Estudo sobre Romanos 6:13-14

Romanos 6:13-14

A ideia da responsabilidade ressalta com maior intensidade quando Paulo agora substitui a figura do serviço de escravo pela do serviço militar. Ao mesmo tempo ele não fala do corpo, e sim dos membros, ou seja, das diversas concretizações da vida. A Bíblia menciona nossos membros sempre quando se trata de designar o ser humano ativo, e por isso também o ser humano concreto. Por meio da mão, do pé e do olho nós nos realizamos e mostramos quem somos na realidade e o que vai dentro do nosso coração (Mc 9.43-47).

Para que o senhorio do pecado não retorne pela porta vulnerável do “corpo” e com ajuda de nossas ações, há uma dupla exigência, uma negativa e outra afirmativa. Primeiro a negativa: nem ofereçais (“colocar à disposição como armas”) cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade. Não levem suas “armas” ao campo do inimigo! Continuando a ilustração: o inimigo convidou para desertarmos para o lado dele. Em todo caso, Paulo pressupõe uma situação de decisão. Se esse convite não for respondido com um não inequívoco, não haverá sucesso no sim para Deus, mas só um nefasto “sim-não”. É disso que Paulo tenta prevenir seus leitores. Depois desse negar-se segue em segundo lugar (v. 13b) o igualmente concreto colocar-se à disposição de Deus. Portanto, não basta ficar à espreita para ver o que acontece por si só! Quem crê, coloca-se à disposição para a luta, pois ações representam armas. A luta é em prol da incumbência de, a partir do recebimento da justiça por fé, lutar também pela justiça da vida no cotidiano. O que Paulo tem em mente é mostrado, p. ex., pela série de “instruções de execução” em Rm 12.9-21, que Paulo resume conclusivamente assim: “Não deixem que o mal vença vocês, mas vençam o mal com o bem” (blh). Por nosso intermédio, algo do mundo obediente a Deus e justo deve tornar-se visível. A formulação “como ressurretos dentre os mortos” confere à afirmação uma característica de pendência. Existe uma diferença entre a vida de ressuscitado do próprio Senhor e a vida dos seus. “Seremos semelhantes a ele”, mas ainda não o somos (1Jo 3.2). Ainda precisamos esperar, gemendo pela redenção do nosso corpo (Rm 8.11,22,23). Esse “ainda não” é admitido de forma sóbria e honesta.

Os cristãos, tão rigorosamente chamados à obediência, estão preservados na supremacia da graça (Rm 5.20). À semelhança de Gl 5.16, segue-se uma promessa sem restrições: Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça. Ordens à revelia dessa graça, i. é, ordens sem misericórdia, seriam absurdas. Por mais severas que viessem a ser essas ordens, tanto mais sagaz e consequentemente mais poderoso se revelaria o pecado. É somente sob a ordem da graça que a vida obtém êxito. É somente entre pessoas livres que o imperativo tem sentido.

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Romanos 6:13