Salmo 126 — Análise Bíblica

Salmo 126: Restauração da sorte de Jerusalém

O salmo 126 faz parte do grupo de salmos 120 a 134 conhecidos como cânticos de romagem. Esses salmos eram entoados por peregrinos ao se aproximarem de Jerusalém e celebrarem as festas dentro da cidade. No salmo anterior, eles foram lembrados de que Deus é tão confiável quanto o monte sólido sobre o qual Jerusalém havia sido edificada e de que as tristezas da cidade não durariam para sempre. Agora, ouvimos um cântico jubiloso que celebra o livramento da cidade.

126:1-4 Cântico de ação de graças
A NVI traduz o início do salmo 126 por: “Quando o Senhor trouxe os cativos de volta a Sião”, sugerindo que o salmista escreve acerca do regresso de Israel do exílio na Babilônia. É bem provável, contudo, que a referência seja mais ampla. ARA deixa mais claro o significado original: Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião (126:1a). Jerusalém havia passado por muitas dificuldades, de modo que não precisamos restringir a restauração a um único acontecimento. Tamanha era a importância de Jerusalém para o pensamento judeu que, nas lamentações em momentos de aflição, até se dizia: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita” (137:5). Neemias inquiriu com grande ansiedade acerca das condições de Jerusalém e ficou arrasado quando soube de seu estado (Ne 1:1-4). Estava ciente de que, quando as coisas iam bem na cidade santa, o povo e a terra também estavam bem. Qualquer que tenha sido a calamidade que sobreveio a Jerusalém, o povo pode ter começado a imaginar que sua aflição não teria fim. Quando Deus mudou a situação repentinamente, eles ficaram atônitos. Pensaram estar sonhando (126:16). Parecia bom demais para ser verdade! Jó deve ter sentido algo semelhante quando o Senhor lhe restaurou a sorte (Jó 42:10). Nesse caso, porém, o Senhor não livrou da opressão apenas um indivíduo, mas uma nação inteira. Os israelitas não foram os únicos a se surpreender com essa reviravolta. Até as nações gentias comentaram: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles (126:2). Os israelitas concordam: Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós e acrescentam: Por isso, estamos alegres (126:3)! Os incrédulos notam quando Deus faz algo extraordinário por seu povo. Os cristãos também devem reconhecer os grandes feitos do Senhor. Uma das maneiras pelas quais podemos expressar nossa alegria é o cântico. Os israelitas cantavam, esse salmo, e nós podemos entoar hinos como “A Deus seja a glória”. O tempo jubiloso de restauração que esse salmo recorda ficou no passado, daí o povo pedir a Deus que continue a agir em favor deles e os restaure novamente (126:4; cf. tb. Hc 3:2). Eles desejam que a bênção ou sorte de Jerusalém seja como as torrentes do Neguebe. O Neguebe fica na região sul de Israel, onde a terra é extremamente árida e os rios são sazonais. Quando vêm as chuvas, porém, os rios transbordam, as plantas florescem e a terra se cobre de verde. As plantações voltam a produzir alimentos para o povo. O salmista observou esse ciclo na natureza e vê algo semelhante acontecer na vida de Israel. Pede que Deus volte a derramar suas bênçãos sobre a nação.

126:5-6 Promessa de fartura
A oração de 126:4 é seguida de uma promessa de bênção, pronunciada por um profeta ou sacerdote ou pelo próprio salmista. O locutor reconhece que não é fácil cultivar a terra. Os agricultores precisam limpar o terreno, arar o solo, semear, remover as ervas daninhas e cuidar das plantações. Não é uma ocupação para os preguiçosos! Na verdade, o trabalho é tanto que se pode até dizer que os agricultores com lágrimas semeiam (126:5). Quando a colheita é boa, porém, eles esquecem o sofrimento e celebram com júbilo (126:6). Em 126:5, a promessa é aplicada ao povo em geral (“os que”), mas em 126:6 o pronome “quem” deixa claro que a mesma verdade se aplica a indivíduos. Podemos dizer ainda que vale tanto para o antigo Israel quanto para a igreja. Como indivíduos e igrejas, muitas vezes nos parece árduo o trabalho de educar os filhos nos caminhos do Senhor, procurar ensinar a palavra de Deus, pastorear congregações e alcançar os perdidos. Podemos derramar lágrimas de frustração e exaustão. O Senhor prometeu, contudo, que colheremos os frutos de nosso trabalho e nos regozijaremos (Is 55:10-13; Mt 13:8; Jo 12:24; 2Co 9:6-8; Gl 6:7-9). Enquanto trabalhamos, somos encorajados pelas lembranças das grandes coisas que Deus fez no passado, certos de que ele pode realizá-las novamente

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