João 2 — Comentário Devocional

João 2

Título: “Encontros Transformadores com Cristo”

Introdução:
João capítulo 2 apresenta uma rica trama de eventos que oferecem lições profundas para a nossa jornada de fé. Começa com as bodas de Caná, onde Jesus realiza o seu primeiro milagre, e continua com a dramática purificação do templo em Jerusalém. Estes episódios convidam-nos a explorar os encontros transformadores que podemos ter com Cristo nas nossas próprias vidas.

Seção 1: Da Água ao Vinho – Um Sinal de Abundância
Na primeira parte de João 2, testemunhamos Jesus transformando água em vinho numa festa de casamento em Caná. Este milagre nos lembra da abundante provisão de Cristo em nossas vidas. Assim como Jesus transformou a água comum no melhor vinho, ele pode transformar os momentos comuns das nossas vidas em algo extraordinário. Ensina-nos que a fé e a obediência, simbolizadas pelas ações dos servos, são essenciais para vivenciarmos as bênçãos e os milagres que Cristo oferece.

Seção 2: Purificação do Templo – Zelo pela Santidade de Deus
A segunda parte deste capítulo retrata Jesus purificando o templo em Jerusalém. Aqui vemos a sua justa indignação contra práticas que contaminam o espaço sagrado de Deus. Este evento sublinha a importância de manter a pureza e a santidade dos nossos corações e vidas. Devemos nos perguntar se existem áreas em nossas vidas que precisam de limpeza e renovação. As ações de Jesus no templo nos lembram que Deus nos chama para sermos um povo santo, separado para Seus propósitos.

Seção 3: Conhecer e Ser Conhecido
Nos versículos finais, aprendemos que muitos acreditaram em Jesus por causa dos sinais que ele realizou. Contudo, Jesus não se confiou a eles porque conhecia os seus corações. Esta passagem nos ensina que a fé não consiste apenas em testemunhar milagres, mas em ter um encontro genuíno e transformador com Cristo. Jesus nos conhece intimamente, e nossa fé deve estar enraizada em um relacionamento profundo e pessoal com Ele. Desafia-nos a examinar a autenticidade da nossa fé e a nossa vontade de entregar completamente os nossos corações a Ele.

João capítulo 2 nos convida a refletir sobre nossos próprios encontros com Cristo. Estamos buscando-O por Seu poder transformador e bênçãos abundantes, ou estamos apenas procurando sinais e maravilhas? Estamos permitindo que Cristo limpe e purifique nossos corações e vidas, tornando-os santos para Sua habitação? Lembremo-nos de que a verdadeira fé não consiste apenas em testemunhar milagres, mas em conhecer e ser conhecido por Aquele que pode nos transformar de dentro para fora. Ao caminharmos com fé, procuremos e abracemos estes encontros transformadores com Cristo, pois neles encontramos a vida abundante que Ele promete.

Devocional

2.1, 2 Jesus estava em uma missão para salvar o mundo, a maior incumbência na História da humanidade. Ele ainda teve tempo para ir a uma festa de casamento e tomar parte nas festividades. Podemos ser desafiados a pensar que, em nosso trabalho tão importante, não temos tempo para as reuniões sociais. Mas tal vez estas sejam parte de nossa missão. Jesus valorizava estas ocasiões porque nelas havia pessoas, e Ele veio para estar com o povo. Nossa missão pode muitas vezes ser cumprida em alegres momentos de celebração com os outros. Você pode trazer equilíbrio à sua vida. permitindo que Jesus esteja presente nos momentos de lazer, bem como nos de trabalho.

2.1-3 Na época de Jesus, os casamentos eram festas que duravam uma semana inteira. Os banquetes eram preparados para muitos convidados, e a semana poderia ser gasta celebrando a nova vida matrimonial do casal. Muitas vezes a cidade toda era convidada, todos podiam comparecer; era considera do um insulto recusar o convite para um casamento. Para acomodar muitas pessoas, era necessário um cuidadoso planejamento. Acabar o vinho era algo mais do que embaraçoso; um fato como este representava uma grave falta em relação às regras da hospitalidade. Jesus estava prestes a suprir uma necessidade altamente emergencial.

2.4 Maria poderia estar pedindo a Jesus que fizesse um milagre ou que ajudasse a resolver o grande problema. A tradição diz que José, esposo de Maria, já havia morrido, assim, provavelmente ela costumava pedir ajuda ao filho em certas situações. É difícil entender a resposta de Jesus a Maria. É bastante provável que ela, como serva do Senhor, lembrando-se sempre da maneira e das circunstâncias divinas do nascimento de Jesus, estivesse à espera de mais um milagre. Apesar de Maria não entender o que Jesus faria, confiou que Ele traria a melhor solução. Aqueles que creem em Jesus e deparam-se com situações que não podem compreender, devem continuar a confiar que Ele fará muito mais e agirá de uma mane ira muito melhor do que se espera.

