Apocalipse 9 — Comentário Evangélico

Apocalipse 9

A. A estrela (v. 1.11)

João não vê a estrela cair. O que ele declara no versículo 1 é: “... e vi uma estrela caída do céu na terra” (algo que aconteceu em algum mo­mento no passado). É possível que essa estrela refira-se a Satanás. Ele é chamado de “Lúcifer”, que significa “esplendor” ou “estrela da manhã”. Isaías 14:12ss descreve a queda de Satanás em um passado indefinido e, Ezequiel 28:11-19, complementa a cena. Em Lucas 10:18, Deus também dá “a chave do poço do abismo” a Satanás. Esse abismo insondável não é o inferno, ou o Hades, mas uma pri­são em algum lugar embaixo da terra em que os demônios são confina­dos por Deus. (Leia Lc 8:26-36 para ver como os demônios tinham pavor de ser enviados para o abismo.) Em 1:18, lemos que Cristo tem todas as chaves, portanto ele tem de conceder autoridade a Satanás. O versículo 11 descreve essa estrela caída (Satanás) também como um destruidor. Ele é o rei dos demônios do inferno.

B. A fumaça (v. 2)

O versículo 3 deixa claro que as criaturas saem da fumaça, portanto ela, em si mesma, não representa as criaturas demoníacas. O abismo é um lugar de trevas e de fogo; ele, aqui, é comparado a uma grande fornalha. As pessoas que brincam a respeito do inferno não percebem como sabem pouco sobre os tor­mentos dele. Essas trevas horríveis lembram-nos a praga do Egito (Êx 10:21-29), em que se podia apal­par as trevas. Satanás é o príncipe das trevas. Vale a pena lembrar que, um dia, a besta será libertada des­se abismo insondável (11:7; 17:8) e também que, um dia, o demônio será jogado nele (20:1-3).

C As criaturas com o poder dos escorpiões (vv. 3-10)

Os escorpiões são nativos da terra santa, e algumas espécies chegam a ter 15 centímetros de comprimento. A principal arma deles é o ferrão no final da cauda, e a Bíblia usa-os como símbolo de julgamento doloroso (Dt 28:38,42; 1 Rs 12:11-14). Compara- se também essas criaturas diabólicas com o gafanhoto, já que as pragas de gafanhotos eram um flagelo comum em Israel (veja Jl 2). O versículo 4 traz uma advertência que deixa claro que não eram gafanhotos de verdade (veja 8:7), além do fato de que tinham um rei (v. 11; veja Pv 30:27). É-lhes dado um prazo de cinco meses e são proi­bidos de atormentar os judeus selados (7:1-3). O objetivo deles é atormen­tar, não matar. Na verdade, as pes­soas quererão morrer, mas Deus não permitirá isso (veja Jr 8:3). É provável que essas sejam criaturas demoníacas libertadas do abismo com a finali­dade de atormentar os homens. Esse julgamento faz paralelo com a oitava praga do Egito (Êx 10:3-20). O fato de essas criaturas terem características de animais domésticos (“cavalos”; v. 7) e selvagens (v. 8), como também de homens, sugere que Satanás imita as criaturas celestiais de 4:7.

Esse é o primeiro “ai”, e que pe­ríodo de tortura as pessoas da terra en­frentarão! É muito melhor conhecer a Cristo hoje e escapar da ira por vir!

II. Os anjos atados junto ao rio são liberados (9:13-21)

Esse é o segundo “ai”, dos três pro­metidos em 8:13. A voz vem do al­tar de incenso, porque as orações dos santos pedindo que Deus vin­gue o sangue deles chegaram a ele (6:9-11; 8:3). Em 7:13, quatro anjos, em obediência a uma ordem, são refreados; e, aqui, ordena-se que os quatros anjos sejam soltos (sem dúvida, anjos caídos). O rio Eufrates sempre ocupou um lugar de des­taque na história. Ele flui do Éden, onde se inicia a história, e figurará nos eventos que serão o ponto cul­minante dela (16:12ss). A Babilônia era localizada no Eufrates (Ap 1 7— 18). No calendário de Deus, esses quatro anjos estão “preparados para a hora, o dia, o mês e o ano” de­terminados; e a tarefa deles é ma­tar um terço da população da terra. Apocalipse 6:8 relata que um quar­to das pessoas da terra será morto, o que deixa três quartos da popu­lação para o julgamento ainda por vir; portanto, metade da população mundial terá sido dizimada depois que esses anjos matarem mais um terço das pessoas.

