Interpretação de Hebreus 5

Hebreus 5

Hebreus 5 continua a discussão de Jesus como o sumo sacerdote e expande o conceito do Seu sacerdócio, concentrando-se nas Suas qualificações e no papel de um sumo sacerdote. Aqui está uma interpretação dos pontos-chave em Hebreus 5:

1. Qualificações de um Sumo Sacerdote: O autor introduz o conceito de sumo sacerdote, explicando que todo sumo sacerdote é escolhido dentre os homens e nomeado para representá-los em assuntos relacionados a Deus. O sumo sacerdote deve ser capaz de lidar gentilmente com os ignorantes e rebeldes, porque ele próprio está sujeito a fraquezas. Isto prepara o terreno para a discussão do sumo sacerdócio de Jesus (Hebreus 5:1-3).

2. Jesus como Sumo Sacerdote Nomeado: O autor afirma que Jesus não se nomeou sumo sacerdote, mas foi nomeado por Deus, que disse: “Tu és meu Filho; hoje eu te gerei”. Isto destaca a designação divina de Jesus e o Seu papel único como Filho de Deus (Hebreus 5:4-5).

3. A perfeita obediência e simpatia de Jesus: O capítulo enfatiza a perfeita obediência de Jesus e Sua experiência do sofrimento humano. Destaca que Jesus, nos dias de Sua carne, ofereceu orações e súplicas com altos gritos e lágrimas Àquele que poderia salvá-lo da morte. Isto sublinha a profunda empatia e compreensão de Jesus pelas fraquezas e sofrimentos humanos (Hebreus 5:7-8).

4. Qualificação de Jesus como Sumo Sacerdote: O autor reitera que Jesus, por causa de Sua perfeita obediência e sofrimento, foi designado por Deus como sumo sacerdote de acordo com a ordem de Melquisedeque. Esta referência a Melquisedeque será explorada mais detalhadamente nos capítulos subsequentes como uma forma de estabelecer a superioridade do sacerdócio de Jesus sobre o sacerdócio levítico (Hebreus 5:9-10).

5. Repreensão pela imaturidade espiritual: O capítulo contém uma repreensão aos leitores pela sua imaturidade espiritual. O autor expressa o desejo de ensiná-los sobre Melquisedeque e os aspectos mais profundos do sacerdócio de Cristo, mas lamenta que eles tenham perdido a audição e ainda precisem de leite em vez de alimentos sólidos (Hebreus 5:11-12).

6. Incentivo ao amadurecimento na fé: O autor incentiva os leitores a irem além dos fundamentos da fé e a amadurecerem em sua compreensão. Eles deveriam ser capazes de discernir o bem e o mal e não permanecerem crianças espirituais. Este chamado à maturidade espiritual prepara o terreno para discussões teológicas mais profundas que se seguem na carta (Hebreus 5:13-14).

Em Hebreus 5, o autor estabelece as qualificações de Jesus como sumo sacerdote, enfatizando Sua nomeação divina, obediência perfeita e profunda empatia com o sofrimento humano. O capítulo introduz o conceito de Melquisedeque como um precursor para explicar a superioridade do sacerdócio de Jesus. O autor também incentiva os leitores a irem além da imaturidade espiritual e a se engajarem em uma reflexão teológica mais profunda, preparando o terreno para os complexos argumentos teológicos apresentados nos capítulos subsequentes.

Interpretação

5:1-10. A seguir apresentam-se as qualificações para o ofício de sumo sacerdote. Arão serve de modelo, uma vez que ele foi o primeiro a servir no ofício de sumo sacerdote.

5:1, 2. Tomando dentre os homens para representar o homem diante de Deus. A humanidade do sumo sacerdote é básica e essencial. Ele também é constituído, ou separado, para ministrar diante de Deus e para os homens. Sendo homem, ele pode compreender a fraqueza humana e ministrar ao transviado e ignorante. O sumo sacerdote deve lidar com os pecadores como também representar os pecadores. Ele deve também oferecer sacrifício pelos seus próprios pecados como também pelos do povo. O quadro é de alguém totalmente envolvido como homem nas necessidades do homem.

