Interpretação de Hebreus 1
Hebreus 1
Hebreus 1 dá o tom para toda a carta, apresentando a superioridade de Jesus Cristo sobre todos os seres criados e enfatizando Sua natureza divina. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 1:
1. A Revelação de Deus através de Seu Filho: O capítulo começa destacando que Deus falou à humanidade de várias maneiras ao longo da história, inclusive através de profetas. Contudo, nestes últimos dias, Deus nos falou por meio de Seu Filho, Jesus Cristo. Isto enfatiza a singularidade e a finalidade da revelação de Deus através de Jesus (Hebreus 1:1-2).
2. O Papel do Filho na Criação: O autor afirma que Jesus Cristo é o herdeiro de todas as coisas e que Deus fez o universo através dele. Esta declaração sublinha o papel divino de Jesus na criação, significando a Sua preeminência e autoridade (Hebreus 1:2).
3. O Esplendor da Glória de Deus: O autor descreve Jesus como o esplendor da glória de Deus e a representação exata de Sua natureza. Isto destaca o reflexo perfeito dos atributos e caráter de Deus em Jesus, afirmando Sua divindade (Hebreus 1:3a).
4. Sustentando Todas as Coisas: O texto afirma que Jesus sustenta todas as coisas pela palavra do Seu poder. Isto enfatiza não apenas o papel de Jesus na criação, mas também o Seu contínuo sustento e controle sobre o universo (Hebreus 1:3b).
5. Conclusão da Redenção: O autor menciona que Jesus, depois de fazer a purificação dos pecados, sentou-se à direita da Majestade nas alturas. Isto faz referência à obra expiatória de Jesus na cruz e à Sua exaltação à mais alta posição de autoridade e honra no reino celestial (Hebreus 1:3c).
6. Superioridade aos Anjos: O autor contrasta Jesus com os anjos, destacando que Ele é muito superior a eles. Ele cita passagens do Antigo Testamento para reforçar este ponto, enfatizando o status de Jesus como Filho de Deus e objeto de adoração dos anjos (Hebreus 1:4-14).
7. O Nome Superior do Filho: O capítulo termina afirmando a superioridade do nome de Jesus sobre os nomes dos anjos. Seu nome significa Sua autoridade, natureza divina e papel único no plano redentor de Deus (Hebreus 1:4-14).
Em Hebreus 1, o autor estabelece as bases para toda a carta, exaltando Jesus Cristo como a revelação final de Deus, o Criador e Sustentador do universo, a representação perfeita da natureza de Deus e aquele que completou a obra da salvação. O capítulo sublinha a superioridade de Jesus sobre todos os seres criados, especialmente os anjos, e convida os leitores a reconhecer e abraçar a Sua preeminência na sua fé. Serve como uma introdução poderosa à carta, preparando o terreno para uma exploração mais profunda do papel de Jesus como sumo sacerdote e mediador da Nova Aliança nos capítulos subsequentes.
Interpretação
I. Prólogo. 1:1-4.O escritor contraria o padrão das cartas geralmente identificadas como cartas do N.T., não fazendo nenhuma saudação nem sentenças introdutórias (veja Introd.). Ele avança imediatamente para o assunto, que é a pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo em relação ao sistema levítico e a velha aliança.
Cristo é Superior aos Profetas. 1:1, 2.
A pergunta implícita que está sendo respondida é: Quem foi o último e o mais autorizado porta-voz de Deus?
1:1. “Muitas vezes” (polymeros), ou passo a passo, fragmentariamente, e de muitas maneiras (polytropos), de muitos e variados modos, Deus (Jeová) falou no tempo do V.T, através dos profetas, muitos dos quais contaram em seus escritos por meio de qual método ele se comunicou com eles, Prophetais é uma palavra de significado amplo que inclui todos aqueles que Deus usou nos dias do V.T.
1:2. Nestes últimos dias. No fim destes dias é a tradução literal de uma expressão hebraica comum encontrada em Nm. 24:14, possuindo tonalidades messiânicas. Deus falou conosco através de Um que tem com Ele o relacionamento de um filho e completa autoridade como porta-voz. Neste relacionamento, Cristo é especial e assim está descrito aqui no sentido clássico, sob compromisso divino porque é um Filho. Ele é ambos, herdeiro e agente da criação. O universo. O grego aiones, “eternidade”, incluindo o mundo espacial. (cons. 11:3).
Cristo, “Imagem” de Deus. 1:3, 4.
1:3. Resplendor da glória ou esplendor. O resplendor que o mundo recebe do próprio caráter de Deus em Jesus Cristo. Ele é o ser essencial de Deus. Do mesmo modo expressão exata foi usado tal como em Mt. 22:20, onde se refere à imagem que havia sobre o dinheiro romano. Cristo é a estampa ou a impressão de Deus (karakter); a essência de Deus. Toda a força das duas primeiras cláusulas deste versículo destaca este único conceito.
Ele é também criador, tanto a “Palavra criadora” (CGT, pág. 31) quanto o Sustentador – Aquele que está sustentando todas as coisas. Criação e preservação são realizadas por Deus em Jesus Cristo, e pela palavra do seu poder. A palavra do Filho é o poder de preservar e sustentar, mas este poder criativo canaliza-se para um ministério maior de redenção. Ao fazer a purificação dos pecados, Cristo purificou a grande massa dos pecados acumulados do mundo e todas suas impurezas, as quais Deus vê. Em Cristo a penalidade do pecado foi completamente removida e a purificação foi fornecida. A ideia se encontra nas palavras do hino de Cowper:
Achei a fonte Carmesim,Tendo este poder e autoridade como Criador e como Aquele que assume o pecado, Cristo ocupa o lugar de autoridade à direita de Deus. Na qualidade de ambos, sumo sacerdote e substituto, Ele pode apresentar uma redenção consumada. Sua obra está completa, e Ele pode, portanto, assentar-se. Como Filho do homem Ele ocupa este lugar por ato de Deus Pai. Esse não é um lugar de repouso, mas de atividade para o divino mediador, sumo sacerdote e intercessor. Em cumprimento do SI. 110:1, Ele é o Senhor de todos.
