Interpretação de Hebreus 2

Hebreus 2

Hebreus 2 continua o tema da superioridade de Jesus Cristo estabelecido no primeiro capítulo do livro, ao mesmo tempo que enfatiza a importância de prestar muita atenção à mensagem de salvação. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 2:

1. Advertência contra o desvio: O capítulo começa com uma advertência aos leitores contra o afastamento da mensagem de salvação que ouviram. O autor enfatiza a importância de prestar muita atenção ao que aprenderam, enfatizando a gravidade de negligenciar uma salvação tão grande (Hebreus 2:1-3).

2. Confirmação da Mensagem: O autor argumenta que a mensagem de salvação, inicialmente declarada pelo Senhor e posteriormente confirmada por aqueles que O ouviram, foi acompanhada de vários sinais, maravilhas e dons do Espírito Santo. Isto sublinha a credibilidade e autoridade da mensagem do evangelho (Hebreus 2:3-4).

3. O Lugar da Humanidade no Plano de Deus: O autor reflete sobre o papel da humanidade no plano de salvação de Deus. Eles perguntam: “O que é o homem, para que você se lembre dele, ou o filho do homem, para que você cuide dele?” (Hebreus 2:6). Esta questão destaca o privilégio e a responsabilidade da humanidade como criação de Deus.

4. A descida do Filho para a redenção: O capítulo prossegue explicando que Jesus, embora exaltado e coroado com glória e honra, assumiu temporariamente a natureza humana e tornou-se inferior aos anjos com o propósito de sofrer a morte. Este ato fazia parte do plano de Deus para trazer muitos filhos e filhas à glória e fazer de Jesus o pioneiro da sua salvação (Hebreus 2:9-10).

5. A identificação de Jesus com a humanidade: O autor enfatiza que Jesus não tem vergonha de chamar os crentes de Seus irmãos e irmãs. Ele cita o Antigo Testamento para mostrar como Jesus se identifica com a humanidade, referindo-se até mesmo a Deus como Seu Pai e aos crentes como Seus irmãos. Isto demonstra o relacionamento íntimo entre Jesus e aqueles que foram santificados (Hebreus 2:11-13).

6. Vitória sobre a Morte e o Diabo: O autor destaca que Jesus compartilhou a carne e o sangue da humanidade para destruir aquele que tem o poder da morte, ou seja, o diabo, e para libertar aqueles que foram mantidos em escravidão por toda a vida devido ao medo da morte. Através da Sua morte e ressurreição, Jesus liberta os crentes da escravidão do pecado e da morte (Hebreus 2:14-15).

7. O Sumo Sacerdote Compassivo: O capítulo termina apresentando Jesus como um sumo sacerdote compassivo e fiel, capaz de ajudar aqueles que são tentados. A Sua identificação com o sofrimento humano e a Sua vitória sobre o pecado e a morte fazem Dele o mediador perfeito entre Deus e a humanidade (Hebreus 2:17-18).

Em Hebreus 2, o autor reforça o significado do papel de Jesus no plano de salvação de Deus, enfatizando Sua disposição de se identificar com a humanidade e Sua vitória final sobre o pecado e a morte. O capítulo serve tanto como uma advertência contra a negligência da mensagem de salvação quanto como um incentivo para abraçar Jesus Cristo como o compassivo sumo sacerdote e Salvador. Destaca a profunda ligação entre Cristo e aqueles que Nele crêem, mostrando o Seu papel incomparável na obra redentora de Deus.

Interpretação

A Tão Grande Salvação e Uma Advertência Contra a Negligência. 2:1-4.
A premissa já foi declarada em referência à salvação (1:14). Esta salvação é por Cristo, o Filho exaltado e ungido. Por isso torna-se infinitamente mais importante dar atenção à revelação de Deus às verdades ouvidas (akousthesin) ou o Evangelho. É uma solene advertência, maior do que a de Dt. 4:9.

2:1. Por esta razão relaciona-se com o Filho e também com a salvação que Ele concede. Às verdades ouvidas. O Evangelho, que fornece um ponto fixo ao qual os crentes podem recorrer. Só aqui existe um lugar seguro. Nada deve ter a permissão de fazer que nos desviemos (pararyomen) desse ponto fixo de segurança. Nenhuma calamidade, influência, força ou circunstância deveria ser tolerada se enfraquece a nossa esperança de salvação. Um barco sem piloto lançado no meio de um rio desvia-se do seu ponto de atracamento sendo levado para a margem oposta pela correnteza que opera. Assim as correntezas da vida operam contra nós se não nos apegar (mos). Esta é uma advertência dirigida especificamente àqueles por causa de quem a epístola foi escrita, significando que a advertência foi necessária.

2:2. Se, pois, se... Argumentação no estilo rabínico, do menor para o maior; da concessão da Lei por intermédio dos anjos para uma concessão maior do Evangelho por intermédio de Cristo. A Lei foi vindicada por intermédio de severos juízos (Lv. 10:1-7; Nm. 16; Js. 7). Tinha as suas penalidades que eram fielmente cumpridas.

2:3. Se a mensagem da Lei foi tão zelosamente guardada, quanto mais estritamente deveria a mensagem do Evangelho ser guardada. Foi pronunciada pelo Senhor Jesus Cristo e foi confirmada por aqueles que O ouviram, os quais serviram de testemunhas de primeira mão. E assim esta mensagem do Evangelho se tornou firme. Sendo este o caso, como escaparemos nós se negligenciarmos esta salvação? A fuga é impossível porque a mensagem é de excelência transcendente e importância eterna. Uma mensagem maior implica em juízo maior.

