarem o Egito. Eles são instruídos a observar a Páscoa, uma comemoração da sua libertação da escravidão no Egito. Esta segunda Páscoa permitiu que aqueles que eram ritualmente impuros ou incapazes de participar durante a Páscoa regular o fizessem mais tarde. Destaca a provisão de Deus para aqueles que podem ter perdido a observância inicial.

2. Obediência ao tempo de Deus: Os israelitas são lembrados da importância de obedecer ao tempo e às instruções de Deus. Eles não devem celebrar a Páscoa conforme sua própria conveniência, mas devem fazê-lo de acordo com o tempo prescrito por Deus. Isto sublinha a ideia de que a obediência e a adesão aos mandamentos de Deus são fundamentais para a jornada israelita.

3. A Nuvem da Presença de Deus: O capítulo enfatiza o papel da nuvem que cobria o Tabernáculo como um sinal visível da presença e orientação de Deus. Quando a nuvem se dissipou, foi um sinal para os israelitas levantarem acampamento e continuarem sua jornada. Quando a nuvem se instalou, indicou que eles deveriam permanecer naquele local. Esta nuvem serviu como um lembrete tangível da liderança e direção de Deus.

4. O Tabernáculo como Ponto Focal: O Tabernáculo é retratado como o ponto focal central do acampamento israelita. Representa a presença de Deus entre o povo e serve como local onde eles oferecem sacrifícios, buscam orientação e adoração. Os israelitas devem montar, desmontar e seguir os movimentos do Tabernáculo, reforçando o seu significado na sua jornada.

5. Orientação e Confiança: Os movimentos da nuvem exigiam que os israelitas confiassem na orientação e provisão de Deus. Eles tinham que estar preparados para levantar acampamento e se mover sempre que a nuvem se movesse, mesmo que não soubessem seu destino final. Esta confiança e dependência de Deus foram aspectos essenciais da sua experiência no deserto.

6. A fidelidade de Deus: O capítulo demonstra a fidelidade de Deus em liderar e proteger os israelitas. Ele fornece sinais e instruções claras, garantindo que eles tenham a orientação necessária para navegar pela natureza selvagem com sucesso. A nuvem e o fogo servem como lembretes constantes de Sua presença e cuidado.

Em resumo, Números capítulo 9 destaca a importância de obedecer às instruções de Deus, mesmo quando se trata da observância de rituais importantes como a Páscoa. Ressalta o significado do Tabernáculo como símbolo da presença e direção de Deus na jornada dos israelitas pelo deserto. O capítulo também enfatiza os temas da confiança, da obediência e da fidelidade de Deus como elementos centrais da experiência israelita.

Interpretação

I. Primeira Páscoa Comemorativa e Primeira Páscoa
Suplementar. 9:1-14.

A Páscoa original foi comemorada quando Israel saiu do Egito, no primeiro mês, no mês quando a cevada ('eibib) acabava de amadurecer. Agora o povo celebrava a primeira Páscoa (pesah) em comemoração a este acontecimento, começando com o décimo quarto dia do primeiro mês do segundo ano. O propósito desta seção não é falar da Páscoa, mas falar de uma provisão feita por aqueles que não foram capazes de comemorar a Páscoa. Por isso esta seção foi inserida aqui, pois a guarda desta Páscoa suplementar começou no décimo quarto dia do segundo mês, um mês e meio depois da data inicial do livro. Israelitas fiéis que tinha se isolado devido à contaminação por causa de um morto ou que estivessem de viagem durante a comemoração regular da Páscoa, pediram a Moisés que tivessem permissão de fazer esta oferta ao Senhor.

Moisés foi instruído pelo Senhor a que desse essa permissão com a condição de que todos os que fossem comemorar a Páscoa com atraso de um mês, tivessem motivos legítimos. Deus ainda advertiu severamente que qualquer uru que negligenciasse a guarda da Páscoa no devido tempo seria eliminado do meio do povo. No segundo dia desta segunda Páscoa a nuvem começou a levantar-se de cima do Tabernáculo e o povo começou a se preparar para a viagem (10:11).

9:1. No mês primeiro (Êx. 12:2; 13:4; Dt. 16:1). Este mês, o tempo em que a cevada ('eibib) acabava de amadurecer, era na primavera, tempo em que a Páscoa sempre foi comemorada. Depois do Exílio (587 A.C.) os israelitas gradualmente adotaram o calendário da Babilônia e o tem usado desde então Ro'sh Hasheina (o atual “Ano Novo” dos judeus) comemora-se no outono, segundo a contagem babilônica. Embora este fato histórico não seja conclusivo ajuda a refutar a teoria de que a maior parte do livro de Números foi escrito por sacerdotes pós-exílicos.

