Interpretação de Hebreus 3

Hebreus 3

Hebreus 3 explora o tema da superioridade de Jesus, particularmente em contraste com Moisés, e enfatiza a importância da fidelidade e da perseverança na vida cristã. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 3:

1. Comparando Jesus a Moisés: O autor começa comparando Jesus a Moisés, uma figura significativa na história judaica. Embora Moisés tenha sido fiel em seu papel de servo na casa de Deus, Jesus é apresentado como o Filho da casa de Deus. Isto prepara o terreno para destacar a superioridade de Jesus sobre Moisés (Hebreus 3:1-6).

2. Advertência contra a descrença: O capítulo contém uma advertência baseada na história dos israelitas no deserto. Os israelitas, apesar de testemunharem os milagres e a provisão de Deus, rebelaram-se e endureceram os seus corações na incredulidade, levando à sua exclusão de entrar na terra prometida. O autor adverte os leitores a não seguirem o mesmo padrão de incredulidade e desobediência (Hebreus 3:7-11).

3. Exortação para encorajarmos uns aos outros: O autor incentiva os leitores a exortarem uns aos outros diariamente para evitar que o engano do pecado e da incredulidade se enraízem. Eles enfatizam a importância de manter uma fé firme e confiante até o fim. Este encorajamento e responsabilidade mútuos são vitais na comunidade cristã (Hebreus 3:12-14).

4. Partilha em Cristo: O capítulo destaca o conceito de partilha dos crentes em Cristo, desde que se apeguem firmemente à sua confiança inicial e à esperança que têm Nele. Isto sublinha a necessidade de perseverança na fé durante toda a jornada cristã (Hebreus 3:14).

5. Citando o Salmo 95: O autor cita o Salmo 95, uma referência histórica à desobediência e incredulidade dos israelitas no deserto. A passagem serve como um forte aviso aos leitores, lembrando-os de não endurecerem os seus corações e provocarem a ira de Deus através da incredulidade (Hebreus 3:15-19).

Em Hebreus 3, o autor sublinha o tema da superioridade de Jesus sobre Moisés e o significado da fidelidade e da perseverança na vida cristã. A advertência baseada na história de Israel serve como um conto de advertência, enfatizando as consequências da incredulidade e da desobediência. O capítulo incentiva os crentes a exortar e apoiar uns aos outros na fé, mantendo uma confiança confiante e inabalável em Jesus Cristo. Em última análise, Hebreus 3 desafia os leitores a permanecerem fiéis a Cristo e a não endurecerem os seus corações na incredulidade, garantindo que entrem no descanso prometido por Deus.

Interpretação

Cristo é Superior a Moisés. 3:1-6.

Uma comparação de duas demonstrações de fidelidade está sendo agora introduzida, e pela primeira vez os leitores são diretamente aparteados na frase santos irmãos. Os paralelos na estrutura entre os capítulos 1,2 e capítulos 3, 4 são evidentes (CGT, pág. 56).

3:1, 2. A chave para a compreensão de Hebreus pode estar na ideia do considerai atentamente... Jesus. De katanoesate, “observar atentamente, fixar os pensamentos, prestar atenção”. Este mesmo pensamento aparece novamente em 12:3. Em 3:1, 2 a ênfase está sobre Cristo sendo fiel; em 12:3 é sobre Ele ter suportado. Aqui os irmãos são encorajados a olhar para Jesus como Apóstolo (“mensageiro”; só aqui este título foi usado referindo-se a Cristo no N.T.) e Sumo Sacerdote, uma função que é mais e mais detalhadamente explicada aos leitores. Confissão (homologias) se relaciona com os crentes confessando que Cristo é o seu sumo sacerdote.

3:3-5. A metáfora da casa é simples. Que diferença? Cristo edificou a casa; Moisés serviu na casa. Como em Jo. 1:17, a justaposição de Moisés e Cristo foi apresentada claramente. Do mesmo modo a justaposição da velha aliança e da nova aliança foi insinuada. A ênfase está, entretanto, sobre a fidelidade. Incomparável em posição, Cristo é fiel como Filho, sobre a sua casa (v. 6).