Que meu Jesus abriu;
Na cruz morrendo ali por mim,
Minha alma redimiu.
1:4. O primeiro contraste que exibe a superioridade de Cristo foi assim introduzido. A ideia de contraste no pensamento de tão superior (kreiton, “superior”, “tornando-se superior”) foi usada treze vezes. Os anjos eram importantes na transmissão da mensagem divina aos homens. Desde a doação da Lei no Sinai até a assistência angélica concedida a Daniel e os últimos profetas, estes mensageiros de Deus serviram a Deus, mas como seus subordinados. Cristo é superior aos anjos em Sua pessoa, nome, função, poder e dignidade. Quanto ao Seu nome, só Ele pode salvar os perdidos (Atos 4:12), e é o nome acima de todo nome (Fp. 2:10). Através do Seu nome, Sua reputação ficou estabelecida, pois é um nome poderoso.
II. Os Argumentos Principais São Apresentados e Explicados. 1:5-10:18.
Cristo “Maior que”; O Argumento da Superioridade. 1:5-7:28.
O pensamento introduzido em 1:4 estende-se agora através de uma sede de sete citações do V.T. Destas, cinco provam a superioridade de Cristo.
Superior aos Anjos. 1:5-14.
1:5. O pensamento apresentado é um argumento que provém do silêncio e o ele (oculto) é Deus. Nunca Deus chamou algum anjo de Seu filho, mas somente a Cristo e com referência a Cristo, que Ele disse aquilo (veja Sl. 2:7; II Sm. 7:14). Em ambas as passagens o significado imediato recebeu um significado nobre e mais elevado, que transmite a estas passagens (e outras a seguir) um sentido tipológico. No Sl. 2:7 a celebração de um aniversário de nascimento (Hb. 1:5 e segs.) é aplicada a Cristo. E as palavras pronunciadas por Salomão em lI Sm. 7:14 são aplicadas a Jesus, o Filho, como sendo ainda mais verdadeiras quando se Lhe referem. Neste sentido a tipologia é correta; pois Cristo é o antítipo, um fato que é verdadeiro através de Hebreus, na interpretação tipológica do escritor.
1:6. Ambas as passagens, Dt. 32:43 (LXX) e Sl. 97:7 falam de anjos adorando Cristo, o Filho. E o salmista também fala de uma demonstração de glória (97:6), que corresponde ao resplendor de Hb. 1:3. 7. Dois conceitos são apresentados: 1) que os anjos são seres inferiores ou seres criados – Aquele que... faz; e 2) que os anjos são servos, tal como os ventos e o fogo. A ideia está assim re-enfatizada que os anjos adoram o Filho porque lhe são subordinados. Salmo 104:4 está assim apresentado como prova da subordinação angélica.
1:8, 9. Cristo é chamado de Deus e rei, ou soberano. Conforme prometido no pacto davídico, aqui está o grande Filho de Davi reinando, e o Seu governo é eterno. As qualidades de Sua realeza são justiça, equidade e ódio à iniquidade – qualidades que só podem caracterizar, uru reino justo. Nesta posição Cristo está em posição superior a todos, e particularmente aos anjos. Para esta posição exaltada e honrada Cristo foi mais ungido do que comissionado, e esta unção é a unção do Christus Victor – o vitorioso que reina eternamente.
1:10-12. Do Sl. 102:25-27. Fala de Cristo Filho, que na qualidade de Criador fez o mundo e que é Aquele que não muda no meio das coisas que vão mudar. Isto também retrata um agudo contraste entre Cristo e os anjos. Eles são matéria criada, e servem no mundo como mensageiros de Deus. Cristo é eterno, acima do mundo, sendo antes dele e depois dele. Este argumento foi extraído de um salmo da tradução da LXX não considerado messiânico pelos intérpretes rabínicos. Usado desta maneira pelo autor, ilustra melhor a superioridade de Cristo. E os teus anos jamais terão fim. Não terão fim nem serão interrompidos.
1:13. Em contraste com os anjos, que jamais receberam permissão de se assentarem à direita de Deus, Cristo está assentado lá agora e governa como rei, o Deus-homem, o Messias imutável e eterno. Vai ficar assim assentado até o Seu triunfo final, quando Seus inimigos serão transformados em estrado dos seus pés. Este conceito retrocede a Josué, que colocou o seu pé sobre o pescoço dos reis subjugados como sinal final de vitória. Assim a passagem transmite a esperança a todos os crentes de todos os tempos de que Cristo triunfará sobre a injustiça.
1:14. Os anjos servem, conforme está indicado pelo todos de sentido amplo; mas seu serviço é sagrado ou “litúrgico” (leitourgika), e fazem um serviço aos homens (diakonian). Os anjos são portanto espíritos ministradores que servem àqueles que hão de herdar a salvação, ou as pessoas piedosas. Este ministério dos anjos, está implícito que ainda continua. A palavra salvação (soterian) está reservada pelo autor para um desenvolvimento posterior.
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