Interpretação de Hebreus 9

Hebreus 9

Hebreus 9 é um capítulo central do livro, investigando os detalhes dos rituais e sacrifícios da Antiga Aliança e contrastando-os com o sacrifício superior e o ministério de Jesus Cristo na Nova Aliança. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 9:

1. Descrição do Tabernáculo Terrestre: O capítulo começa descrevendo o tabernáculo terrestre, que era um elemento central da Antiga Aliança. Ele descreve os vários componentes do tabernáculo, incluindo o Lugar Santo e o Lugar Santíssimo (o Santo dos Santos). O autor enfatiza que o tabernáculo terrestre era uma mera cópia e sombra do verdadeiro tabernáculo celestial onde Jesus agora serve como sumo sacerdote (Hebreus 9:1-5).

2. O Ministério Sacerdotal: O autor explica os rituais e deveres do sumo sacerdote na Antiga Aliança, especialmente no Dia da Expiação. O sumo sacerdote entrava no Lugar Santíssimo uma vez por ano com o sangue de animais sacrificados para fazer expiação pelos pecados do povo. Este ato foi um ritual temporário e simbólico, demonstrando a necessidade de sacrifícios contínuos (Hebreus 9:6-10).

3. A Superioridade do Sacrifício de Cristo: O capítulo contrasta as limitações dos sacrifícios da Antiga Aliança com a eficácia do sacrifício de Cristo. Jesus, como sumo sacerdote da Nova Aliança, entrou no verdadeiro tabernáculo celestial com Seu próprio sangue, obtendo a redenção eterna. Seu sacrifício é superior porque purifica a consciência das obras mortas e oferece o perdão dos pecados de uma vez por todas (Hebreus 9:11-14).

4. A Necessidade do Sangue para o Perdão: O autor enfatiza o significado do sangue tanto na Antiga como na Nova Aliança. Na Antiga Aliança quase tudo era purificado com sangue, e sem derramamento de sangue não havia perdão dos pecados. A oferta de Cristo do Seu próprio sangue serviu como expiação final pelo pecado e redenção para a humanidade (Hebreus 9:22-23).

5. O Sacrifício Final de Cristo: O capítulo reitera que o sacrifício de Cristo foi oferecido uma vez por todas, em contraste com os repetidos sacrifícios da Antiga Aliança. Enfatiza que o Seu sacrifício é suficiente para limpar a consciência dos crentes e garantir a salvação eterna. O sacrifício de Cristo aboliu a necessidade de ofertas contínuas, tornando obsoleta a Antiga Aliança (Hebreus 9:24-28).

6. Antecipação da Segunda Vinda de Cristo: O capítulo termina com uma referência à segunda vinda de Cristo. Assim como as pessoas são designadas para morrer uma vez e depois enfrentar o julgamento, Cristo aparecerá uma segunda vez para trazer a salvação àqueles que O aguardam ansiosamente. Isto sublinha a esperança do crente e a finalidade da obra de salvação de Cristo (Hebreus 9:27-28).

Em Hebreus 9, o autor fornece uma comparação detalhada entre os rituais e sacrifícios da Antiga Aliança e o sacrifício e ministério superior de Jesus Cristo na Nova Aliança. O sacrifício de Cristo de uma vez por todas é retratado como o cumprimento dos rituais simbólicos da Antiga Aliança, oferecendo redenção eterna, perdão dos pecados e limpeza da consciência. O capítulo enfatiza a necessidade do sangue para o perdão e sublinha a finalidade da obra de salvação de Cristo, culminando no Seu retorno antecipado para aqueles que O aguardam ansiosamente.

Interpretação

9:1-28 A familiaridade com as funções do sacerdócio araônico conforme descrito na última metade de Êxodo e em Levítico ajuda grandemente a compreensão destes versículos. O serviço do sumo sacerdote no Tabernáculo foi descrito à moda de um sumário em relação às diversas peças do mobiliário e suas funções. Como no capítulo anterior, o propósito é novamente esclarecer o contraste entre o serviço superior de Cristo como sumo sacerdote no santuário celestial e o de Arão como sumo sacerdote na terra.

9:1-10 As velhas práticas são explicadas como ordenanças de um santuário terrestre. O escritor toma o cuidado de não deixar que seus leitores se enganem com a localização do serviço sacerdotal levítico. Ele cita os itens do mobiliário no Tabernáculo e os identifica posicionalmente por Santo Lugar, santuário, E.R.A., E.R.C. (hagia); e Santo dos Santos, (hagia, hagion). O primeiro era a primeira dependência no Tabernáculo terrestre, e o último era a segunda ou a dependência interior. Esta cuidadosa descrição é importante para uma compreensão das atividades dos sacerdotes levíticos e do sumo sacerdote em relação às duas dependências. O ministério dos sacerdotes era naturalmente mais importante do que o mobiliário, conforme indica a frase, dessas coisas, todavia, não falaremos agora pormenorizadamente, ou individualmente (v. 5).

Os sacerdotes levíticos ministravam diariamente no Lugar Santo, mas não atravessavam o véu que dava para o Santo dos Santos. Quando os sacerdotes ministravam diariamente no altar do incenso no Lugar Santo o povo recebia purificação cerimonial. Expiação ou perdão só se obtinha uma vez por ano, no Dia da Expiação (veja Lv. 16), quando o sumo sacerdote passava pelo véu e se aproximava do propiciatório carregando o sangue do sacrifício. Mas essas foram ordenanças da carne (Hb. 9:10), porque o Tabernáculo terreno, seu mobiliário e seu serviço, eram imperfeitos. O véu ficava entre as duas salas do santuário do Tabernáculo dando testemunho perpétuo de que o caminho direto a Deus ainda não estava aberto (veja 4:13-16). Este fato o Espírito Santo testemunhava (9:8). Havia também um limite de tempo específico sobre a duração do sacerdócio levítico e o Tabernáculo terrestre (v. 10). Tinha de haver um tempo oportuno de reforma.

