Estudo sobre Romanos 15:3
Estudo sobre Romanos 15:3
Romanos 15:3
As exortações dos v. 1,2 não foram emitidas num nível meramente moral como, p. ex., ser absolutamente bom por conta própria nesse mundo mau! Por melhor que isso soe, não torna ninguém bom. É por isso que Paulo traz à luz um pedaço do passado, que porém não é simplesmente passado, mas que permanece e continua atuando na atualidade. Porque também Cristo não se agradou a si mesmo. A estreita conexão de nosso agir com o seu agir se prolonga no v. 5: “segundo Cristo Jesus”, depois no v. 7: “como também o Cristo”. Tanto aqui quanto no v. 7 “Cristo” não está amalgamado, como tantas outras vezes no nt, com o nome próprio “Jesus”. Separado, antecedido do artigo definido, o nome ressalta o ministério messiânico de Jesus. Esse ministério abrange muito mais que o papel de um exemplo e a introdução de uma norma de comportamento. Comparemos: o grupo que quer escalar uma montanha não se põe em marcha com uma frente larga de cinco pessoas. Ele segue um guia dessa montanha. O guia não apenas age dando exemplo aos participantes, mas também suporta algo pelo grupo. Enfrenta vento e tempestade, a cada passo assegura o apoio firme para os pés, assume a responsabilidade por eles. É assim que Cristo é o líder, o abridor de caminhos e o que leva à perfeição.
A primeira igreja deve essa interpretação do serviço de Jesus decisivamente ao AT, p. ex., ao Salmo da Paixão 69. Como está escrito (Sl 69.9): As injúrias dos que te ultrajavam caíram sobre mim (a saber, sobre o Cristo). O Doador de todo o bem foi ultrajado pela humanidade rebelde. Não colheu gratidão e louvor, mas hostilidade infundada. Admirada, a Bíblia se depara com sua paciência incompreensível. No entanto, se isso acontecia com Deus o Pai, como haveria de ser diferente com Deus o Filho? Mal os pecadores tinham posto as mãos no Filho (Mc 12.7,8; 14.41b), toda a hostilidade contra Deus precipitou-se sobre ele. A semana da Paixão o evidenciou: eles não apenas queriam eliminá-lo fisicamente, mas além disso desonrá-lo e destruí-lo moralmente, i. é, ultrajá-lo. Os relatos sistematicamente apresentam, após cada interrogatório, uma cena de escárnio. No Gólgata ele sofreu a zombaria tanto dos espectadores quanto das autoridades, dos soldados, e até dos que foram crucificados com ele. Ele tornou-se o afrontado por excelência. Contudo ele não repeliu esse ultraje, não o lançou de volta aos causadores, não os repreendeu, não os amaldiçoou, porém orou por eles (Lc 23.34). Ele viveu e morreu para agradar ao seu semelhante. É esse o “amor de Cristo” (Rm 8.35). A comunidade cristã está exposta a esse Senhor e ao seu poder de moldação.
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Romanos 15:3