Interpretação de Hebreus 4
Hebreus 4
Hebreus 4 continua o tema da fé e do descanso introduzido nos capítulos anteriores e explora a ideia de entrar no descanso de Deus através da fé em Jesus Cristo. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 4:
1. A promessa de entrar no descanso de Deus: O capítulo começa mencionando a promessa de entrar no descanso de Deus, que é um tema central em Hebreus. O autor enfatiza que a promessa ainda permanece e exorta os leitores a temerem não cumpri-la. A promessa de descanso estende-se além do descanso físico da Terra Prometida para um descanso espiritual em Cristo (Hebreus 4:1-2).
2. O Exemplo dos Israelitas: O autor faz referência aos Israelitas que não conseguiram entrar no descanso de Deus devido à sua incredulidade. Eles ouviram as boas novas, mas elas não os beneficiaram porque não as combinaram com a fé. O autor alerta os leitores para não repetirem o erro da incredulidade e da desobediência (Hebreus 4:2-6).
3. A Possibilidade de Entrar no Descanso de Deus: O capítulo assegura aos crentes que ainda há um descanso disponível para eles. O descanso a que se refere não é um descanso físico, mas um descanso espiritual em Cristo, onde os crentes cessam as suas próprias obras e confiam na obra consumada de Cristo para a salvação. O autor incentiva os leitores a se esforçarem para entrar nesse descanso pela fé (Hebreus 4:7-11).
4. A Palavra de Deus como Discernente: O autor destaca o poder da Palavra de Deus em discernir os pensamentos e intenções do coração. A Palavra de Deus expõe os motivos e atitudes interiores dos indivíduos, servindo como um espelho que reflete a condição da fé e do coração de alguém (Hebreus 4:12-13).
5. Acesso à Misericórdia e Graça de Deus: O capítulo conclui enfatizando que os crentes podem aproximar-se do trono de Deus com confiança, não na sua própria justiça, mas por causa da obra sumo sacerdotal de Jesus Cristo. Jesus, o grande sumo sacerdote, simpatiza com as fraquezas humanas e oferece misericórdia e graça em tempos de necessidade (Hebreus 4:14-16).
Em Hebreus 4, o autor continua a enfatizar a importância da fé e alerta contra os perigos da incredulidade, recorrendo ao exemplo dos israelitas no deserto. A promessa de entrar no descanso de Deus é finalmente cumprida em Cristo, e o capítulo convida os leitores a se esforçarem para entrar nesse descanso por meio da fé. Também sublinha o poder da Palavra de Deus para discernir o coração e a acessibilidade da misericórdia e graça de Deus através de Jesus Cristo, o simpático sumo sacerdote. O capítulo incentiva os crentes a confiar na obra consumada de Cristo e a se aproximarem do trono de Deus com confiança, encontrando nEle descanso para suas almas.
Interpretação
4:1-10 Não há nenhuma brecha entre os capítulos 3 e 4. O exemplo da experiência do deserto aplica-se imediatamente às vidas dos crentes. A atitude do coração dos leitores passa a ser discutida em relação ao “descanso da fé”, uma frase geralmente usada em relação a esta passagem das Escrituras. Duas opiniões básicas prevalecem quanto ao prometido descanso. A primeira coloca o descanso no futuro como sendo o descanso celestial, ou entrada no Reino de Deus (veja Gleason L. Archer, Jr., The Epistle to the Hebrews: A Study Manual, pág. 28, 29; Charles R. Erdman, The Epistle to the Hebrews, pág. 49, 50). A segunda opinião coloca mais ênfase sobre o descanso presente do que sobre o prometido descanso do futuro, embora este último não seja desprezado. Este “descanso da fé” é chamado de “plena submissão”, a qual é considerada como uma experiência singular (Erdman, Ibid.). Esta segunda posição enfatiza a. presente realidade do "descanso da fé" como um cessar das nossas obras, o que coloca o crente em um relacionamento mais íntimo com Cristo.4:1, 2 O prometido descanso continua à disposição. A promessa de Deus não foi esgotada pela geração do deserto. Só o fracasso em permanecer firme na fé limita a entrada neste descanso. Esta é a aplicação direta das advertências contra a incredulidade nas declarações anteriores. A nós foram anunciadas as boas-novas parece uma declaração difícil por causa das traduções variantes, mas não é difícil de entender. A fé do crente exercitada em relação à promessa de Deus garante o descanso. (Para uma discussão das traduções variantes de sugkekerasmenous te pistei tois akousasin, veja Alf e AxpGT sobre Hb. 4. 2b).
