Interpretação de 1 Coríntios 8

1 Coríntios 8

Em 1 Coríntios 8, Paulo discute a questão dos alimentos sacrificados aos ídolos, uma questão controversa na igreja de Corinto. Ele reconhece que alguns crentes entendem que os ídolos não são nada e que existe apenas um Deus verdadeiro. Contudo, outros, especialmente aqueles com consciências mais fracas, ainda associam ídolos a deuses falsos.

Paulo aconselha aqueles que entendem a liberdade de comer tais alimentos a terem consideração pelos que têm consciências mais fracas. Ele enfatiza que o conhecimento incha, mas o amor edifica. Portanto, se comer tal alimento faz um irmão tropeçar, é melhor abster-se dele.

O capítulo sublinha a importância do amor, da consideração pelos outros e do exercício da liberdade cristã no contexto de uma igreja diversificada e potencialmente dividida. Paulo encoraja os crentes a priorizarem o bem-estar e o crescimento espiritual dos irmãos cristãos em vez de afirmarem os seus próprios direitos ou conhecimentos em questões de consciência.

Interpretação

8:1–11:1 O peri de (E.R.C., Ora, no tocante) indica que aqui começa um novo assunto. Carnes sacrificadas a ídolos eram as sobras dos animais sacrificados aos deuses pagãos. Quer um animal fosse oferecido como sacrifício particular ou público, partes da carne sobravam para o ofertante. Se fosse um sacrifício particular, a carne podia ser usada para um banquete, ao qual eram convidados amigos do ofertante. Se o sacrifício fosse público, a carne que sobrava, depois que os magistrados retiravam a sua parte, podia ser vendida aos mercados para revenda ao povo da cidade. Os problemas, pois, eram estes: 1) Podia um cristão participar da carne que fora oferecido a um falso deus em uma festa pagã? 2) Podia um cristão comprar e comer carne oferecida aos ídolos? 3) Podia um cristão, quando convidado á casa de um amigo, comer carne, que fora oferecida aos ídolos?

8:1-13 Primeiro Paulo apresenta princípios generalizados para orientação do crente nesses problemas delicados.

8:1 Reconhecemos que todos somos senhores do saber pode ser uma citação da carta deles. Os cristãos possuem conhecimento, mas é apenas superficial e incompleto (cons. vs. 2,7). Saber, além disso, não é suficiente para a solução de todos os problemas, pois por si mesmo ensoberbece.

8:2 Não aprendeu ainda refere-se ao verdadeiro conhecimento de Deus. Enquanto aqui nesta terra, o conhecimento que o homem tem de Deus está sempre incompleto (cons. 13:12).

8:3. Ama a Deus produz os dois, conhecimento de Deus e um senso de que Deus conhece também o indivíduo. Por exemplo, em um palácio todos conhecem o rei, mas nem todos são conhecidos pelo rei. O segundo estágio indica intimidade pessoal e consequentemente conhecimento de primeira mão (cons. Godet, op. cit., 1, 410; Gl. 4:9).

8:4 O ídolo de si mesmo nada é no mundo provavelmente devia ser não existem ídolos no mundo. Um ídolo não pode realmente ser uma representação de Deus. Como poderia madeira ou pedra representar a incorruptibilidade de Deus?

8:5 O apóstolo admite, entretanto, que existem aqueles que se chamam deuses.

8:6. Todavia para nós indica um forte contraste. De quem são todas as coisas refere-se à primeira criação; o Pai é a fonte de tudo (cons. Gn. 1:1). E nós também por ele (lit.) refere-se ao Pai como o alvo da nova criação, á Igreja. A função da Igreja é glorificá-lO. Pelo qual são todas as coisas aponta para o Senhor Jesus Cristo como agente de Deus na criação (cons. Jo. 1:3). E nós também por ele apresenta-O como o agente responsável pela nova criação (cons. Cl. 1:15-18).

8:7 Daqui até o final do capítulo Paulo explica as palavras, O amor edifica (v. 1). Isto é necessário, pois nem em todos existe o conhecimento do único Deus e único Senhor que capacita as pessoas a comerem a carne dos ídolos sem prejuízo. Por efeito da familiaridade até agora com o ídolo. Com consciência do ídolo tem fraca confirmação. A tradução preferível seria por estar há muito tempo acostumado aos ídolos.

8:8 Paulo faz ver que a carne em si mesma não aproxima os crentes de Deus. Recomendará. O sentido é aproxima. “É o coração puro e não o alimento puro, que importa; e o irmão fraco confunde os dois” (ICC, pág. 170).

8:9 Nos poucos versículos seguintes Paulo adverte os fortes a tomar cuidado para que a sua liberdade (lit., autoridade, o exercício do seu direito) não constitua uma pedra de tropeço para os fracos. Em outras palavras, conhecimento não resolve o problema (cons. vs. 1-3).

8:10 Induzida (lit. edificada) é ironia. Bela edificação; conduz ao pecado!

8:11 E (lit. porque) introduz o motivo porque o crente forte se torna uma pedra de tropeço. A sentença devia terminar com ponto final, não com ponto de interrogação. A última cláusula tem um grande encanto. Se Cristo amou o irmão a ponto de morrer por ele, então o crente forte deve amá-lo a ponto de desistir do seu direito de comer certas carnes. Parece refere-se à perdição física. O irmão fraco, violando persistentemente sua consciência comendo alguma coisa que ele acha que não deveria comer, peca e torna-se exposto ao pecado mortal (cons. 5:5; 11:30; I Jo. 5:16,17). O tempo é o presente; o processo do perecimento prolonga-se enquanto ele persiste em comer.

8:12 A pior das consequências deste assunto é que os crentes fortes pecam contra Cristo quando pecam contra os irmãos. O argumento baseia-se na unidade do corpo de Cristo (cons. 12:12, 13, 26).

8:13 Por isso introduz a conclusão de Paulo. O amor, não a luz (conhecimento), resolve o problema. Nas questões morais, sobre as quais a Palavra tem falado, a Palavra é suprema. Nas questões moralmente insignificantes, como por exemplo o comer de carne oferecida aos ídolos, a liberdade deve ser regulada pelo amor. Diversas coisas precisam ser conservadas em mente, entretanto. Em primeiro lugar, a passagem não se refere aos legalistas desejosos de imporem seus escrúpulos tacanhos sobre os outros. Esses não são irmãos fracos, mas irmãos teimosos que desejam se gloriar na sujeição de outros aos seus caprichos (cons. Gl. 6:11-13). Isto é tirania, e o Cristianismo deve sempre estar em guarda contra isso. Em segundo lugar, deve-se notar neste versículo que a decisão de seguir o caminho do amor compete a Paulo, não ao irmão fraco. O forte deve se submeter ao apelo do amor voluntariamente, não porque o fraco o exija (os legalistas sempre exigem sujeição às suas leis). Finalmente, é significativo que Paulo, ao tratar da fornicação e da carne sacrificada aos ídolos, não apelo para o pronunciamento do Concilio de Jerusalém (cons. Atos 15:19, 20). Em vez disso, ele apela aos conceitos espirituais mais sublimes, os quais os gregos sabiam apreciar.

Índice: 1 Coríntios 1 1 Coríntios 2 1 Coríntios 3 1 Coríntios 4 1 Coríntios 5 1 Coríntios 6 1 Coríntios 7 1 Coríntios 8 1 Coríntios 9 1 Coríntios 10 1 Coríntios 11 1 Coríntios 12 1 Coríntios 13 1 Coríntios 14 1 Coríntios 15 1 Coríntios 16