5:3. As necessidades pessoais, entretanto, do sumo sacerdote constituído não foram esquecidas. Ao oferecer sacrifício pelo povo, ele também oferecia por si mesmo, apresentando suas próprias necessidades a Deus através do sangue do sacrifício.

5:4. Arão, o primeiro sumo sacerdote, foi chamado por Deus para este ofício. Ele não o procurou nem o mereceu. Foi constituído por Deus. O destino daqueles que procuraram servir neste ofício fora da constituição divina foi devidamente ilustrado por Coré (Nm. 16:40).

5:5, 6. Assim Cristo foi constituído sumo sacerdote. O escritor cita o Sl. 2:7 com este sentido, “Hoje eu te constituí para o ofício de sacerdote”. Ele era plenamente qualificado a exercer o ofício e não o buscou para Si. Ele foi constituído a esta posição de glória (edoxasen) por Deus Pai.

5:7-10. A experiência humana de Cristo é a que está descrita aqui. Foi uma experiência de aprendizado e imitações. Esta humilhação (Fp. 2:7) foi a Sua hora de aprender a obedecer dentro da esfera do homem. Com isto Ele tornou-se completo. Foi a Sua hora de estar na carne. A referência específica em Hb. 5:7,8 é às horas de agonia no Getsêmani. A passagem descreve angústia nas palavras forte clamor e lágrimas, orações e súplicas. O inimigo que Ele enfrentava era a morte - tanto a física como a espiritual, porque Ele foi o substituto que assumiu toda a ira de Deus reservada para os pecadores. Seu pedido de livramento foi plenamente garantido na ressurreição, com Sua proclamação de vitória sobre a morte. Por meio desta experiência Cristo aprendeu a obedecer, o que de outro modo não aprenderia. Literalmente, Ele aprendeu das coisas que sofreu (v. 8), que é um jogo de palavras extraído do provérbio grego emathenepathen.

Agora perfeitamente qualificado como sumo sacerdote, Cristo fornece a salvação eterna (soterias aioniou, v. 9), cujo aspecto eterno relaciona-se com o sacerdócio de Melquisedeque. Contrastando com Arão, Melquisedeque é um sacerdote de Deus para sempre, assunto inteiramente desenvolvido no capítulo 7.

Uma Repreensão pela Falta de Entendimento e pela Imaturidade. 5:11–6:20.
Antes de desenvolver sua argumentação extraída do sacerdócio de Melquisedeque, o escritor torna a fazer uma pausa para introduzir uma exortação e advertência, incluindo a repreensão.

5:11-14. Esta é uma repreensão forte. O escritor declara explicitamente que seus leitores não têm condições de receber o ensinamento que ele se sente obrigado a dar. Ele os chama de imaturos, retrógradas, indoutos e tardios em ouvir. Por causa desta condição, a tipologia relativa a Melquisedeque poderia ficar além da sua compreensão.

Jonathan Edwards pregou certa vez um sermão sobre Hb. 5:12 intitulado: “A Importância e Vantagem de um Conhecimento Completo da Verdade Divina”. Ele observou que a repreensão na passagem parece incluir todos os leitores da epístola, que aqueles crentes não tinham feito nenhum progresso doutrinário ou experimental, que eles não compreendiam Melquisedeque, e mais ainda, que não sabiam o que deveriam saber (The Works of President, Edwards, IV, 1-15).

A conclusão do escritor de que estavam desqualificados para ensinarem aos outros é auto-evidente. Prosseguindo, eles na verdade só tinham qualificações para receber a elementar verdade ou leite. Como meninos (nepios, “lactentes”), não podiam receber alimento mais forte; além disso, não só careciam do conhecimento da verdade, mas também da experiência da verdade. Mas aqueles que são perfeitos (E.R.C.) ou adultos (E.R.A.) (teloi, “maturos”) eram como atletas exercitados (gegymnasmena), prontos para a competição porque estavam espiritualmente disciplinados. Aqueles que assim foram treinados eram espiritualmente sensíveis e capazes de discernir entre a verdade e o erro quando instruídos. (Através de toda a passagem as figuras de linguagem se misturam; veja Alf, IV, 103.)

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