Salmo 121 — Análise Bíblica

Salmo 121: Àquele que nos guarda

Enquanto o poeta do salmo 120 estava profundamente angustiado, o autor do salmo 121 tem esperança. Os dois salmos são chamados de cântico de romagem. Esse salmo não tem nenhum outro título, mas podemos fornecer um com base num verbo que ocorre repetidamente em seus versículos: “guardar”, que a NVI traduz por “proteger”. Tal qual Spurgeon, portanto, podemos chamar esse cântico de “Salmo para o Protetor de Israel” ou “Salmo para Aquele que nos Guarda”. Não sabemos quem é o autor desse poema nem o modo ou ocasião em que era originariamente cantado. Como os outros cânticos de romagem, é possível que fosse entoado pelos peregrinos que subiam a Jerusalém a fim de celebrar as festas religiosas. Ou talvez fosse cantado por viajantes ao partir em jornadas perigosas, ou ainda como lembrança dos caminhos repletos de perigo que Israel trilhou quando saiu do Egito e da Babilônia. Hoje, usamos esse salmo em contextos semelhantes. Pais o recitam para filhas que estão prestes a se casar e para filhos que se encaminham a internatos e residências universitárias. Diz-se que David Livingstone se referiu a ele quando se despediu de seu pai ao partir para a África. Como mostra seu uso contínuo, essas palavras oferecem grande segurança e conforto, pois lembram que Deus nos guarda a todo tempo e em todo lugar. Como Josué (Js 1:5a) e os discípulos de Jesus (Mt 28:20), também precisamos dessa segurança.

121:1-6 Deus é nosso protetor
O salmista começa dizendo: Elevo os olhos para os montes (121:1a). A que montes ele se refere? Para alguns, são os montes sobre os quais Jerusalém havia sido edificada. 0 fato de esse cântico ser associado à subida a Jerusalém corrobora essa interpretação. Para outros, porém, trata-se de todos os montes e montanhas de Israel, os quais serviam de defesa natural para o povo. Para outros, ainda, temos uma referência aos caminhos solitários que os peregrinos percorriam entre montes e vales rumo a Jerusalém. Pequenos grupos de peregrinos vigiavam os montes de onde um bando de assaltantes armados poderia surgir repentinamente, um perigo que ainda existia no tempo de Jesus (Lc 10:30). Ao olhar para os montes, o salmista pensa em sua segurança: De onde me virá o socorro? (121:1). Logo em seguida, ele mesmo responde: O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra (121:2). Os montes podem parecer imponentes, mas são muito menores que seu Criador, como também o são as montanhas, os mares, os rios e o universo todo. Ainda que os montes sejam altos e os caminhos da vida sejam perigosos e difíceis, Deus não permitirá que os teus pés vacilem (121:3). Nem sempre prestamos atenção aonde estamos indo, mas os olhos do Senhor nos vigiam o tempo todo. Ele não dormita, nem dorme (121:4; IPe 3:12). Deuses da natureza e da fertilidade como Baal, Marduque, Quemos e Dagom dormiam até chegar a estação certa para suas atividades (1Rs 18:27). Seus adoradores por vezes precisavam realizar determinados rituais para despertá-los. Nosso Deus, porém, está vivo e alerta o tempo todo. Além de nos guiar ao longo do caminho, Deus também provê sombra (121:5-6). Na África, entendemos a importância de proteção do escaldante calor do sol. Deus nos protegerá ainda de todos os perigos, inclusive de forças mágicas supostamente associadas, em outros tempos, aos luminares, ao sol e à lua.

121:7-8 Deus nos guarda em todas as circunstâncias
Deus não apenas mantém seu povo seguro, mas também o protege das influências e operações do Maligno (121:7; Mt 6:13). Podemos confiar que o Senhor nos guardará a cada dia, em todas as nossas idas e vindas (121:8). Uma vez que ele sempre estará conosco, desde agora e para sempre, podemos confiar nele desde a juventude até a velhice e no porvir.

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