Apocalipse 14 — Comentário Evangélico
Apocalipse 14 — Comentário Evangélico
Apocalipse 14
I. O estabelecimento do
reino (14:1-5)
Há discórdia em relação a esse monte Sião ser um
ponto de referência celestial (veja Hb 12:22-23) ou o monte físico. Parece
mais provável que se trata de um cenário terrestre, um retrato do reino
vindouro. O fato de, no versículo 2, João ouvir “uma voz do céu” sugere que ele
está na terra. O “novo cântico” dá a entender que eles vivem uma nova experiência,
ou seja, que passaram pela tribulação e, agora, reinam com Cristo. Todavia,
mesmo que essa seja uma cena celestial, ela antecipa a vinda do reino para a
terra. O versículo 3 indica que a igreja (anciãos) reinará, na terra, com
Cristo.
A seguir, é descrito o caráter dos 144 mil judeus selados. As expressões “não se macularam com
mulheres” e “castos” (v. 4) devem ser vistas no sentido espiritual, não no
físico. Nessa época, o pecado dos habitantes da terra será a prostituição
espiritual (14:8; vejaTg 4:4 e Êx 34:15). Esses crentes judeus, marcados com o
nome do Pai, não com o da besta, serão separados, do ponto de vista espiritual,
e totalmente dedicados a Cristo. Eles seguem o Cordeiro, em vez de adorar a
besta. Eles se tornarão o núcleo do reino judeu, as “primícias” da colheita
futura.
Cada anjo faz um anúncio:
A.
O evangelho eterno (vv. 6-7)
Hoje, Deus usa pessoas para transmitir sua mensagem,
mas ele também usará anjos no último período do julgamento. O termo “evangelho
eterno” apresenta Deus como o Criador, não como Salvador, e adverte que o
julgamento está chegando. É um chamado para que o homem tema e glorifique a
Deus, em vez da besta e de Satanás. A sugestão é que serão salvos todos os que
honrarem ao Senhor. Infelizmente, os homens adoram e servem à criatura, não ao
Criador (Rm 1:25). Esse é o chamado final do Senhor para um mundo iludido por
Satanás.
B.
A queda de Babilônia (v. 8)
Os capítulos 17 e 18 descrevem esse evento, embora
ele seja antecipado aqui e em 16:18-19. Aqui, Babilônia refere-se ao sistema
po- I ítico-rel igioso apóstata encabeçado pela besta, em conjunto com a
igreja mundana apóstata. Para ver o cumprimento dessa profecia, leia Apocalipse
17;18; estude também Jeremias 50:14,15,38;51:7-8.
C.
O julgamento final (vv. 9-13)
As sete taças de julgamento são o derramamento da
cólera de Deus (Ap 15—18). Esse julgamento será “sem mistura”, ou seja, não
haverá graça nem misericórdia misturada à ira dele (Hc 3:2). Esse anjo adverte
o mundo de que todos os que tiverem a marca da besta sofrerão tormento eterno,
sem descanso nem alívio. Há um contraste marcante entre o destino dos seguidores da besta e do Cordeiro; os crentes descansarão “das suas fadigas” e serão abençoados. É melhor reinar mil anos com Cristo que três anos e
meio com o anticristo! Por isso, o versículo 12 chama à “perseverança” os
santos que passarão por provações; veja Lucas 21:19.
Embora o versículo 13 refira-se estritamente aos
santos da tribulação, sem dúvida podemos aplicá-lo aos santos de hoje, mundo vê a morte
como uma maldição, e isso real mente é verdade
para o não- salvo, mas, para o cristão, ela é uma bênção. O cristão que morre
experimenta descanso e recompensa; todavia, o
descrente vivência o tormento eterno e a
perda de tudo.