Os livros pós-exílicos da Bíblia, tais como Esdras, Neemias e Ester, mostram conhecimento do calendário babilônico. Antes desse período, os hebreus numeravam seus meses, e não lhes davam nomes, e também usavam termos relacionados com a agricultura como 'eibib, mas não terminologia cultual (cons. Gezer Calendar, BASOR 92; veja também comentário sobre Nm. 32).

9:2. A seu tempo. Esta é a mesma palavra que foi usada em relação ao Tabernáculo quando foi chamada de “tenda da congregação”, significando o lugar onde o povo se congregava segundo as instruções de Deus no devido tempo. Era à volta desta lei ritual do Tabernáculo que o povo de Israel vivia a sua vida religiosa. Quebrar estas leis dos tempos e lugares determinados era negar o Senhor e desacatar Sua mensagem revelada.

9:3. Ao crepúsculo. Literalmente, entre as duas tardes. Assim como o termo “dual” da palavra “esplendor” (seihar) se refere ao ponto alto do sol que nós chamamos de meio-dia, o termo dual da palavra “tarde” ('ereb) se refere àquela meia luz que chamamos de crepúsculo. Provérbios 7:9 equipara este período com o crepúsculo em contraste com o meio da noite.

9:6. O cadáver de um homem. Uma interessantíssima expressão hebraica, porque a palavra geralmente traduzida para “alma” pela E.R.A., tem desta vez o significado de “cadáver”. A palavra nepesh é mais frequentemente usado em conjunto com as funções animais do corpo, as paixões e os apetites, mais do que em referência à existência imaterial. Em Gênesis, os animais (2:19), tal como os homens (2:7), são chamados de nepesh haya, “criaturas viventes (seres, vidas)”. E em Dt. 12:23, 24 nepesh é o principio da vida que está no sangue (cons. também Pv. 12:10, Êx. 21:23). A palavra geralmente representa o “ego” ou a “pessoa” e geralmente está associada com o corpo. Isto é verdade quanto ao Sl. 16:10, onde a ressurreição – não a imortalidade espiritual – é o que está se considerando (cons. Atos 2: 27-31). À luz disto não é difícil compreender como nepesh 'eideim, “o ser humano”, veio a significar “cadáver”.

9:12. Não quebrarão osso algum. Entre as leis da Páscoa inclui-se este detalhe mais ou menos pequeno, que também foi ordenado em Êx. 14:46. A insignificância desta regra, que não está mencionada em nenhuma outra passagem do V.T., reforça o seu cumprimento como prova de que o Cristo do Calvário era verdadeiramente o Cordeiro Pascal de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo. 19:36).

9:13. Tal homem levará sobre si o seu pecado. Se ele trouxesse a oferta ao Senhor, aquele cordeiro levaria o seu pecado; mas se ele negligenciasse esta oferta, ele mesmo levaria o seu pecado. O que se tem em vista aqui é a expiação substitutiva, pois o substituto indicado por Deus devia levar o pecado do homem, se este homem quisesse permanecer como objeto do favor divino.

9:14. Se um estrangeiro... celebrar a páscoa. Sempre se faria provisão pelos convertidos (prosélitos), mas todos eles tinham primeiro de se tornarem israelitas por meio da ordenança da circuncisão (Êx. 12:48, 49).

A Nuvem sobre o Tabernáculo 9:15-23.
A presença da nuvem não era experiência nova para os israelitas (Êx. 13:21, 22). Agora que o Tabernáculo estava de pé, a nuvem tomou sua posição em cima dele. Através dos movimentos da nuvem o povo se lembrava de que devia partir novamente (Nm. 10:11, 12). (Os tradutores da LXX tropeçaram aqui na redundância e deixaram de fora algumas frases. O estilo repetitivo não é mero maneirismo literário, mas um meio de se enfatizar a importância da orientação divina. Para os israelitas o movimento da nuvem era o mandamento do Senhor. Por ela deviam viajar e por ela deviam acampar. Quer ela repousasse apenas uma noite, ou dois dias, um mês ou muito tempo, eles só deviam repousar ou caminhar com ela, em indiscutível obediência a Deus. Dentro de uru tempo muito curto, falharam nisso miseravelmente.

9:16. Assim era de continuo: a nuvem o cobria. Isto é o começo de uma narrativa de acontecimentos passados ou instrução (v. 17) sobre como os israelitas deviam agir no futuro? Considerando que em hebraico o tempo dos versos é geralmente obscuro, basta dizer que os verbos nesta passagem descrevem uma situação contínua.

9:20. Às vezes a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo. Segundo a interpretação acima, podemos traduzir este versículo assim: “E às vezes a nuvem ficava apenas alguns dias sobre o Tabernáculo; de acordo com a palavra do Senhor eles acampavam e então de acordo com a palavra do Senhor eles viajavam”.

9:22. Ou um ano. A E.R.C. geralmente traduz a palavra hebraica “dias” por “um ano”. Gênesis 24:55 mostra que esta palavra significa um certo número de dias, possivelmente dez; mas geralmente significa mais de um mês.

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