4:3, 4. Downer sugere um repouso duplo (Principles of Interpretation). Aqui o escritor discute o descanso espiritual para os crentes perseguidos e atormentados aos quais a carta foi dirigida. Esta é uma experiência pessoal presente – Nós, porém, que cremos, entramos no descanso (eiserchometha, “entramos no”). Esta é a palavra de encorajamento aos cristãos perturbados. A segunda, ou o descanso sabático, introduz-se então com a cláusula, E descansou Deus no sétimo dia, de todas as obras que fizera. Este é o sabbatismos do versículo 9, o descanso sabático.
4:5-10 Deus providenciou um descanso, e este descanso deve ser ocupado ou possuído. A incredulidade bloqueia a entrada no descanso de Deus enquanto a fé abre largamente a porta; e assim este descanso só está à disposição de verdadeiros cristãos. Josué não deu este descanso apenas a sua geração; portanto o descanso prometido continua à disposição. Portanto resta um repouso para o povo de Deus destinado para os crentes de hoje. É um repouso presente e também futuro que não depende de “obras”, mas da fé dos crentes.
4:11 Aqui está a “palavra de exortação” referente à entrada no repouso de Deus (veja 13:22) mediante a busca (lit. “procurar diligentemente”).
4:12, 13 A oferta do descanso foi reforçada pela referência à palavra de Deus, isto é, referência a Cristo como a Palavra viva e à revelação, ou a palavra escrita. Cinco afirmações foram feitas em relação à palavra de Deus (logos tou theou): (1) ela é viva; (2) ela é a palavra do poder, ou da energia criadora; (3) ela penetra, fazendo separação até entre os relacionamentos mais íntimos; (4) ela é o juiz dos pensamentos mais íntimos; e (5) ela é o agente pelo qual Deus trata diretamente com a criatura. Desse modo a palavra de Deus revela o homem todo, particularmente em relação às atitudes do coração, e sua fé, essa fé que o capacitará a entrar no repouso. A palavra de Deus examina, julga e adverte o cristão a que viva santamente e creia.
Agora, o tema que já foi sugerido em 2:17 e 3:1 torna a ser introduzido para uma discussão mais extensa. Aqui se faz a declaração preliminar referente a Cristo no seu santuário. O que vem a seguir será um contraste constante entre o santuário terrestre ou tabernáculo e o “verdadeiro” santuário celeste, e entre o sacerdócio araônico ou levítico e o sacerdócio eterno de Cristo “segundo a ordem de Melquisedeque”. A esta altura explica-se o lugar e o ministério de Cristo.
4:14-16 Ele está no santuário como nosso sumo sacerdote. Sua morte (inclusive o derramamento de sangue) e ressurreição garantiram-Lhe o direito desta posição. Ele penetrou os céus na presença de Deus. Ele está lá não apenas como o Filho de Deus, mas também como o Filho do homem. Em Sua humanidade perfeita Ele está familiarizado com as nossas necessidades, cuidados, tentações e problemas, porque ele foi tentado sem sucumbir à tentação. Ele sabe tudo sobre o pecado sem ter cometido pecado. Seu conhecimento final com o pecado veio quando Ele assumiu o nosso pecado no Calvário.
Agora, estando na presença de Deus, podemos nos aproximar de Deus com ousadia. O trono da graça, foi transformado de tribunal, em trono de misericórdia, porque o sangue de Jesus foi nele “aspergido”. O simbolismo foi extraído da arca da aliança no Tabernáculo e do Dia da Expiação (Lv. 16). Este simbolismo e a substituição da prática do V.T, passam a ser explicadas ponto por ponto na subsequente argumentação do escritor. Por um instante, o autor destaca a verdade do auxílio para o fraco, misericórdia para o desgraçado, e força (graça) a fim de sermos ajudados (E.R.C.), porque Cristo, nosso sumo sacerdote, que se encontra junto ao trono de Deus, supre todas as nossas necessidades. Esta ajuda contínua está à disposição imediata de cada cristão, sem formalidades, exceto “invocar o nome do Senhor". Talvez poucas passagens no N.T, sejam tão ricas como esta promessa de ajuda e conforto para os cristãos. Se devidamente compreendida, esta é uma das verdades mais sublimes na Escritura em relação a Cristo e aos crentes. Note-se aqui que tudo que se relaciona com Cristo como sumo sacerdote está mais detalhadamente explicado das passagens seguintes, até Hb. 10:18; a esta altura conclui-se a comparação com Moisés.
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