Estudo sobre Apocalipse 9:21
Estudo sobre Apocalipse 9:21
Apocalipse 9:21
O versículo seguinte repete: nem ainda se arrependeram. Porém, não refere-se em seguida aos descaminhos religiosos, como o v. 20, mas à condenabilidade social. Ambas as coisas estão interligadas. “Dá-me a oportunidade de ver teu comportamento em relação ao próximo, e te direi quem adoras!” Ou: “diz-me quem ou o que temes e amas acima de todas as coisas, e eu te direi as decorrências éticas no teu cotidiano!” Toda a Bíblia está convicta dessa correlação (p. ex., Jr 7.9; Rm 1.18).
O próprio número quatro depõe contra a ideia de que os quatro pecados isolados seguintes teriam sido tomados aleatoriamente. Por meio dele visa-se fornecer um quadro abrangente. Por isso também não nos deteremos nos delitos individualmente, porém tentaremos reconhecer em cada um a atitude básica.
Não se arrependeram dos seus assassínios. O próprio helenismo entendia-se e apresentava-se como programa para trazer a felicidade humana. João não aceita isso, desvelando repetidamente seu submundo assassino (Ap 2.13; 6.4,9). Em segundo lugar aparecem os feitiçarias (“sortilégios”). Dificilmente ele tinha em mente práticas primitivas de feitiçaria. De acordo com Ap 18.23, João pensa em toda uma intelectualidade, com toda as suas realizações e requintes. Na Bíblia a feitiçaria significa poder de seduzir, uma mistura geral de veneno, que inebria diante da realidade de Deus, não permitindo que se formem a sobriedade e a objetividade necessárias para a fé. Um conceito igualmente abrangente é designado pela terceira palavra: prostituição, a saber, infidelidade espiritual e moral. O tempo final oferece o panorama de uma única paisagem de traição. Todos traem a todos e tudo, e ninguém se sente comprometido com nada além do seu próprio interesse.
No âmbito desse versículo também a quarta parte deve ser entendida como uma atitude básica do ser humano, maduro para o juízo: furtos. Roubar constitui o oposto radical da atividade de amor. O ladrão Judas “não se preocupava com os pobres” (Jo 12.6). Essa contraposição também ocorre em Ef 4.28. O ladrão perfaz a quintessência do ser humano descaradamente egoísta, e todo aquele que visa tirar da comunhão mais do que contribui para ela, é um “ladrão”.
Ódio às pessoas, mescla de venenos intelectuais, infidelidade e exploração do ser humano pelo ser humano – este é o semblante de uma sociedade, contra a qual se dirigem a ira do Cordeiro e todos os flagelos de Deus. Seu motivo mais profundo e sempre presente, no entanto, é essa tentativa de contornar o arrependimento. Em lugar de voltar-se para Deus acontecem iniciativas cada vez mais precipitadas de afastar-se dele. Essa é uma época em que a pregação de penitência se torna notoriamente difícil, notoriamente rara e – notoriamente urgente!
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Apocalipse 9:21