Salmo 128 — Análise Bíblica

Salmo 128: As bênçãos de uma vida piedosa

O salmo 128 também é um cântico de romagem (Sl 120— 134). Como o salmo 127, fala das bênçãos de Deus sobre a família, porém em outro contexto. O salmo 127 se refere aos filhos como flechas que defendem seus pais de inimigos, enquanto o salmo 128 mostra a família desfrutando prosperidade numa nação pacífica.

128:1-2 Bênçãos individuais
Como no salmo 1, a primeira palavra aqui é Bem-aventurado (128:1a), expressão que significa “feliz”. Ao ler o salmo, vemos que essa felicidade não exige superabundância de bens materiais, posição social elevada ou sucesso espetacular. Nem quer dizer que não teremos de trabalhar (128:2). Antes, a felicidade que vem de Deus consiste na capacidade de desfrutar tranquilamente daquilo pelo que trabalhamos: o pão nosso de cada dia e nossa família. Infelizmente, nem todos desfrutam essa bem-aventurança. Deus a concede àquele que teme ao Senhor, ou seja, àquele que o honra como Criador e Senhor. Este faz isso não apenas com palavras, mas também em suas atividades diárias, pois anda nos seus caminhos, isto é, em obediência às suas leis (128:16). Sua atitude é semelhante à do autor do salmo 119, que ama a lei de Deus e pede repetidamente para ter maior entendimento a fim de ser mais obediente a ela.

128:3-4 Bênçãos familiares
Deus abençoa não apenas nosso trabalho (128:2), mas também nossa vida em família. Israel era uma sociedade rural, de modo que o salmista usa com frequência imagens agrícolas para descrever prosperidade (cf., p. ex., 52:8; 80:8-11). Neste salmo, a esposa é vista como a videira frutífera (128:3a): dá à luz filhos assim como a videira produz muitos cachos de uvas. A imagem traz à memória a bênção proferida às noivas do povo atyap na Nigéria: “Que seus filhos sejam tão numerosos a ponto de você não ter onde se assentar para comer”. Outra bênção proferida a ela é: “Da próxima vez que a virmos, que suas mãos estejam nas costas”, ou seja, que ela esteja carregando um bebê nas costas. A referência a filhos como sinal da bênção do Senhor não deve ser interpretada como indicação de que pessoas sem filhos são amaldiçoadas por Deus ou desobedientes a ele. Ter filhos é a forma normal como Deus abençoa um casamento, mas ele nem sempre segue o mesmo padrão. Uma esposa pode não ter filho e, ainda assim, ser produtiva no serviço a Deus ao gerar frutos do Espírito. Os filhos daqueles que temem ao Senhor são como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa (128:36). A imagem é de brotos novos que saem de uma árvore velha e prometem novas safras de olivas. Depois de fornecer ilustrações da bênção de Deus, em 128:4 o salmista retoma a asserção que fez em 128:1. Quem tem a própria vinha e oliveira desfruta paz e fartura. Provérbios antigos transmitiam a mesma ideia ao se referir a tempos de bênção como períodos em que cada um se assentaria debaixo de sua videira e sua figueira (IRs 4:25; Mq 4:4; Zc 3:10).

128:5-6 Bênçãos nacionais
O monte Sião era o lugar da casa do Senhor, o santuário onde a nação se reunia nas grandes festas anuais e recebia a bênção dos sacerdotes (Nm 6:24-26). Era considerado o centro do qual as bênçãos fluíam (128:5). Uma vez que Sião ficava em Jerusalém, a capital nacional, a prosperidade de Jerusalém estava estreitamente associada à prosperidade do templo e à facilidade de acesso a ele. Não surpreende, portanto, esse salmo incluir uma oração pela cidade. O salmista sabia que a prosperidade pessoal não pode ser separada da preocupação com a prosperidade dos outros, inclusive de nossos contemporâneos e das gerações porvir (128:6). Conclui, portanto, com a bênção: Paz sobre Israel! Devemos seguir seu exemplo ao orar por nossa família, país e continente. Que também possamos viver em paz e ver os filhos de [nossos] filhos andar nos caminhos do Senhor.

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