2:4. O próprio Deus alia-se ao testemunho por meio de sinais (semeia), prodígios (terata) e milagres (poderes, dynameis). Estas são as evidências confirmantes que de modo nenhum não devem ser desconsideradas na avaliação do Evangelho. Estas evidências foram ainda mais ampliadas pela concessão de distribuições aos crentes por intermédio do Espírito Santo. Tais sinais, maravilhas, poderes e dons foram fielmente registrados nos quatro Evangelhos e no registro de Atos. Os dons são mencionados em Rm. 12; 13; I Co. 7:7; I Co. 12. Nem a mais ínfima parte do testemunho corroborante foi constituída pela união dos crentes de todas as bagagens raciais e nacionais. A implicação está transparente. Deus estava em Cristo e no Evangelho, e portanto esta mensagem de salvação devia ser levada a sério. Deixar de lhe dar atenção era incorrer na ameaça de juízo. O mesmo acontece hoje.

Cristo como o Homem Perfeito. 2:5-18.
Tendo proferido a advertência, o escritor volta ao seu argumento teológico. O assunto é a humanidade e humilhação de Cristo, centralizadas na frase “fizeste-o por um pouco, menor que anjos” (v. 7).

2:5. O mundo que há de vir (oikoumenen ten mellousan). A terra habitada do futuro; o mundo futuro para a geração que recebeu esta epístola e também futuro para nós. Este mundo não será sujeito aos anjos, mas a Cristo em sua totalidade e também aos redimidos. Prevalecerá uma condição inteiramente nova quando Cristo, com os santos, governará em uma harmonia até agora desconhecida.

2:6-9. Uma citação do Sl. 8: 5-7 introduzida pela frase indefinida alguém... em certo lugar. Esta citação é a prova da declaração referente ao “mundo futuro”. A citação estabelece a humanidade do Filho, que foi feito por um pouco, menor do que os anjos para que provasse a morte por todo homem. Agora Ele está sendo exaltado e coroado com glória e com honra porque em Sua humanidade Ele sofreu a humilhação da morte (Fp. 2:5-8). Agora está sendo exaltado porque sofreu. Está sendo agora coroado com glória porque temporariamente se sujeitou às limitações da humanidade.

2:10. Isto significava sofrimento e Ele sofreu. Através deste sofrimento Sua experiência humana se tomou completa. Ele provou o todo da vida humana, do nascimento à morte. Assim Cristo foi aperfeiçoado através do sofrimento e portanto Ele pode identificar-se com as necessidades de todos os homens. Tendo sofrido, Ele agora está inteiramente qualificado para servir como Autor (archegos, “líder”, 12:2) da salvação do homem.

2:11. Na qualidade de Filho de Deus enviado pelo Pai para a humanidade, Cristo não hesitou em identificar-se com os Seus. Nós somos Seus irmãos. Jesus Cristo, que santifica, e os crentes, que são santificados, são um só.

2:12, 13. Uma ilustração mais perfeita da unidade do Salvador e os salvos. Isto está apresentado em passagens pertinentes do V.T., tais como Sl. 22:22; Is. 8:17, 18. Elas “provam” que o Senhor Jesus Cristo e os cristãos são irmãos. Ele não se envergonha de files chamar irmãos (v. 11). Ambas as passagens citadas em Isaías são tipologicamente aplicadas.

2:14, 15. A derrota de Satanás e da morte testifica que a obra expiatória de Cristo foi eficaz. Mas não houve só derrota; também houve libertação. Embora o medo possa escravizar, e o medo de morrer há muito que persegue a humanidade, Cristo resolveu o problema com a Sua própria morte e ressurreição. Ele morreu como homem. Ele participou da carne e do sangue e assim morreu, mas pela Sua morte veio o livramento. Portanto, o poder de Satanás foi tornado inoperante (katargeo), e Cristo fez uma expiação pelo pecado inteiramente satisfatória diante de Deus (Is. 53:11). Que grande vitória é a dEle! E que grande vitória todos os crentes têm nEle! Satanás e a morte estão derrotados e o temor da morte desapareceu! O homem que é livre em Cristo é na realidade o mais livre de todos os homens.

2:16-18. Aqui está a primeira menção do assunto que ocupa o lugar central no argumento da epístola – o ministério de Cristo como sumo sacerdote. Nesse ofício a humanidade de Jesus está novamente à vista, mas aqui só se deu uma pista quanto ao significado completo de Cristo como sumo sacerdote. Por enquanto Ele ministra e socorre os homens tomando-os pela mão. Isto Ele pode fazer como o Irmão mais velho e como o capitão de sua salvação. Duas palavras indicam a qualidade auxiliadora da função do sumo sacerdócio. São misericordioso (eleemon) e fiel (pistos). Para com os homens Cristo é misericordioso e para com Deus Ele é fiel. Na verdade, a misericórdia e a verdade encontraram-se nEle. Sua fidelidade percebe-se em Sua firmeza na tentação, a qual foi parte do Seu sofrimento. Agora Ele é capaz de vir ajudar todos os que são tentados porque Ele passou pelos mesmos testes e emergiu vitorioso, e como Homem Ele conhece nossas necessidades. Propiciação pelos nossos pecados. Veja I Jo. 2:2; 4:10; Rm. 3:25; e CGT, pág. 55.

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