Estudo sobre Romanos 15:14-15
Estudo sobre Romanos 15:14-15
Romanos 15:14-15
Para começar, Paulo assegura mais uma vez (cf já em Rm 1.7–8.12) a seus leitores seu apreço sincero por eles. Faz isto com uma clareza e cordialidade que haveria de banir qualquer desconfiança: E certo estou, meus irmãos, sim, eu mesmo, a vosso respeito, de que estais possuídos de bondade. As expressões “eu mesmo” e “vosso respeito” estabelecem entre si um equilíbrio. A ambos os lados se concede autonomia – premissa da verdadeira comunhão. O julgamento abrangente “possuídos de bondade, cheios de todo o conhecimento, aptos para vos admoestardes uns aos outros” admite que os cristãos de Roma formam um corpo capaz de agir e de conviver. É verdade que também cristãos cheios de todo conhecimento carecem, segundo Rm 12.2, de permanente renovação, não por último prestando-se mutuamente uma ajuda corretiva. Quando não se compreende isso, o “pleno conhecimento” se tornaria algo questionável. Era essa a atitude arriscada em Laodiceia: “Dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu” (Ap 3.17).
No v. 24, Paulo não tem dificuldades de designar a obra em Roma como seu “refrigério”. Contudo, isso não o impede de aportar sua própria contribuição. Entretanto, vos escrevi em parte mais ousadamente. De maneira alguma ele se desculpa por causa de suas exortações epistolares. Tampouco alude a outras passagens de sua carta. Na introdução para esse trecho, porém, foi estabelecida uma relação com Rm 1.14-16a. Paulo estava cônscio do perigo que se formava em todo lugar em que pleiteava em prol do evangelho, porém levou-o em conta. Seu extraordinário atrevimento em relação aos ouvintes daquele tempo, às gerações posteriores e no fundo também às pessoas de hoje condensa-se, p. ex., numa inclusão no começo de seu trecho central de Rm 3.21-26 – consistindo, no grego, de duas palavras: revelação da justiça de Deus “sem interferência da lei”! A quantos equívocos e abusos essa pequena frase já esteve exposta! Seria assim que Paulo, ao desancorar a santa, justa e boa lei, estava proclamando uma salvação sem salvação? Isso não constituía até uma sabotagem de toda o histórico da salvação? A carta aos Romanos representa um esforço único de solucionar essa conclusão errônea.
Portanto, a pequena expressão “em parte” acrescentada não está visando determinadas partes da carta, que, ao contrário de outras, teriam sido formuladas com ousadia especialmente forte, mas está preparando a continuação: Escrevi apenas como para vos trazer isto de novo à memória. Isso significa: se minha apresentação do evangelho causou espécie, vocês, que estão cheios de conhecimento espiritual (v. 14!), deveriam manter esta estranheza dentro de limites. Esta carta deveria torná-los inseguros apenas em parte, somente de forma restrita, pois apenas tirei conclusões a partir de algo que há muito é conhecido de vocês. Afinal, sempre de novo Paulo deixara claro que estavam conjuntamente firmados no evangelho transmitido, fornecendo um grande número de indícios da Escritura que tinham em comum! No entanto, de onde tirava a ousadia para se imiscuir desse modo, como pessoa de fora, também em Roma? Acontecia por força da graça que me foi outorgada por Deus. Aqui, como em muitas outras ocasiões, “graça” alude não ao seu ser cristão, mas à graça que obteve para ser apóstolo.
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Romanos 15:14-15