Salmo 142 — Análise Bíblica

Salmo 142: Desesperadamente necessitado de socorro 

De acordo com o título deste salmo, Davi o compôs quando estava na caverna. O salmo 57 foi escrito em circunstâncias semelhantes. E possível que o local seja a caverna de Adulão (I Sm 22:1) ou os “lugares seguros de En-Gedi” (I Sm 23:29). Davi se refugiou nessa região quando Saul o estava perseguindo. Temos aqui uma súplica desesperada de alguém que se encontra em grande perigo e precisa de ajuda urgente. Muitas pessoas conhecem bem esse tipo de situação. O salmo é escrito na primeira pessoa do singular, e o uso constante de pronomes como minha, mim e me deixa claro que se trata de uma súplica extremamente pessoal do salmista.

142:1-4 Clamor por socorro 

A urgência da oração do salmista e sua necessidade de se comunicar com Deus são enfatizadas pelo uso repetido de verbos correlatos nos primeiros versículos: Ergo a mina voz [...] clamo [...] suplico [...] derramo perante ele a minha queixa [...] exponho minha tribulação (142:1-2). Na escuridão e solidão da caverna, Davi não precisa orar silenciosamente. Pode relatar em alta voz e com franqueza todos os seus problemas a Deus. Está desesperado porque seus inimigos ocultam armadilha (142:3) exatamente no caminho em que ele anda, um lugar que normalmente seria seguro. É como se alguém colocasse uma mina terrestre num caminho que ele percorre com frequência. Apesar de saber que o Senhor conhece a sua vereda, não é de admirar que Davi diga: Dentro de mim me esmorece o espírito. O salmista está sozinho. Não há ninguém à sua direita (142:4), a posição ocupada normalmente por um amigo e conselheiro de confiança, o tipo de pessoa que chamamos de “meu braço direito”. O salmista, porém, não tem para onde ir, e ninguém se importa com o que lhe acontece. Sente-se esmagado por suas tribulações.

142:5-7 A ajuda solicitada 

Em 142:4, o salmista disse que não tinha onde se refugiar. Agora, porém, percebe que a situação não é exatamente essa. Clama ao Senhor: Tu és o meu refúgio (142:5). Ao usar o verbo “clamar” pela segunda vez nesse salmo (cf. 142:1), apela para aquele que é seu quinhão na terra dos viventes, tudo o que ele possui. Suplica: Atende o meu clamor, pois me vejo muito fraco (142:6). Pede especificamente para que o Senhor o livre dos seus perseguidores. No caso de Davi, os perseguidores são Saul e seu exército (ISm 24:2). Para Davi, a caverna devia parecer uma prisão. Era um espaço escuro e confinado, e ele estava longe de seus amigos e sua vida normal. Ele roga, portanto, ao Senhor: Tira a minha alma do cárcere (142:7a). Não deseja que toda a sua comunicação com Deus tenha o tom de queixa; prefere muito mais louvar o nome de Deus. Quando for libertado, não estará mais sozinho, daí dizer: Os justos me rodearão (142:76). Juntos, eles celebrarão a bondade de Deus. Como o salmista, também podemos ver-nos em situações nas quais tudo parece ter dado errado. Estamos presos, sozinhos e só conseguimos enxergar problemas pela frente. O Senhor permite que passemos por circunstâncias desse tipo para que possamos crescer em nosso relacionamento com ele. Quando estivermos em dificuldades, devemos considerar as palavras desse salmo como estímulo para contar a Deus todos os nossos problemas, lembrar que ele conhece nossas circunstâncias e confiar que ele nos livrará.

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