Esses anjos, depois de soltos, trazem exércitos de cavalaria que totalizam 200 milhões de soldados! Essa cavalaria satânica não é como qualquer outro exército na aparên­cia ou nas armas que usa. As princi­pais armas dele são o fogo, o enxofre e a fumaça; além disso, a cauda de­les é como uma serpente. Essa não é uma outra descrição do exército discutido nos versículos 1-12, já que aquele exército não tinha permissão para matar, e esse deve matar um terço da população da terra. Essa é uma das formas de Deus responder às orações dos mártires (6:9-11).

Imaginaríamos que multidões de pessoas se arrependeriam dos pecados e se voltariam para Cristo, mas isso não acontecerá. Os pou­pados (pela misericórdia de Deus) persistirão em seus pecados horro­rosos. A bondade de Deus não os leva ao arrependimento (Rm 2:4-6), por isso enfrentarão julgamentos pe­sados nos dias por vir e, por fim, o lago de fogo.

Os versículos 20-21 apresentam um vivido retrato de como será a vida após o arrebatamento da igreja. A idolatria se espalhará pelo mun­do. Claro que o ídolo adorado é o demônio (1 Co 10:16-22). Satanás sempre quis que a humanidade o adorasse (Mt 4:8-10) e, agora, con­segue isso. Sempre há ignorância e imoralidade onde há idolatria; o versículo 21 relata os horríveis pe­cados e crimes que ocorrerão nesses dias. No grego, a palavra para “fei­tiçaria” é pharmakeia, raiz das pa­lavras “farmácia” e “farmacêutico”, o que quer dizer que “diz respeito às drogas”. Gálatas 5:20 e Apoca­lipse 21:8 e 22:15 também a tradu­zem por “feitiçarias-”feiticeiros”. Veja também 18:23. A conexão en­tre a feitiçaria e a farmacologia fica aparente pelo fato de os feiticeiros usarem drogas e poções em suas ati­vidades malignas. João sugere que, nos últimos dias, haverá um reavivamento da feitiçaria e um aumento no uso de drogas. Há diversas or­ganizações de bruxaria espalhadas pelo mundo, e o espiritismo está em crescimento. Em relação ao aumen­to de uso de drogas, basta lermos os jornais!

Como esse capítulo se encaixa em todo o esquema de Apocalip­se? Provavelmente, esse exército de 200 milhões de cavaleiros aparece­rá logo após o período intermediá­rio da tribulação. A besta já é a cabeça do Império Romano revi­vido em cooperação com a igreja mundana e com as nações unidas. E muito provável que esse exérci­to imenso que Deus permitiu que Satanás reunisse venha da Rússia. Ezequiel 38—39 prevê que, no meio do período da tribulação, a Rússia invadirá a Palestina. Ela tentará conquistar Israel, porém a besta libertará os judeus e fará o acordo de proteção de sete anos com os judeus. Ezequiel deixa cla­ro que Deus julga a Rússia e manda o exército derrotado de volta para casa. A besta, uma vez na terra san­ta, quebrará o acordo, mudar-se-á para o templo e começará a assu­mir poder sobre o mundo. Apoca­lipse 11:1-2 indica que os gentios estão de posse do templo de Jeru­salém reconstruído, e o resto do capítulo sugere que a besta mata as testemunhas que ainda prega­vam nos primeiros três anos e meio da tribulação. O versículo 16 fala de um exército imenso que não é da sexta trombeta indica que, nesse ponto, surgirão conquistas militares e aponta para a batalha de Gogue e Magogue.

Esse capítulo traz-nos ao período intermediário da tribulação (veja o esboço). De acordo com Da­niel 9:27, esse é o período em que a besta quebra seu acordo com Isra­el e mostra sua fúria satânica. Note também que as duas testemunhas ministram durante os primeiros três anos e meio da tribulação (11:3); o remanescente judeu é protegido por Deus nos últimos três anos e meio de tribulação (12:6,14); a besta tem autoridade mundial nesse período final (13:5); Satanás desce à terra pelo período de três anos e meio e desencadeia uma perseguição terrí­vel contra os crentes (12:12); e Je­rusalém é massacrada pelos gentios nesses três anos e meio (11:2). No­tamos um intervalo entre a sexta e a sétima trombetas (10:1 —11:14). A sétima trombeta introduzirá as sete taças da cólera de Deus e os últimos três anos e meio da tribulação (“a ira de Deus”).

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