Salmo 143 — Análise Bíblica

Salmo 143: Perdoa, protege e guia

Diz-se que o salmo 143 é o último dos sete salmos penitenciais (Sl 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143). Não fica muito claro por que faz parte desse grupo, pois não contém uma confissão pessoal de pecado. Antes, é outra súplica para que o Senhor livre seu servo de dificuldades e inimigos. O salmista pede perdão, proteção e direção.

143:1-2 Pedido de perdão
Seu primeiro pedido a Deus é: Atende e dá ouvidos (143:1a). As duas expressões são praticamente sinônimas. O salmista deseja que Deus não apenas ouça sua oração, mas também a considere com seriedade e faça algo a respeito. Faz suas súplicas com confiança, pois sabe que Deus é fiel (143:10). A fidelidade do Senhor é celebrada nos salmos por meio do refrão: “A sua misericórdia dura para sempre” (p. ex., em Sl 136). O salmista pode confiar em Deus porque ele é fiel e misericordioso. Deus também é justo. Sua justiça significa que ele defende os oprimidos e julga o pecado. O salmista sabe que é pecador, como todo mundo, de modo que ora: Não entres em juízo com o teu servo (143:2). Às vezes, passamos por dificuldades devido ao castigo de Deus. O salmista sabe que cometeu pecados e que Deus poderia legitimamente remover sua presença e deixá-lo indefeso diante de seus inimigos. Por isso, confessa seus erros e pede misericórdia. Estamos na mesma situação que o salmista. Nenhum de nós pode dizer que não tem pecado. Nossa única esperança é a graça e o perdão de Deus. É maravilhoso ler no NT, porém, que, se nos voltarmos para Deus e “confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados” (l Jo 1:9).

143:3-7 Pedido de proteção 
Alguns de nós podemos identificar-nos com o salmista quando ele diz que seus inimigos o estão esmagando e a vida parece ter chegado ao fim (143:3). As palavras Dentro de mim esmorece o meu espírito, e o coração se vê turbado revelam seu completo desânimo (143:4). Quando nos sentimos aflitos, muitas vezes pensamos em como eram boas as coisas do passado. O salmista faz o mesmo. Seus pensamentos sobre os dias de outrora, porém, também o lembram daquilo que Deus fez no passado (143:5). Deus não agiu apenas na vida do salmista, mas na vida de Israel como nação. Resgatou seu povo do Egito, guiou-o em segurança pelo deserto e levou-o à terra prometida. É possível que a lembrança daqueles dias no deserto leve o salmista a dizer: Minha alma anseia por ti, como terra sedenta (143:6). Num gesto de impotência, ele estende suas mãos vazias em direção às mãos poderosas de seu grande Deus. Sabe que seu tempo está esgotando. Se Deus continuar a ocultar sua face e não agir em seu favor, ele será como os que baixam à cova (143:7), ou seja, como os que estão mortos e sepultados. Não admira ele suplicar que o Senhor se apresse.

143:8-12 Pedido de direção 
As coisas podem estar escuras como a noite ao redor do salmista, mas ele ora para que chegue a manhã e, com ela, a lembrança da graça de Deus (143:8). Semelhantemente, no que se refere a seus inimigos, ele sabe que Deus é o refúgio mais seguro (143:9). A prova maior da confiança do salmista e da nossa confiança em Deus é o pedido: Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus (143:10a). Quando fazemos a oração do Pai-nosso, pedimos a mesma coisa: “Faça-se atua vontade” (Mt 6:10). Declaramos nosso desejo de que não apenas Deus nos ouça (143:1), mas que estejamos prontos a ouvi-lo e obedecê-lo. Quando somos conduzidos pelo Espírito de Deus, andamos com facilidade por terreno plano (143:106). Não caímos em armadilhas preparadas por nossos inimigos nem tropeçamos devido à nossa própria pecaminosidade. No começo da oração do Pai-nosso, pedimos que o nome de Deus seja santificado (Mt 6:9). O salmista termina sua oração com o mesmo pedido: Verifica-me, Senhor, por amor do teu nome (143:11). Ao fazê-lo, Deus demonstrará sua fidelidade e misericórdia (143:12). Revelará também sua justiça ao livrar aquele que nele confia e o serve, e ao calar seus inimigos. Como cristãos, não devemos orar para que nossos inimigos sejam destruídos, mas para que se voltem para Deus com arrependimento e sejam salvos. Devemos cuidar ainda de não pressupor que somos os únicos servos verdadeiros de Deus. O salmista fala como se pensasse desse modo, mas devemos lembrar suas palavras em 143:2: “A tua vista não há justo nenhum vivente”. Se mantivermos isso em mente, poderemos escapar da armadilha do farisaísmo.

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