Estudo sobre Romanos 15:9-13
Estudo sobre Romanos 15:9-13
Romanos 15:9-13
Paulo permanece fiel à tese fundamental de sua carta em Rm 1.16: “primeiro os judeus”, mas não somente eles! Não foi à toa que ele constantemente destacou que Abraão era pai de todos, também dos gentios. Por isso a ação em favor dos gentios também fazia parte da obra de Jesus, em segundo lugar: para que os gentios glorifiquem a Deus por causa da sua misericórdia. A carta desenvolveu a salvação para os gentios igualmente em numerosos capítulos. Quanto ao abrangente termo “misericórdia”, cf a exposição sobre Rm 12.1.
A afirmação é alicerçada sobre uma série de citações, selecionadas daqueles escritos do AT que Paulo geralmente também usa com maior frequência. A primeira é do Sl 18.49: Por isso, eu te glorificarei entre os gentios e cantarei louvores ao teu nome. As palavras do rei Davi vigoram, ao que parece, como palavras do Filho de Davi. Ele agradece a Deus pela ação salutar em si. Mas ele o faz entre os gentios. Seu reinado messiânico se estende para dimensões supranacionais. Enquanto os gentios ainda aparecem como espectadores, as duas palavras seguintes os convidam para louvarem pessoalmente. E também diz (a Escritura, em Dt 32.43): Alegrai-vos, ó gentios, com o seu povo. Eles devem formar um coral único junto com o Israel que crê. Mais tarde Zc 2.11 esclarece: “Muitas nações se ajuntarão ao Senhor e serão o meu povo”. E ainda (no Sl 117.1): Louvai ao Senhor, vós todos os gentios, e todos os povos o louvem. Era dessa forma que há muito tempo a Escritura previu a missão aos gentios e a formação de uma comunidade de judeus e gentios. Uma palavra, típica para uma linha que perpassa todo o livro de Isaías, atesta no final que a salvação para Israel se expande imediatamente para uma amplitude universal. Também Isaías diz (Is 11.10): Haverá a raiz de Jessé, aquele que se levanta para governar os gentios. Por um lado o clã israelita de Jessé em Belém constitui o solo em que está enraizado o Salvador (cf Jo 4.22), mas por outro lado, o broto de raiz recebe todo o poder no céu e na terra para o processo de levantamento. Para ouvintes cristãos sugere-se a associação de idéias com a ressurreição de Jesus. Daí decorre que se declare acerca dos gentios, que na verdade não possuem expressamente “nenhuma esperança” (1Ts 4.13), que: nele os gentios esperarão. Em Cristo tiveram o encontro com o “Deus da esperança” (v. 13). Ter esperança constitui, agora, marca existencial comum de todos os que creem dentre judeus e gentios.
Paulo entende bem demais as aflições de uma comunidade cristã para que opere com meras instruções. Por isso o trecho anterior já culminou numa palavra de bênção (v. 5,6). Em ambas as ocasiões eleva simultaneamente o olhar para Deus, lá para o “Deus da paciência”, aqui para o “Deus da esperança”. E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e (toda a) paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo. Deus aparece ornado com uma coroa de seis termos brilhantes: esperança, alegria, paz, fé, poder e Espírito. Destaca-se a menção dupla, ou, se adicionarmos o v. 12, a tríplice menção da “esperança”, esculpindo um verdadeiro cântico dos cânticos da esperança no todo.
A igreja de Roma corria o perigo de recorrer a medidas gentílicas. Ficar sem saída diante de situações leva a buscar soluções violentas. Porém, após 36 versículos de argumentos amigáveis, Paulo confia seus leitores ao Deus da esperança. O ato de salvação já realizado, compreendido em todas as dimensões, contém elementos irresistíveis do futuro, de maneira que a confiança não se desgasta diante das resistências, mas cresce ricamente (Rm 10.12), avolumando-se cada vez mais. O Deus da esperança concede o Espírito da esperança e, com ele, o poder que, segundo Rm 1.4 e 8.11, está credenciado como poder de ressurreição. Que igreja se desligaria desse evento dinâmico, dispersando-se sem esperança?
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Romanos 15:9-13