Apocalipse 13 — Comentário Evangélico
Apocalipse 13 — Comentário Evangélico
Apocalipse 13
I. Anticristo: a besta do
mar (13:1-10)
O versículo 1 declara: “Vi emergir do mar uma besta
[Satanás (12:17)]”. O mar representa as nações (17:15), como também a areia do
mar (20:8). Satanás chama seu “super-homem” das nações e revela o verdadeiro
caráter dele ao mundo. Até esse momento, o anticristo atuava pacificamente,
fazia o papel de amigo de Israel. Três anos e meio atrás, ele fez um pacto com
os judeus (Dn 9:27), em que prometeu protegê-los da federação europeia, que tem
sob seu controle. Agora, esse governante mundial está para revelar seu verdadeiro
caráter satânico. (Veja 17:10-12 em relação às cabeças, aos chifres e aos
diademas.)
De forma semelhante à da profecia de Daniel 7,
usam-se três animais para descrever a besta. Por favor, leia esse capítulo
com atenção. As bestas retratam quatro impérios sucessivos: babilônio (o leão),
medo-persa (o urso), grego (o leopardo) e o império do anticristo (a terrível
quarta besta). O “pequeno chifre” de Daniel 7:8 é a besta de Apocalipse 13, o
anticristo. Observe que João viu os animais na ordem inversa, já que olhava
para trás, e Daniel, para a frente. Em outras palavras, o reino da besta será a
continuação desses reinos, o Império Romano revivificado.
Quem é a besta? Os estudiosos bíblicos diferem na
interpretação dos símbolos de Apocalipse 13 e 17. Note que se fala três vezes
da ferida da besta (13:3,12,14). Isso pode sugerir que a besta será morta e
ressuscitada. As passagens 11:7 e 17:8 relatam que a besta emerge do abismo, o
que, sem dúvida, sugere ressurreição. Alguns pensam que ela é Judas
ressuscitado. A besta e Judas são chamados de “o filho da perdição” Jo 17:12;
2 Ts 2:3); João 6:70 chama Judas de “diabo”. Seja quem for, a besta é o
super-homem de Satanás, sua imitação de Cristo. O mundo todo admirará a besta e
adorará Satanás (v. 4), algo que ele sempre almejou.
A partir desse ponto, a besta torna-se o líder da
federação europeia e trabalha em cooperação estreita com a igreja mundana (Ap
17). Ele fingirá obedecer aos sistemas religiosos apóstatas e usará isso para
favorecer suas conquistas. Por volta do meio do período da tribulação, o Egito
e a Rússia invadirão a Palestina (Ez 37;38), forçando a besta a proteger os
judeus. Quando a besta chega a Israel, pensa que Deus derrotou a Rússia e
decide conquistar Israel. Nesse ponto, ela destruirá a igreja apóstata (a
meretriz de Ap 17) e instituir-se-á como o governante e o deus do mundo.
Satanás deu-lhe poder para fazer prodígios; 2 Tessalonicenses 2 afirma que Deus
permitirá que brote no mundo descrente a “operação do erro”. As pessoas não
aceitam Cristo, a Verdade, mas recebem o anticristo, a mentira. A besta
blasfemará a igreja no céu e perseguirá o remanescente judeu crente na terra.
Como vimos em Apocalipse 11, nesse ponto ela também matará as duas
testemunhas, cujos corpos, após três dias e meio, serão levantados da morte.
Vemos a trindade satânica (vv. 19-20). Satanás imita
o Pai, a besta é a imitação do Filho e Salvador, e o falso profeta pretende
ser o Espírito. A segunda besta vem “da terra”, provavelmente Israel. É
provável que seja um judeu. Daniel 9:26 informa que a besta terá cidadania
romana, todavia ela pode ser, como Pauto, um judeu romano. No entanto, o
anticristo precisará de um associado para ajudá-lo a conquistar o mundo. Este
será o falso profeta. Ele tem “chifres, parecendo cordeiro”, o que sugere paz e
cordialidade, porém não há diademas (autoridade) nos chifres. Satanás dá-lhe o
mesmo poder da primeira besta, contudo a tarefa do falso profeta é glorificar a
besta e fazer com que o mundo a siga e a adore. Daniel 3 apresenta uma situação
semelhante.
O falso profeta copiará os milagres das duas
testemunhas ao fazer descer fogo do céu (11:5; 13:13). Esse evento cumpre as
profecias de Paulo, registrada em 2 Tessalonicenses 2;9, e Cristo, relatada em
Mateus 24:24.
O falso profeta ordena que se faça a imagem da besta.
Isso é o “abominável da desolação”, relatado em Mateus 24:15; em Daniel 11:45 e
em 2 Tessalonicenses 2:4. Nessa época, a besta terá sua imagem erigida no
templo restaurado de Jerusalém. Essa imagem ganhará vida! Ela falará e
maravilhará o mundo. A imagem falará coisas esplêndidas e blasfemará contra o
céu.
O falso profeta não tem o objetivo único de
conseguir a ampla adoração da besta. Ele também estabelecerá o controle
econômico mundial. Os seguidores da besta terão sua marca na fronte ou na mão
direita, da mesma forma que os 144 Mil judeus terão a marca do Pai na fronte
(14:1). Essa marca permite que os seguidores da besta possam comprar e vender
coisas, e quem não tiver a marca (o nome dela) sofrerá muito; veja 20:4. A
essa altura, Satanás terá tudo que sempre quis: a adoração e o controle do
mundo. A única coisa desfavorável é que Cristo reina no céu e, um dia,
estabelecerá seu reino sobre a terra. Satanás desafogará sua fúria sobre os
santos de Deus que estão na terra, já que não pode tocar em Cristo e nos santos
do céu.
Os versículos 17-18 causam muita especulação: qual o
significado do número da besta — 666? É interessante notar que os seis
primeiros símbolos dos algarismos romanos somam 666 (I = 1; V = 5; X = 10; L =
50; C = 100; e D = 500). Sem dúvida, isso sugere o reavivamento do Império
Romano, mas não nos diz nada a respeito da besta. Identifica-se tanto
Nabucodonosor como o gigante Golias com o número 6 (Dn 3:1 e 1 Sm 1 7:4-7), o
que indica que, aos olhos do mundo, a besta será um super-homem. Sabemos que os
números hebraicos e gregos são formados por letras, como os algarismos
romanos. No grego, o valor numeral do nome “Jesus” é 888. No entanto, é inútil
fazer jogos de letras e de números a fim de tentar descobrir o nome do futuro
governante do mundo.
Seis é o número do homem. O homem foi criado no sexto
dia, e foram-lhe dados seis dias de trabalho. O total de horas do dia é
múltiplo de seis (4x6
= 24), como também o número de meses (2 x 6 = 12) e os minutos que compõem a
hora (6 x 10 = 60). O Antigo Testamento hebraico usa quatro palavras distintas
para homem, o Novo Testamento grego, duas, o que dá um total de seis. O Antigo
Testamento apresenta seis nomes distintos para a serpente e para o leão; esses
dois símbolos representam Satanás. A história relata que se usava o número
seis nos mistérios secretos das religiões orientais. Assim, parece que o
número “666” do anticristo representa o mais alto que o homem pode chegar
separado de Cristo. Ele é o super-homem de Satanás, seu Cristo falso. Sete é o
número da perfeição, e Satanás não pode alcançar esse estágio. Nesse capítulo, Deus
apresenta um resumo, uma “visão panorâmica” dos eventos que Apocalipse tem pela
frente.
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