Estudo sobre Hebreus 13:22-25
Estudo sobre Hebreus 13:22-25
Várias vezes o apóstolo havia incumbido os fiéis de se exortarem uns aos outros, a fim de se ajudarem a permanecer apropriadamente na comunhão com Cristo (Hb 3.13; 10.25). Ele também visa corresponder a este compromisso espiritual com a sua carta. Ela visa ser palavra de exortação. O apóstolo sabe muito bem que a exortação nem sempre é aceita naturalmente e sem resistências pelos membros da igreja. Novamente podemos aprender desta passagem o que é a atitude pastoral correta. O apóstolo teria o direito de exigir. Contudo, ele pede aos irmãos que aceitem sua palavra com corações abertos e sem preconceitos: Rogo-vos ainda, irmãos, que suporteis a presente palavra de exortação. Ele acrescenta uma notícia pessoal, que nos fornece, em certa medida, informações sobre o próprio autor e sobre Timóteo. Ele deve ter estado pessoalmente próximo de Timóteo e, em consequência, do círculo de colaboradores de Paulo (At 20.4). Timóteo havia sido alcançado pelo mesmo destino que também atingira vários membros da igreja (Hb 10.34; 13.3). Havia sido detido. Contudo, entrementes fora posto em liberdade. O apóstolo assegura que em breve visitará a igreja ao lado de Timóteo. Comunhão no Espírito impele constantemente para a comunhão visível dos fiéis, para o fortalecimento mútuo na caminhada rumo ao alvo celestial.
Saudai todos os vossos guias, bem como todos os santos. Os da Itália vos saúdam. Como em todas as cartas apostólicas as saudações e o voto de graça são importantes e estão estreitamente conectados. Saudações constituem amor que se doa a alguém. Elas contêm algo decisivo que os membros da igreja têm a dizer uns aos outros: firmam os laços do amor que une os fiéis entre si. A saudação apostólica vale para cada pessoa que pertence à igreja. A última palavra do autor não é uma fórmula teológica, mas visa dirigir mais uma vez conscientemente o olhar dos fiéis para o fundamento, sobre o qual repousa toda a sua vida espiritual. A graça seja com todos vós. É uma palavra que vale para a igreja de todos os tempos. Deus voltou para nós a sua graça quando Jesus Cristo veio ao mundo para nos libertar. Ele dirige esta graça a cada um que ama o Senhor Jesus. A plenitude de sua graça está disponível para cada pessoa e é suficiente para qualquer situação de nossa vida. A graça nos redimiu, a graça de Deus nos santifica, a graça de Deus nos aperfeiçoará.
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Não nos cabe dissociar a última palavra do apóstolo do contexto da carta toda. Ela obtém um peso especial justamente no final deste escrito apostólico porque declara, de modo audível para os cristãos oprimidos e aflitos: a graça de Deus não torna nossa vida fácil, não nos retira da aflição e das tensões. Porém sua graça é esta, que na aflição estamos seguros e que sob o nosso fardo encontramos paz.
A MENSAGEM DA CARTA AOS HEBREUS ACERCA DE CRISTO
Conforme as palavras do autor, a seção central da carta é que contém o “principal”. Na sua opinião, o sumo sacerdócio de Cristo detém importância singular. Também ao leitor chama atenção que o mistério da pessoa de Cristo não é desdobrado desta maneira e com esta eloquência em nenhuma outra passagem do NT. Contudo, não devemos ignorar que também no caso de Hb, enquanto “palavra de exortação”, o todo da mensagem de Cristo está em jogo. Jesus Cristo está no centro da pregação apostólica. Em decorrência, no começo da carta encontramos afirmações extraordinariamente condensadas sobre Cristo – cada palavra precisa ser comentada especificamente na sua riqueza teológica. E a carta termina com um trecho cristológico (Hb 13.8-14), no qual a obra redentora do Sumo Sacerdote celestial é brevemente resumida. Até mesmo os dois versículos finais de Hb 13.20,21 fazem repercutir mais uma vez toda a temática da carta. Podemos constatar que o escritor apostólico transmite o testemunho de Cristo a seus leitores numa perspectiva extraordinariamente ampla: Jesus Cristo é o Mediador da criação. Ele estava no início de toda a história. E ele também é o herdeiro do universo, o Consumador dos mundos, em cuja mão e poder desembocará toda a história. No passado ele já falou a Israel, antes de sua existência terrena, através de seu Espírito Santo. No futuro ele retornará como o mesmo Senhor, a fim de acolher a sua igreja, que o espera, na glória.
Um pensamento básico que sustenta todas as afirmações do autor é que Jesus é o Filho de Deus. Ele era o Filho desde toda a eternidade. Ao mesmo tempo, Jesus é ser humano, do contrário ele não poderia ser nosso Mediador e Sumo Sacerdote. Como Enviado e Ungido de Deus (“Apóstolo” e “Cristo”, Hb 3.1,6), ele nos traz a palavra e a clemência de Deus. Como nosso Sumo Sacerdote, ele ofereceu-se pessoalmente a Deus como oferenda, efetuando, desta maneira, a nossa salvação, que possui um valor de vigência eterna. “Porque Jesus é o Filho de Deus, seu sacrifício tem valor para extinguir pecados. Através do seu sangue ele firmou uma nova aliança. Jesus é o Mediador que está continuamente diante do trono do Deus vivo para intervir eficazmente em nosso favor”473.
Depois de sua morte na cruz, Cristo foi aperfeiçoado pela ressurreição e ascensão. Tornou-se o “Precursor” (Hb 6.20), o “Líder” (Hb 2.10; 12.2) e “Consumador” (Hb 12.2) de sua igreja. Como o Senhor vivo ele nos chama para fora deste mundo. Ele nos congrega com todos os fiéis, formando o povo de Deus migrante da nova aliança, colocando-nos no caminho que acaba diante do trono de Deus, onde está nossa verdadeira pátria.
Índice:
Hebreus 13:22-25
Notas:
473 J. Cambier, in A. Robert/A. Feuillet, Einleitung in die Heilige Schrift, vol ii, Viena 1964, pág 500.