Estudo sobre Apocalipse 9:14
Estudo sobre Apocalipse 9:14
Apocalipse 9:14
É somente depois dessa sintonia séria com as correlações espirituais que a ação progride. A voz do altar diz ao sexto anjo, o mesmo que tem a trombeta: Solta os quatro anjos que se encontram atados junto ao grande rio Eufrates.
No AT o “grande rio Eufrates” é expressão corrente para a fronteira originária do povo de Deus, e ao mesmo tempo para o rio por sobre o qual os inimigos de Deus costumavam realizar as invasões. Já no próprio AT a afirmação meramente geográfica é enriquecida. O Eufrates torna-se materialização de uma barreira, atrás da qual se represam tragédia e juízo, barrados por Deus ou liberados por ele com ira – uma imagem paralela aos demônios retidos no abismo (Ap 9.2).
Nesse contexto os exegetas têm dificuldade de se desprender do ponto cardeal do Leste. Falam dos ataques dos partos na Antiguidade, das invasões sarracenas do século vii, das hordas de mongóis e hunos ou do perigo dos turcos na Idade Média, ou do “perigo amarelo” chinês. O “Oriente” é tido como reservatório da barbárie, que se lança em ondas contra a cultura ocidental.
Em primeiro lugar, esta visão não se encaixa sob o aspecto exegético. Os vitimados pelo sexto flagelo não perfazem uma parte da humanidade, porém são repetidamente nomeados como “humanidade” (v. 15,18,20 [blh, nvi]), como conceito global, com expansão para o Norte, Sul, Leste e Oeste (observe-se o número de quatro anjos como em Ap 7.1!). Além disso, o chavão “Ocidente cristão – Oriente ateu” causa acentuado mal-estar. Afastamo-nos radicalmente dessa “geografia sagrada”. Com certeza o Ap não a conhece. De acordo com ele o povo de Deus foi comprado dentre todos os povos, tribos, línguas e nações (Ap 5.9; etc.) e da terra inteira (Ap 14.3). É por isso que ele não pode mais ser situado nos tempos do AT como outrora.
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Apocalipse 9:14