2.5 Maria se submeteu à maneira de agir de Jesus. Ela reconheceu que Ele era mais do que um filho, não era apenas humano, pois era o Filho de Deus. Quando levamos os nossos problemas a Cristo, podemos supor que sabemos como Ele cuidará de cada um deles. Mas Ele pode ter um plano completamente diferente. Como Maria, devemos sujeitar-nos ao Senhor e consentir que Ele trate os nossos problemas conforme a sua vontade.

2.6 As seis talhas de pedra eram normalmente usadas para a purificação cerimonial. Quando cheias, podiam conter de 74 a 11 I litros. De acordo com a lei cerimonial judaica, as pessoas se tomavam simbolicamente impuras ao tocarem objetos comuns. Assim, antes de comer, os judeus deveriam entornar água sobre as mãos para purificar-se de qualquer má influência associada ao que haviam tocado.

2.10 Normalmente, as pessoas buscam contentamento e sentido para a vida em lugares, pessoas e coisas, mas não em Deus. Por alguma razão, pensam que Ele é insensível e inerte. Mas, as sim como o vinho feito por Jesus era o melhor, a vida de acordo com a vontade de Deus é superior àquela segundo a nossa vontade. Por que esperar até que tudo se acabe antes de experimentar a vida com Deus? Por que guardar o melhor no final?

2.11 Quando os discípulos viram o milagre de Jesus, creram. O milagre demonstrou-lhes o poder de Cristo sobre a natureza e revelou o caráter de seu ministério: ajudar os outros, falando com autoridade e tendo contato pessoal com o povo.

2.11 Os milagres não são apenas acontecimentos sobrenaturais, são demonstrações do poder de Deus. Quase todos os milagres de Jesus renovaram a criação decaída; Ele restaurou a visão, fez o coxo andar e até restituiu a vida a mortos. Creia em Cristo não porque Ele é sobrenatural, mas porque é o Deus que continua a sua criação, mesmo naqueles que são pobres, fracos, paralíticos, órfãos, cegos, surdos, ou que tenham alguma outra necessidade urgente de restauração.

2.12 Cafarnaum se tornou o lar de Jesus durante o seu ministério na Galileia. Localizada em uma das principais rotas comerciais, era uma importante cidade daquela região, abrigando uma guarnição romana e um posto alfandegário. Em Cafarnaum, Mateus foi chamado por Jesus para ser um discípulo (Mt 9.9). A cidade também foi o lar de vários outros discípulos (Mt 4.13-19) e de um importante oficial do governo (4.46). Tinha ao meros uma sinagoga. Apesar de Jesus ter feito de Cafarnaum sua base ministerial na Galileia, Ele condenou a cidade por sua incredulidade (Mt 11.23; Lc 10.15).

2.13 A celebração da Páscoa acontecia anualmente no Templo em Jerusalém. Todo varão judeu deveria fazer uma peregrinação até Jerusalém nesta ocasião (Dt 16.16). Esta era uma festa que durava uma semana — a Festa da Páscoa durava um dia, e a Festa dos Pães Asmos continuava pelo resto da semana. Durante toda a semana se comemorava a libertação dos judeus da escravidão do Egito (Èx 12.1-3).

Jerusalém era a capital religiosa e política da Palestina; o lugar onde se esperava que o Messias chegasse. O Templo ficava nessa cidade, e muitas famílias judaicas de todo o mundo viajavam para ali por ocasião de importantes festividades. O Templo estava localizado em uma área imponente, um mirante da cidade. Salomão tinha construído o primeiro Templo neste mesmo lugar aproximadamente mil anos antes desta data (em 959 a.C.), mas foi destruído pelos babilônios (2 Rs 25). Um segundo Templo foi reconstruído em 515 a.C. e, mais tarde, Herodes, o Grande. o ampliou e remodelou.

2.14 O Templo ficava sempre repleto de pessoas durante a Pás coa, recebendo milhares de visitantes que moravam em outras cidades. Os líderes religiosos tumultuaram ainda mais o ambiente ao permitir que cambistas e comerciantes montassem barracas no átrio dos gentios. Usaram as vendas para atender as conveniências dos adoradores e como uma maneira de angariar fundos para a manutenção do Templo. Mas os líderes religiosos não pareciam preocupar se pelo fato de o átrio dos gentios tornar-se tão repleto de comerciantes, a ponto de os estrangeiros encontrarem dificuldades para adoração, que era o principal objetivo da visita ao Templo. Não é de admirar que Jesus tenha se irado!

