Interpretação de Números 24

Números 24

Números 24 continua a narrativa dos oráculos do profeta Balaão a respeito dos israelitas, especificamente suas bênçãos sobre eles. Este capítulo contém o conjunto final das profecias de Balaão, destacando o favor divino e o destino dos israelitas. Aqui está uma interpretação de Números 24:

1. A Relocação de Balaão: O capítulo começa com Balaão percebendo que Deus está determinado a abençoar os israelitas e não amaldiçoá-los. Ele decide se mudar para um local diferente, onde espera obter uma nova perspectiva e talvez receber novas instruções de Deus.

2. O Primeiro Oráculo de Balaão: Do seu novo ponto de vista, Balaão profere o seu primeiro oráculo, que se concentra na força física e numérica dos israelitas. Ele os descreve como um povo numeroso, poderoso e abençoado por Deus. Balaão reconhece que o favor de Deus repousa sobre eles.

3. Segundo Oráculo de Balaão: Em seu segundo oráculo, Balaão continua a abençoar os israelitas. Ele fala de sua prosperidade e os compara a um leão majestoso, enfatizando sua força e vitória sobre seus inimigos. Balaão reitera que as bênçãos de Deus são irrevogáveis.

4. Terceiro Oráculo de Balaão: O terceiro oráculo de Balaão enfatiza ainda mais o favor de Deus para com os israelitas. Ele menciona uma estrela e um cetro que surgirão de Jacó, provavelmente uma referência a um futuro governante ou rei da nação israelita. Esta profecia pode ser vista como um prenúncio da esperança messiânica na tradição judaica.

5. A angústia de Balaque: O rei Balaque, que inicialmente buscou as maldições de Balaão sobre os israelitas, fica cada vez mais frustrado com as repetidas bênçãos de Balaão. Ele percebe as ações de Balaão como uma traição e expressa sua angústia pela incapacidade de Balaão de cumprir seu pedido.

6. Palavras Finais de Balaão: Balaão conclui seus oráculos reiterando que ele não pode ir além do que Deus o instruiu a falar. Ele afirma o seu compromisso de falar apenas o que Deus colocou na sua boca e reitera as bênçãos pronunciadas sobre os israelitas.

7. Lições sobre a Soberania de Deus: Números 24 sublinha a ideia de que as bênçãos e os planos de Deus são soberanos e imutáveis. Apesar das pressões externas e das intenções humanas de amaldiçoar os israelitas, Balaão é obrigado a abençoá-los repetidamente porque é a vontade de Deus.

8. Prenúncio de bênçãos futuras: Os oráculos de Balaão neste capítulo prenunciam o cumprimento contínuo das promessas de Deus aos israelitas, bem como a expectativa de um futuro líder ou governante. A menção da estrela e do cetro sugere a esperança messiânica dentro da tradição judaica e a ideia de uma figura futura significativa da linhagem de Jacó.

Números 24 apresenta os oráculos finais de Balaão, que continuam a enfatizar as bênçãos e o favor de Deus sobre os israelitas. O capítulo sublinha o conceito da vontade soberana de Deus e a natureza inalterável de Suas bênçãos e planos. Também sugere bênçãos futuras e uma esperança messiânica dentro da tradição israelita.

Terceiro Oráculo. 24:2-9.
As duas estrofes principais deste poema fazem um contraste de Israel na paz e na guerra. Entre os povos do Oriente Próximo da antiguidade, esta era a maneira favorita de descrever-se uma nação. Os padrões de guerra e paz das Tumbas Reais de Ur (J. Finegan, Light From the Ancient Past, figura 16) exemplificam eficazmente este costume. O poema também exibe simetria nas parelhas de versos paralelos da abertura e da conclusão, que são as únicas linhas com o pronome “te” em relação a Israel. Embora a parelha que conclui a primeira estrofe seja declaradamente difícil, este escritor tem certeza de que se refere aos galhos das árvores mencionados nos versos precedentes. Ezequiel 31 usa a mesma figura (“os cedros” são a Assíria) e a mesma raiz deila, com referência aos galhos do cedro que crescem junto a muitas águas.

Em Ez. 19 Israel é “uma videira junto a muitas águas” e “um leão devorador”. A primeira parelha da segunda estrofe deste oráculo não se encontra em nosso texto hebraico, mas vem da LXX. Talvez represente uma família de manuscritos inferiores à LXX que preservaram este versículo, mas perderam a parelha anterior. Esta parelha dá uma transição entre as estrofes sobre a guerra e a paz.

Estrofe 1
5. Como são agradáveis as tuas tendas, ó Jacó,
Tuas habitações, ó Israel.

