Salmo 146 — Análise Bíblica

Salmo 146: Louvor ao caráter de Deus

Os cinco últimos capítulos do Saltério começam todos com a palavra hebraica Aleluia, que significa “louvai ao Senhor”. O salmista está decidido a continuar louvando ao Senhor enquanto tiver fôlego. 

146:1-4 Em quem não confiar o Aleluia inicial usa um verbo no plural, pois o salmista convida todos a participar de seu cântico de louvor. Na repetição, porém, o convite não é dirigido a todos, mas a minha alma (146:1). Temos aqui, portanto, um chamado para o louvor conjunto e individual. O salmista expressa sua decisão pessoal de louvar a Deus continuamente: Louvarei [...] durante a minha vida; cantarei louvores [...] enquanto eu viver (146:2). Esse clamor de louvor é seguido de uma advertência para não confiar em seres humanos. Os príncipes representam os poderosos e influentes que em geral desejamos ter do nosso lado. Sua influência, porém, é extremamente limitada e, no longo prazo, neles não há salvação (146:3). Na verdade, não são capazes nem de salvar a si mesmos. Podem cair mortos a qualquer momento e levar para a cova seus planos e influência (146:4). Quem esperava seu apoio ficará decepcionado. Mais adiante no AT, Jeremias afirma a mesma coisa, de modo ainda mais enérgico, ao dizer: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor” (Jr 17:5). 

146:5-10 Aquele que é digno de confiança o oposto de ser amaldiçoado é ser abençoado. Essa é a situação daqueles que se voltam para o único apoio confiável, o Deus de Jacó (146:5). Aqueles que buscam sua ajuda são bem-aventurados. A ênfase sobre a bênção ou bem-aventurança nesses versículos nos traz à memória o primeiro salmo que começa com as palavras “Bem-aventurado o homem” (1:1). O tema do que traz a bênção ou bem-aventurança aparece vinte e três vezes no Saltério, e sua última ocorrência é nesse salmo. Deus é bem diferente dos auxiliadores humanos nos quais “não há salvação” (146:3). Ele fez os céus e a terra e tudo mais que existe (146:6). Não é um Criador ausente que esquece as obras de suas mãos; antes, mantém para sempre a sua fidelidade. Vemos um exemplo disso nas palavras de Paulo ao descrever sua tribulação: “Todos me abandonaram [...] Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças” (2Tm 4:16-17). A descrição daquilo que Deus faz em 146:7-8 é bastante parecida com a descrição que Jesus faz sobre sua missão em Lucas 4:18, apesar de Jesus citar Isaías 61:1. O caráter de Deus não muda. Ele ainda se preocupa com os oprimidos, famintos, prisioneiros, inválidos e desanimados. Precisamos ter a mesma preocupação e esforçar-nos para aliviar o sofrimento dessas pessoas. Não importa se os sofredores são compatriotas ou estrangeiros (o peregrino), membros de nossa família ou órfãos e viúvas que não têm ninguém para ampará-los (146:9a). Deus cuida de todos, e devemos fazer o mesmo. Enquanto alivia a frustração dos oprimidos e sofredores, porém, Deus aumenta a frustração dos perversos (146:96). Os planos desses ímpios não darão em nada. Deus é Rei, e seu reino jamais terá fim. Podemos, portanto, dizer como o salmista: O Senhor reina para sempre (146:10). Louvado seja o nome do Senhor!

Índice: Salmo 139 Salmo 140 Salmo 141 Salmo 142 Salmo 143 Salmo 144 Salmo 145 Salmo 146 Salmo 147 Salmo 148 Salmo 149 Salmo 150