9:11-14 Cristo inaugurou este tempo de correção entrando como sumo sacerdote no tabernáculo celestial, ou no maior e mais perfeito tabernáculo, apresentando o seu próprio sangue sobre o propiciatório celestial como expiação. Uma eterna redenção foi de uma vez para sempre matizada pelo sacrifício eterno do Filho de Deus. A repetição desse ato não é necessária nem possível. O contraste entre o sangue de bodes e bezerros anualmente oferecidos e os outros símbolos cerimoniais do sistema levítico e a morte expiatória de Cristo toma a ser explicado. De muito maior importância é o sangue de Cristo que pelo Espírito eterno Se ofereceu a Si mesmo (dia pneumatos aioniou). Pelo Espírito eterno provavelmente significa Seu eterno Espírito, e refere-se ao consentimento de Sua própria vontade em Se oferecer em relação a Sua posição na Divindade. Deste modo Seu sacrifício foi eterno e não temporal. A interpretação exata de Espírito eterno é difícil de determinar (cons. Davidson, Epistle to the Hebrews, pág. 178; CGT, pág. 119).

Esta obra redentora e expiatória de Cristo satisfaz ambos, as exigências legais sob a Lei e as exigências pessoais de uma consciência purificada. Fornece pureza interna como também livramento externo e eterno. Este era um argumento particularmente importante à luz da tentação de apostatar da parte de pelo menos alguns dos leitores desta epístola. Como pecadores libertados e purificados, eles, eram especialmente obrigados a prestar culto a Deus e não retornar às obras mortas do Judaísmo.

9:15-28 O caminho para o santuário celestial é mediante a morte expiatória. Este é o significado funcional de Mediador da nova aliança. Isto é verdade porque a morte interveio, a morte de Jesus Cristo sobre a cruz. Uma transação foi efetuada ali a qual satisfaz inteiramente todas as exigências redentoras, e isto resulta em perdão e eterna herança.

9:16 Esta nova aliança pode ser considerada como um testamento selado com a morte dAquele que o fez. Nos tempos do V.T. o sangue do sacrifício animal selava uma aliança entre os pactuantes. A morte de Cristo selou a nova aliança.

9:17 Acrescentou-se aqui um argumento para fortalecer o fato sob consideração. A ênfase foi posta sobre testamento (diathêkê; cons. Alf) selado pelo sangue e pelo derramamento de sangue. Este é o único caminho no qual uma aliança pode entrar em vigor. E esta é uma aliança melhor. Ao longo de todos esses versículos o ponto alto é que a morte é necessária.

9:18-22 O sangue dos sacrifícios animais era inseparavelmente ligado ao Tabernáculo terreno ou primeiro Tabernáculo. Depois que Deus deu as promessas e instruções a Moisés, então Moisés tomou o sangue dos sacrifícios e o aspergiu simbolicamente sobre tudo o que envolvia o primeiro testamento. Por isso passou a ser chamado o sangue da aliança. Por meio desse ato essas coisas terrenas foram purificadas e então mantidas puras e identificadas com Deus e Sua aliança com Israel. Isto foi necessário porque não há remissão sem o sangue do sacrifício. A verdade fundamental sobre a qual muitos tropeçam é a declaração do versículo 22 que sem derramamento de sangue não há remissão (cons. Êx. 24: 3-8).

9:23-28 Aqui a finalidade da obra expiatória de Cristo está mais detalhadamente explicada.

9:23 Novamente, sacrifícios... superiores é a chave. O céu está livre da mancha do pecado humano porque o sangue de Cristo foi derramado (cons. Moll em J.P. Lange's Commentary on the Holy Scriptures; ou Êx. 24:3-8).

9:24-26 Finalmente. Cristo está no Santo Lugar ou santuário celestial, aparecendo lá em nosso benefício (v. 24). Ele não entra e sai anualmente, pois o Seu sacrifício é completo (v. 25). Ele sofreu uma única vez; Seu sangue foi derramado uma só vez; e no Seu sofrimento e morte, o pecado foi derrotado de uma vez para sempre. Este acontecimento está identificado com a consumação dos séculos, (E.R.C.), ou ao se cumprirem os tempos (E.R.A.). Esta indicação de tempo e a quase imediata referência à Segunda Vinda (v. 28) sugere que o povo de Deus nas gerações imediatas a Cristo ligavam a morte do Senhor com a Sua volta como acontecimentos intimamente relacionados em importância, a não ser no tempo.

9:27, 28 Uma morte física precede julgamento. Cristo sofreu essa morte, e fazendo assim Ele morreu de uma vez por todas. Nisto tomou sobre Si – os pecados de muitos (v. 28). E Ele virá uma segunda vez não para assumir o pecado, mas para se encontrar com os pecadores cujos pecados foram lavados em Seu sangue expiador. Estes são os redimidos de Deus que o aguardam. Então os crentes experimentarão a salvação total e a verdadeira presença de Deus. Aqueles que conhecem a alegria da salvação deveriam também conhecer a esperança da vinda do Senhor:

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