6. Como vales de rios que se estendem,
Como jardins junto a um rio,
Como árvores de sândalo que o Senhor plantou,
Como cedros junto às águas,

7. Com o orvalho pingando dos seus ramos,
Com suas sementes entre muitas águas.


Estrofe 2
8. Pois quando Deus o trazia do Egito,
Ele tinha a força de um boi selvagem.
As nações, suas adversárias, ele devorará,
Seus ossos quebrará em pedaços,
E com suas flechas as atravessará.

9. Ele rasteja, ele se deita,
Como um leão, como um leãozinho.
Quem pode levantá-lo?
Conclusão
Bendito quem te abençoar,
Maldito quem te amaldiçoar”.


Quarto Oráculo. 24:15, 19.
Balaão se apresenta (estrofe 1) com as mesmas palavras que usou em 24: 3,4. A tradução das últimas palavras da estrofe introdutória, “que tem olhos verdadeiros”, tem o apoio de um texto de magia fenícia que usa uma expressão idiomática semelhante (Albright, JBL, Setembro, 1944). Aqui se prediz o Rei Davi como a estrela de Jacó que viria a destruir ambos, Moabe e Edom. A tradução da última tinha, “o remanescente de Seir”, envolve uma ligeira começa do texto, no que o contexto favorece.

Estrofe 1
15. “Oráculo de Balaão, filho de Beor,
Oráculo do homem que tem olhos verdadeiros.

16. Oráculo daquele que ouve as palavras de El,
Aquele que conhece a sabedoria de Eliom.
Aquele a quem foi revelado o que Shadai vê,
Aquele que está prostrado mas de olhos abertos.

Estrofe. 2
17. Eu vejo, mas não agora,
Eu contemplo, mas não de perto.
A estrela de Jacó governará,
O cetro de Israel se levantará,
E esmagará a fronte de Moabe,
E arrancará a cabeça dos frios de Sete.

18. E Edom será desapossado.
Até Seir está desapossado por seus inimigos.

19. Mas Israel fará maravilhas;
Jacó exercerá o domínio,
E o remanescente de Seir será destruído”.


Quinto Oráculo. 24:20.
A destruição dos amalequitas foi um feito particularmente davídico.
Então ele viu Amaleque .. . e disse,
“A primeira das nações é Amaleque,
Mas seu destino final é a eterna destruição”.


Sexto Oráculo. 24:21, 22.
Conforme Albright destaca (JBL, 1944, Vol. 63, n.º 3, pág. 227), a única ocasião em que os queneus (ferreiros) foram povo autônomo foi durante a Era Mosaica, de modo que o oráculo não pode ter vindo do século décimo, conforme muitos dão a entender. Assur (v. 22) era nome de uma tribo árabe que vivia no mesmo território dos queneus (cons. Gn. 25:3); mas também é o nome dado aos assírios. Estes últimos não tinham contato com os queneus como povo distinto. Trocando-se duas letras na palavra queimado (consumido), a sentença ficaria assim, “Os quenitas pertencerão a 'eber ('o hebreu')”. Os quenitas foram realmente assimilados pelos israelitas e fizeram parte do Israel do norte (Jz. 4:17; 5:24) quando foram levados ao cativeiro pelos assírios em 722 A.C.. Contudo, W.F. Albright acha que “Assur” é um verbo, “eu olho atentamente”; mas isto faz pouco sentido até mesmo como uma emenda.

Então ele viu o quenita e... disse,
“Duradoura é a sua habitação;
Seu ninho está nas rochas.
Não obstante o quenita será queimado,
Até que Assur o leve prisioneiro”.

Sétimo Oráculo. 24:23, 24.
Seguimos Albright parcialmente na tradução desta difícil passagem. Na primeira linha preferimos a palavra aramaica haya, “mostrar ou tornar conhecido”, a uma raiz árabe semelhante significando “reunir”. Albright diz que a passagem se refere à invasão dos povos mediterrâneos que levaram os filisteus das ilhas egeias para a terra de Canaã, em estágios, durante o segundo milênio.

Surge novamente a questão, Assur seria os assírios distantes, ou simplesmente uma tribo árabe relacionada com os midianitas através de Quetura, mulher de Abraão? Esta última situação se encaixaria no quadro se Balaão estivesse falando sobre os primitivos povos marítimos do mundo egeu. O primeiro ponto de vista costuma ser interpretado de várias maneiras: Assur (Síria) dos selêucidas; ou

2) Assur como Pérsia, e “navios de Quitim” como Alexandre, o Grande (cons. I Mac. 1:1).

23. Retomou a sua parábola e disse,
“Ilhas que são conhecidas no lado do norte,

24. Até os navios da costa de Quitim,
Eles afligirão Assur,
Afligirão até o seu quartel (ou, 'eber, 'o hebreu') E ele também perecerá”.



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