3:6. A qual casa somos nós refere-se aos crentes, o grupo dos redimidos de Deus, cuja fé é uma fé contínua. Sua fé está manifesta na alegre ousadia (parresian, “discurso livre, franqueza”; e assim ousadia franca ou alegre) que se transforma em uma exultação da esperança no Filho. Cristo é o objetivo como também o alicerce de sua confiança e sua esperança.
Até ao fim (mechri telous). Até que a esperança se transforme na realidade.

A Superioridade do Descanso de Cristo contra o Descanso de Israel sob a Liderança de Moisés e Josué. 3:7 – 4:13.

O princípio do descanso é a fé. Foi verdade para os israelitas quando entraram em Canaã, e é verdade para os crentes hoje em dia. O descanso da fé tem ambos, um significado presente e um significado futuro. Salmo 95:7-11 foi usado para mostrar como ambas, advertência e promessa, foram relacionadas com o descanso de Israel em Canaã. A entrada na terra prometida estava condicionada à obediência.

3:7-11. A geração do deserto sofreu as consequências da advertência feita por Deus. Não foi por acidente que pereceu no deserto (veja Nm. 14 e 21). Conforme este salmo indica, os filhos de Israel desafiaram a autoridade soberana de Deus através de sua rebeldia no deserto (Nm. 20). A lição é óbvia. A verdadeira obediência do coração vai além da mera recepção de instruções. Uma geração de israelitas pereceu porque rebelou-se e desobedeceu premeditadamente, e isto apesar da ampla revelação no Monte Sinai.

3:12. Aqui a verdade do Sl. 95:7-11 recebe uma aplicação atual (para os leitores originais) e pertinente. Negligência e desobediência premeditadas, perverso coração de incredulidade, podem levar uma pessoa a tropeçar e apostatar de Deus. Esta advertência foi feita, individual e pessoalmente, para encorajar um auto-exame. Sugere-se um contraste entre a fidelidade de Cristo é a infidelidade dos apóstatas. A apostasia é um afastamento do Deus vivo (theou zontos), o qual executa seus juízos; portanto a advertência é ainda mais evidente.

3:13-19. Para se fugir de ambos, a apostasia e consequente julgamento, torna-se necessária a exortação diária. Os crentes devem advertir e admoestar uns aos outros na esperança e confiança em Cristo. A advertência posterior contra o abandono da congregação aproxima-se do mesmo assunto (10:25). Tal congregamento inclui a oportunidade para a exortação. Fortalecimento mútuo vem por meio de tal exortação, a qual é uma eficaz contramedida para os corações endurecidos e para o pecado. Esta é uma responsabilidade específica que os crentes devem exercitar até a vinda de Cristo. Exortando uns aos outros e encorajando a fé e a obediência, os cristãos demonstram serem participantes de Cristo nas bênçãos do descanso prometido. O teste para um coração cheio de fé é guardar firme até ao fim a confiança. A geração do deserto não entrou no descanso de Canaã (v. 19) por causa da incredulidade (di'apistian). Poderia a advertência ser mais explícita?

Observe que os filhos de Israel que pereceram no deserto deixaram apenas dois porta-vozes, apenas dois representantes de sua geração incrédula e portanto silenciosa – Calebe e Josué. E foi a fé destes dois que os protegeu e fala aos nossos corações até o dia de hoje.

A geração que pereceu fracassou em dois setores: 1) dureza de coração, e 2) incredulidade. Isto a levou ao erro e finalmente ao juízo. Sua incredulidade era manifesta em atitudes que continuam comuns. Eles murmuraram e se queixaram; eles estabeleceram planos alterados e buscaram outra liderança; rebelaram-se declaradamente contra Deus; expressaram insatisfação com a provisão divina; e, finalmente, aceitaram de má vontade o seu lugar nos planos de Deus. O registro detalhado em Nm. 14-21 e o comentário no Salmo 95 serviram bem para o escritor de Hebreus em suas repetidas advertências contra a dureza e incredulidade que foram evidentes na geração que pereceu (3:12, 13, 18, 19; 4: 6, 7, 11).

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