Comentário de João 5:4

Porque um anjo descia a um certo tempo no reservatório,... Este anjo não será entendido como um mensageiro enviado do Sinédrio, ou pelos sacerdotes, como Dr. Hammond pensa; que tem um conceito estranho, de que este reservatório era usado para lavar as entranhas dos sacrifícios; e que, na páscoa, era muito numeroso, a água no reservatório se misturava com o sangue das entranhas, que eram possessas de uma virtude curativa; e a qual, sendo mexidas por um mensageiro enviado do Sinédrio para aquele propósito, quem entrasse recebia uma cura diretamente: mas este anjo era “um anjo do Senhor”, como a Vulgata Latina, e duas das cópias de Beza leem; e assim a versão Etíope lê, “um anjo de Deus”; que desceu ou em uma forma visível do céu, e entrou no reservatório, a versão Etíope verte muito injustamente, dizendo que ele foi “lavado no reservatório”; ou foi concluído pelas pessoas, da agitação incomum da água, e a virtude milagrosa que resultava disso, que um anjo desceu no reservatório; e isto não era em todos os tempos, mas em um certo momento; ou uma vez por ano, como pensou Tertuliano, na hora do banquete da páscoa, ou todo o Sábado, como este era agora o dia de Sábado; ou pode ser que não havia nenhum período fixo para isso, mas a algumas vezes e estações no ano, que mantinha as pessoas esperando continuamente por isso:

E agitava as águas;… Movia as águas para frente e para trás, fazendo-a aumentar e subir, borbulhar e ferver para cima, como em um fermento. Os Judeus têm uma concepção de espíritos que agitam as águas; eles falam de uma certa fonte onde um espírito residia, e um espírito mau tentou entrar no lugar dele; no qual surgiu uma disputa entre eles, e eles viram, ערבובייא דמייא, “as águas se agitarem”, e viram gotas de sangue neles:
[1] os escritores Siríacos[2] têm uma tradição que “porque o corpo de Isaías o profeta foi escondeu em Siloá, então um anjo desceu e moveu as águas.”

Então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse. De onde fica evidente que apenas uma pessoa por vêz recebia a cura, por entrar primeiro na água, assim Tertuliano pensa:
[3] os Judeus atribuem a virtude curativa ao poço de Miriam; eles dizem:

“Uma certa pessoa ulcerosa foi se imergir no mar de Tiberias, e aconteceu naquele momento que o poço e Miriam fluiu, e ele se lavou ואיתסי, e foi curado.”
[4]

Agora este anjo pode representar o ministro do Evangelho, porque tais são chamados de anjos, Ap. 1:20; sendo chamados por Deus, e enviados por Ele, com mensagens de graça para os filhos dos homens; e pregando o Evangelho por tal, pode ser significado habilmente o agitar das águas, como é o tremer dos céus, terra, e mar; veja Ageu 2:6, comparado com Heb 12:25; especialmente quando prestado atenção com o Espírito de Deus que se movia na face das águas na primeira criação;
[5] e quem, em e pelo ministério da palavra, agita as mentes dos homens, e ainda o profeta profetiza, e causa um tremor entre os ossos secos que são feitos em certas épocas; assim como há certas ocasiões para se pregar o Evangelho, assim mais especialmente há uma pessoa fixa, determinada, e designada para a conversão do eleito de Deus; são chamados de acordo com o propósito, e na ocasião que o Senhor designou: a quem agora, ao pregar do Evangelho, é habilitado a se mover em direção e ir até o Cristo, e acredita nele, está curado de todos seu males de alma e doenças, sejam elas quaisquer que fossem; todas as suas investigações são perdoadas, o seu povo justificado, e eles são salvos em Cristo, com uma salvação eterna: e como esta cura não era devida a qualquer virtude natural na água, nem mesmo dos anjos que agitavam as águas, mas por um poder sobrenatural; assim a conversão de um pecador não é devido a ministros, ou pela palavra e ordenações como administradas por eles, mas para o poder superior da graça de Deus; e que é mostrado no tempo Dele, e em que agrada Ele.



Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible




____________
Notas:
[1] Vajikra Rabba, seç. 24. fol. 165. 2.
[2] Vid. Hackspan. Interpr. Errabund. seç. 20.
[3] De Baptismo, c. 5.
[4] Midrash Kohelet, fol. 71. 4.
[5] Cf. Gênesis. 1:2.