Salmo 147 — Análise Bíblica

Salmo 147: Louvor às obras de Deus

Este salmo 147 não contém nenhum pedido. É apenas um convite para louvar ao Senhor. O convite é repetido três vezes, cada uma delas seguida de motivos para louvar. Os motivos são semelhantes aos do salmo 146 e de outras passagens do AT. Encontramos paralelos com as magníficas celebrações do poder de Deus na criação em Jó 37— 38 e Isaías 40:21-31. 

147:1-6 Restauração e bênção Os exilados israelitas cujo cântico encontra-se registrado no salmo 137 estavam repletos de lamentações. Que contraste entre aquele salmo e esse! Enquanto os exilados perguntaram, em seu desespero: “Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha?” (137:4), o salmista pode declarar como é bom, agradável e apropriado cantar louvores ao nosso Deus (147:1). A diferença se deve ao fato de Deus ter edificado Jerusalém e congregado os dispersos de Israel (147:2). Ele sarou o coração quebrantado dos cativos e tratou-lhe as feridas (147:3). Na sequência, o salmista oferece os motivos pelos quais é apropriado louvar a Deus. Um deles é o fato de o Senhor não apenas ser o grande restaurador de corações e nações, mas também o grande matemático que conta o número das estrelas, chamando-as todas pelo seu nome (147:4; cf. tb. Jó 38:31-32). Os astrônomos não conhecem nem metade das estrelas que existem no céu. Mas Deus, aquele que criou todas as estrelas, conhece o nome e a posição de cada uma. Prova ainda maior da grandeza inimaginável de seu poder e entendimento é o fato de que o Deus que conhece o universo também conhece e protege os humildes (147:5-6; cf. tb. 146:9). Ele também sabe tudo a respeito dos ímpios e certifica-se de que, no longo prazo, não prosperem. 

147:7-11 A providência de Deus. O grande Deus descrito em 147:1-6 tem todo o poder e entendimento necessários para solucionar os problemas de seu povo, que deve, portanto, cantar a o Senhor com ações de graças (147:7). Em seguida, o salmista apresenta mais motivos de louvor. Focaliza como Deus cuida de todas as coisas criadas. Envia a chuva que dá vida e sustenta animais e aves (147:8-9), bem como aos seres humanos. Fazemos bem em agradecer-lhe diariamente pelo alimento. Quando admiramos o mundo natural que Deus criou, porém, precisamos lembrar que ele se interessa não apenas por questões físicas como a força, velocidade e resistência de suas criaturas (147:10), mas também, e principalmente, por seu coração. Agrada-se o Senhor dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia (147:11; 20:7). 

147:12-14 A obra de Deus Se depositamos nossa esperança em Deus (147:11), confiamos que ele proverá a todas as nossas necessidades, inclusive a necessidade de segurança física que nos leva a construir muros e colocar guardas nos portões para proteger nosso lar. Deus sabia que Israel precisava de segurança, de modo que enviou Neemias para reconstruir os muros de Jerusalém e consertar suas portas (147:13; Ne 2:17; 6:15). Em última análise, porém, a segurança não vem dos muros, mas do Deus que os fortalece. Precisamos lembrar que Deus é a única seguran­ça inexpugnável. Paz e prosperidade não são adquiridas por grandes quantidades de armas para nos proteger. São dádivas de Deus, que estabelece a paz e provê o alimento de que necessitamos (147:14). Hoje em dia, as nações só poderão desfrutar bênçãos como as que esse salmo descreve se confiarem em Deus e andar em seus caminhos. 

147:15-20 A palavra de Deus Como conhecer, porém, os caminhos de Deus? A única maneira é ouvir a palavra de Deus, que cria, sustenta e constitui o meio pelo qual ele se revela a nós. Em Gênesis 1, Deus cria o mundo apenas por meio de ordens (Gn 1:3,6,9; Sl 33:6). Semelhantemente, sua palavra controla todos os acontecimentos da natureza. Faz cair a neve, branca e fofa como lã, espalha a geada como a cinza branca da lenha queimada, e arroja o seu gelo em migalhas (147:16-17). Todos esses acontecimentos sucedem no inverno, mas, quando chega a primavera, Deus envia os ventos quentes que derretem os mananciais congelados no monte Hermom para que a água possa correr (147:18). Poucos na África já viram neve; aqui, Deus envia a estação das chuvas e a estação seca. Não obstante as condições meteorológicas, porém, é o Senhor quem as controla (cf. Gn 8:22). A palavra de Deus não apenas opera na natureza, mas também é pronunciada diretamente a nós por meio de leis e [...] preceitos que ele deu ao seu povo (147:19) e que representavam uma grande honra para Israel. Outras nações tinham leis, mas não haviam sido entregues por Deus da mesma forma que as leis de Israel que faziam parte da aliança de Deus com Moisés, Abraão, Isaque e Jacó. Deus não tinha esse relacionamento especial com outras nações (147:20). Amós 3:1-2, porém, nos lembra que o relacionamento especial implicava também responsabilidade singular. Israel foi chamado para ser “luz para os gentios” (Is 42:6; 49:6), assim como nós, cristãos, somos chamados a ser a luz do mundo e compartilhar as boas-novas da redenção que Jesus oferece (Mt 5:14; IPe 2:9). As palavras de 147:20 não são, portanto, motivo de autocongratulação para os israelitas ou para nós mesmos; antes, constituem uma exclamação de maravilha diante daquilo que Deus fez por nós. E apropriado o salmo terminar com Aleluia!

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