Lucas 18 — Comentário Evangélico

Lucas 18 — Comentário Evangélico

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Lucas 18  

A mulher que não desistia (18:1-8)
E fácil desfalecer quando a socieda­de pútrida em que vivemos (17:37) envenena o ar! No entanto, a ora­ção põe-nos em contato com o oxi­gênio puro do céu, e conseguimos seguir em frente. Nessa parábola sobre a oração, Jesus contrasta (não compara) o juiz egoísta com seu Pai celestial. Naquela época, as viúvas pobres que não tinham recursos para subornar as autoridades res­ponsáveis pelo caso tinham muita dificuldade de conseguir justiça. No entanto, essa viúva não desistiría até que o juiz lhe fizesse justiça.
Agora, se até um juiz egoísta, por fim, atende às necessidades de uma pobre viúva, o amoroso Pai celestial satisfaz muito mais a necessidade de seus filhos quando clamam a ele! Essa parábola não sugere que “incomodemos” Deus até ele agir, mas que não precisa­mos “importuná-lo” porque está pronto e disposto a responder a nossas orações. (Para um argumen­to semelhante, veja 11:5-10.) A vi­úva não tinha advogado, mas nós temos, no céu, o Sumo Sacerdote no trono do Senhor. Ela não tinha promessas, no entanto nós temos uma Bíblia cheia de promessas que podemos reivindicar. Ela era estran­geira, nós somos filhos de Deus! A oração é um privilégio!
I.      O pecador justificado (18:9-17)
Mais uma vez, temos um estudo de contrastes. O fariseu falou consigo mesmo e a respeito de si mesmo; o publicano orou a Deus e foi ouvido. O fariseu enxergava o pecado dos outros, mas não os próprios peca­dos (7:36-50), enquanto o publica­no concentrava-se em suas necessi­dades e admitia-as abertamente. O fariseu gabava-se; o publicano ora­va. O fariseu saiu um homem pior do que quando chegou; todavia, o publicano foi para casa perdoado.
Justificado significa “declarado justo”. É um termo legal que signi­fica que se destruíram todas as evi­dências e não há registro algum de que já pecamos. Significa também que Deus não mantém mais um re­gistro de nossos pecados (SI 32:1-4; Rm 4). Em vez disso, ele nos credita a justiça de Cristo (2 Co 5:21). Tudo isso nos é concedido pela miseri­córdia do Senhor (Lc 18:13), não por mérito do homem. Somos justi­ficados pela fé (Rm 5:1-5).
As criancinhas que Jesus acolhe e abençoa (vv. 15-17) contrastam com o orgulhoso fariseu. Nessa parábola, Jesus repreende com ternura os discípulos, pois demonstram um pouco do espírito de orgulho do fari­seu. Entretanto, o publicano, em sua humildade e fé, é como uma crian­ça e ele entra no reino de Deus.

II.       O homem jovem que vai embora triste (18:18-34)
Quando combinamos os relatos de Mateus, de Marcos e de Lucas, to­mamos conhecimento de que esse homem era jovem, rico e de posi­ção, provavelmente de alguma sina­goga. Era incomum que um homem jovem tivesse essa posição, portan­to ele deve ter tido uma juventude exemplar. Todavia, ele queria a sal­vação nos termos dele, não nos do Senhor; e Jesus não pôde aceitá-lo. Ninguém é salvo por guardar a Lei (Gl 2:21 e 3:21-24; Rm 3:20) ou por se tornar pobre e generoso. Essa foi a forma que nosso Senhor utilizou para fazê-lo enfrentar seu pecado de avareza. É verdade que, no exterior, o homem obedeceu às leis judaicas que Jesus enumera no versículo 20, mas ele esqueceu-se do “não cobi­çarás” (Êx 20:17; e veja Cl 3:5 e Rm 7:7-8). Quebramos todos os manda­mentos se cobiçamos!
As palavras de nosso Senhor chocaram os Doze, pois, como a maioria dos judeus, eles pensavam que a riqueza fosse uma evidência do favor de Deus. Confiar na rique­za condena a alma, não o fato de possuí-la. Abraão foi um homem muito rico e salvou-se pela fé no Se­nhor, não por causa de seu dinheiro (Gn 15:6). O desejo de adquirir riqueza e a confiança nela impedem o crescimento da Palavra do Senhor no coração (Mt 13:22), fazem-nos esquecer de Deus (Dt 8:13-14) e cair em muitos tipos de tentações e pecados (1 Tm 6:9-10).
Os versículos 28-30 podem ser conectados a Mateus 19:27—20:16. Havia um pouco de ostentação e tal­vez algum orgulho na afirmação de Pedro? Jesus apresentou a parábola de Mateus 20:1-16 quando viu essa atitude perigosa no coração de Pe­dro (“O que ganharemos com isso?”, e não: “O que podemos dar?”) a fim de adverti-lo e ao restante dos Doze. Ele prometeu-lhes bênçãos nesta vida e na futura e também os lembrou de sua morte iminente em Jerusalém (vv. 31-34). Se o Senhor deles tinha de sofrer para entrar em sua glória, eles também tinham de sofrer.
III.    O homem que seguiu Jesus (18:35-43)
Ainda a caminho de Jerusalém, Jesus deixou a antiga cidade de Jerusalém, agora em ruínas, e aproximou-se de uma cidade construída por Herodes, o Grande, em que encontrou dois cegos (Mt 20:30); o chamado Bartimeu era o mais falante. Será que Bartimeu conseguiu perceber que a multidão que caminhava com Jesus era diferente dos outros grupos de peregrinos que passavam por ali? Sem dúvida, as pessoas que anda­vam com Jesus deviam ser tão dife­rentes que atrafam os outros.
O cego, como o publicano, cla­mou por misericórdia (vv. 13,39) e não desanimou, apesar da oposição da multidão. Jesus sempre pára quan­do um coração necessitado chama por ele. Os cegos não conseguiam chegar até o Mestre, mas algumas pessoas os ajudaram. No mesmo ins­tante, Jesus curou-os. Os dois segui­ram Jesus e testemunhavam em voz alta o que ele fizera por eles. 
Em Lucas 1:46-55, leia o cânti­co de louvor de Maria e veja como diversas declarações do cântico aplicam-se às pessoas que vemos nesse capítulo.