João vê Cristo vindo sobre uma nuvem branca com uma
foice na mão a fim de ceifar a colheita da terra. Essa é uma imagem de
julgamento. Na carne, ele veio como o propagador da semente; todavia, as
pessoas rejeitaram a semente da Palavra (Mt 13:3-23). Em vez disso, aceitaram
as mentiras de Satanás. Agora, ele vem como o Ceifador e traz julgamento para
o mundo. O segundo anjo grita: “A seara da terra já amadureceu”! Deus sabe o
momento exato de julgar e espera até que a semente da iniquidade frutifique (Tg
1:14-15; Gn 15:16). Isso é uma antecipação da batalha de Armagedom (veja Jl
3:11-16).
Nesse ponto, devemos rever os eventos que levam à
batalha de Armagedom. Durante a primeira metade da tribulação, o Egito e a
Rússia atacaram Israel, na época em que a besta trabalhava com os judeus. A
besta foi forçada a ir à Palestina para manter seu pacto com os judeus. Deus
derrotou a Rússia; e a besta, o Egito; os dois inimigos foram mandados para
casa em total derrota. A seguir, a besta instituiu- se o governante e a
divindade do mundo e fez de Jerusalém a sede de seu governo. Contudo, a Rússia
e seus aliados planejavam rebelar-se contra a besta. Os inimigos da besta
tiveram uma oportunidade para atacar após a destruição da Babilônia. Na última
metade da tribulação, os exércitos se moverão em direção à Palestina (veja
16:13-16) para lutar contra a besta. O dr. Dwight Pentecost sugere o uso da
palavra “campanha”, em vez de “batalha”; veja Apocalipse 16:14. Em outras palavras,
a “batalha de Armagedom” não é tanto uma mera batalha como uma movimentação
militar que culmina no enfrentamento dos exércitos do mundo em Megido. Apocalipse
19:17-21 indica que, nesse momento, surgirá o sinal do Filho do Homem, e que
esses exércitos se unirão para combater a Cristo, em vez de lutar uns contra os
outros.
Os versículos 17-18 retratam um homem cortando cachos
de uva de uma videira. O perverso sistema mundano é a “videira da terra” (v.
17, enquanto Cristo é a Videira verdadeira Jo 15). A videira santa de Deus
plantou Israel no mundo com a finalidade de frutificar para a glória do Senhor
(Is 5:1-7; SL 80:8-16). Infelizmente, Israel frutificou “uvas bravas”. Na
verdade, Israel rejeitou seu verdadeiro Messias, aceitou o falso Cristo e tem
de sofrer as amargas consequências de seus atos. Para material adicional a
respeito dessa batalha final, leia Isaías 66:1 -6 e Joel 3.
O versículo 20 apresenta um retrato terrível: o
sangue correrá uma extensão de 321 quilômetros para fora da cidade de Jerusalém
e em uma profundidade que vai da altura dos freios dos cavalos até o chão! Esse
é o lagar da ira de Deus (19:15). Veja Isaías 63:1 -6.
Portanto, esse capítulo apresenta um resumo
profético dos eventos seguintes. Ele nos apresenta lições bem práticas: (1)
Deus estabelecerá seu reino sobre a terra, apesar da oposição de Satanás.
Cumprir-se-ão, de forma literal, todas as promessas do Antigo Testamento,
Israel terá seu reino prometido. (2) Os que hoje rejeitam o evangelho da graça
do Senhor enfrentarão, no futuro, um julgamento terrível. É melhor morrer por
causa de Cristo e desfrutar de glória eterna que viver pelo demônio e sofrer
para sempre. (3) Hoje, as nações do mundo tomam o caminho para o Armagedom.
Vemos o levantar da Europa, do Egito e das nações asiáticas. Vemos também a
formação da federação europeia. Todavia, a batalha final do homem contra Deus
será uma derrota amarga para Satanás e seus aliados! João apresenta uma cena do céu (Ap 4;5) antes da
abertura dos selos e uma visão semelhante antes do soar das trombetas (Ap
8:1-6). João fita essas cenas:
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