Salmo 122 — Análise Bíblica

Salmo 122: Jerusalém, a cidade amada

O salmo 122 é mais um cântico de romagem. O contexto do primeiro cântico, o salmo 120, é uma terra estrangeira. O salmo 121, por sua vez, era entoado enquanto os peregrinos caminhavam pelos montes. Agora, chegam finalmente às portas de Jerusalém e logo estarão na “Casa do Senhor”.

122:1-5 Alegria da chegada e laços de união 

o salmo começa com a declaração: Alegrei-me (122:1). Conforme o título informa, é Davi quem fala. Ele dirige o cântico, mas provavelmente não o entoa sozinho, pois a multidão de peregrinos se une a ele na celebração. E impressionante que, apesar de ser um grande rei, Davi transborda de alegria por ter sido convidado a participar do culto na Casa do Senhor. Ele é humilde o suficiente para adorar a Deus junto com o povo. Sua alegria talvez se deva ainda ao fato de outros estarem igualmente ansiosos para prestar culto ao Senhor. Os cristãos devem alegrar-se quando têm a oportunidade de louvar a Deus com seu povo. Podemos ouvir um pouco da alegria do salmista quando ele anuncia que enfim pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém! (122:2). Centenas de cristãos que visitam a terra santa como turistas ou peregrinos experimentam emoções parecidas. Muitos, inclusive eu, derramam lágrimas de alegria ao entrar na cidade. As cidades de hoje normalmente não têm portas, mas na Antiguidade eram um elemento importante de segurança. As cidades eram cercadas por muralhas, e havia guardas em todas as portas. À noite, as portas eram trancadas para impedir a entrada de inimigos, mas durante o dia o povo se reunia junto a elas para saber as notícias e consultar os respeitados anciãos da cidade (Pv 31:23). Processos civis e criminais muitas vezes eram julgados junto às portas (Rt 4:1-12; Js 20:4). Entrar pelas portas da cidade não significava, portanto, chegar às suas cercanias, mas entrar na cidade propriamente dita. Jerusalém era extremamente especial para todos os judeus. Orgulhavam-se de sua capital magnífica, pois havia poucas cidades naquela época (122:3). Amavam Jerusalém de forma particular, contudo, porque era o lugar para onde subiam as tribos [...] para renderem graças ao nome do Senhor (122:4a,c). Todas as tribos de Israel que, com frequência, competiam e entravam em conflito umas com as outras, se uniam quando cultuavam ao Senhor no lugar que ele havia escolhido para ser sua habitação (Dt 16:11; 2Sm 7:12-16). Jerusalém era, portanto, o centro da adoração. Era também o lugar onde os reis julgavam de seus tronos de justiça (122:5; 2Sm 8:15; ÍRs 3:28; Sl 72:1-4; Jr 21:11-12). A união de todas as tribos do Senhor (122:46) quando se encontravam em Jerusalém serve de exemplo para os cristãos. Podemos ser originários de muitas nações e grupos diferentes, mas como Corpo de Cristo precisamos sujeitar nossa identidade tribal à Igreja. Podemos ser muitas ondas, mas somente um mar; muitos ramos, mas somente uma árvore. A importância dessa união é reconhecida inclusive no âmbito político, como o governo nigeriano, que colocou uma placa enorme e bem visível no aeroporto de Abuja. A placa anuncia que o viajante está entrando em “Abuja: Centro de União”. Placa semelhante seria cabível em Jerusalém no tempo de Davi, e nossas igrejas também devem ser capazes de dizer que são centros de união.

122:6-9 Oração por paz em Jerusalém 

O principal motivo da peregrinação era dar graças ao Senhor, e não buscar união ou prosperidade. Era impossível, contudo, o salmista ver Jerusalém e tudo o que ela representava e não pedir por essa bênção sobre a cidade (122:6-7a). Na verdade, o nome de Jerusalém é um estímulo para orar desse modo, pois a terminação “Salém” é associada à palavra hebraica shalom, que significa paz, prosperidade e bem-estar. Como o termo árabe salaam, era uma saudação comum quando as pessoas se encontravam. O salmista também considera shalom uma saudação e uma oração apropriada para a cidade (122:86). Quando Jerusalém está em paz, aqueles que amam a cidade encontram segurança t prosperidade em [seus] palácios (122:76). Esses indivíduos são irmãos e amigos (122:8a). O salmista não pede paz e prosperidade apenas para si mesmo, mas também para os outros. Os cristãos devem orar pela paz da igreja com o mesmo afinco que o salmista pedia paz para Jerusalém. Ainda existe, contudo, a necessidade de orar fervorosamente por paz sobre a cidade santa. Nos dias de hoje, Jerusalém é honrada por judeus, cristãos e muçulmanos, mas permanece como um centro de conflitos de repercussão internacional.

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