O imposto do Templo deveria ser pago em moeda local, assim os estrangeiros tinham que trocar seu dinheiro. Mas os cambistas muitas vezes cobravam taxas de câmbio exorbitantes. Também era exigido que o povo fizesse sacrifícios pelos pecados. Por causa das longas viagens, muitos não podiam transportar seus animais até Jerusalém, para o sacrifício; e quando o faziam, os animais eram rejeitados por suas imperfeições. Por esta razão, os comerciantes de animais tinham um negócio próspero no pátio do Templo. O preço cobrado na área do Templo era muito maior do que em qualquer outro lugar. Jesus se irou por causa da desonestidade e das práticas gananciosas dos cambistas e comerciantes; repugnou a presença deles no pátio do Templo, pois era um desrespeito ã Casa de Deus, um local de adoração.

2.14ss João registrou essa primeira purificação do Templo. Mas uma segunda ocorreu no fim do ministério de Jesus, aproximadamente três anos mais tarde, conforme está registrado em Mateus 21.12-17; Marcos 11.12-19 e Lucas 19.45-48.

2.14-16 O Templo de Deus estava sendo usado de maneira errada pelo povo, que o transformou em um local de comércio. Os judeus se esqueceram ou não se preocuparam com o fato de que a Casa de Deus é um lugar de adoração, não de comércio e lucro. Igualmente, nossa atitude para com a igreja estará errada se a enxergarmos como um local de contatos pessoais ou uma instituição que nos traga alguma vantagem em nossos negócios, tenha certeza de que você vai à igreja para adorar a Deus!

2.15-16 Jesus obviamente se sentiu irado com os comerciantes que se aproveitavam daqueles que iam à Casa de Deus para adoração. Há uma diferença entre a ira descontrolada e a justa indignação, no entanto, ambas foram chamadas de ira. Devemos ser muito cautelosos com a forte emoção da ira. É certo irar-se com a injustiça e o pecado, porém é errado irar-se por ofensas pessoais insignificantes.

Jesus fez um chicote e expulsou os cambistas. O seu exemplo nos permite usar a violência contra os malfeitores? Certa autoridade e garantida para alguns, mas não para todos. Por exemplo, a autoridade para usar armas e refrear as pessoas é garantida aos policiais, mas não á população em geral. A autoridade para prender pessoas é garantida aos juízes, mas não aos cidadãos comuns. Jesus tinha a completa autoridade de Deus, algo que nós não temos. Embora queiramos viver como Cristo, nunca devemos tentar reivindicar ter sua completa autoridade, nas áreas em que esta não nos tem sido dada.

2.17 Jesus considerou os maus atos praticados no Templo como um insulto a Deus; por essa razão, não os tratou com indiferença, demonstrou uma ira justa contra o flagrante desrespeito a Deus.

2.19, 20 Os judeus compreenderam que Jesus se referia ao Templo do qual Ele havia expulsado os comerciantes e cambistas. Este era o Templo que Zorobabel havia construído cerca de quinhentos anos antes, mas Herodes, o Grande, havia começa do a reformá-lo, ampliando-o e fazendo o muito mais bonito. Quarenta e seis anos tinham se passado desde que a reforma havia começado (em 20 a.C.), e ainda não havia sido completa mente terminada. Por isso, eles ficaram surpresos, pois interpretaram literalmente as palavras de Jesus, pensaram que o majestoso edifício seria derrubado e reconstruído em três dias.

2.21, 22 Jesus não se referiu ao Templo oito de pedras, mas a seu corpo. Os ouvintes não perceberam que Ele era mais excelente do que o Templo (Mt 12.6). Suas palavras fariam sentido para seus discípulos depois da ressurreição. Cristo cumpriu esta profecia tão perfeitamente que esta se tornou a prova mais forte de sua deidade.

2.23-25 O Filho de Deus conhece tudo a respeito da natureza humana. Jesus estava bem consciente da verdade registrada em Jeremias 17.9: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá?” Jesus discerniu que a fé de alguns de seus seguidores era superficial. Nesta ocasião muitos entre o povo declaravam crer em Jesus, porém mais tarde gritariam “Crucifica-o!” É fácil crer nas situações emocionantes e quando todos à nossa volta creem da mesma maneira. Mas você deve manter sua fé firme mesmo quando seguir a Cristo não for algo tão popular!

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