Apocalipse 14 — Comentário Bíblico Online
Apocalipse 14 — Comentário Bíblico Online
Apocalipse 14
Esses são identificados por Charles como “os mesmos
que os 144.000 em 7.5-8, i.e, o Israel espiritual, toda a comunidade cristã, os
judeus e gentios, que foram selados para protegê-los das aflições demoníacas,
que devem vir em seguida e rapidamente”.' Veja também os comentários em 7.4. Por
que eles são novamente mencionados? Swete diz: “A visão das duas bestas e seus
seguidores é adequadamente seguida por uma figura tranquilizadora do Cordeiro
no meio da sua Igreja”.' Antes que as sete últimas pragas sejam derramadas na
terra, lemos mais uma vez que os que pertencem a Cristo estão seguramente
selados. Em contraste com aqueles que tinham recebido a marca da besta em suas
testas, esses têm escrito o nome [...] de seu Pai em sua testa (1).
Muitos comentaristas entendem que sobre o monte Sião
significa que Cristo voltou para a terra e estava parado em Jerusalém. Mas
o significado aqui é provavelmente mais bem expresso pela referência a Hebreus
12.22: “Mas chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém
celestial”. Os seguidores do Cordeiro estão seguros com Ele no Reino eterno. Novamente, veio uma voz do céu (2). Ela era como
a voz de muitas águas, ressaltando o volume do som; como a voz de um
grande trovão, sugerindo seu ruído; e uma voz de harpistas, que tocavam
com a sua harpa, indicando “que era articulada e doce”.132
E cantavam (gr., cantam)
um como'cântico novo diante do trono e diante dos quatro animais (“criaturas
viventes”; veja comentários em 4.6) e dos anciãos (veja comentários em
4.4); e ninguém podia aprender aquele cântico, senão os cento e quarenta e
quatro mil que foram comprados da terra (3). A figura parece de um coro
celestial cantando um novo cântico de louvor para aqueles que foram redimidos
pelo Cordeiro. Somente aqueles que tiveram uma experiência espiritual de
salvação podem cantá-lo.
Os redimidos são então descritos como aqueles que não
estão contaminados com mulheres, porque são virgens (4). A palavra virgens
(parthenoi) é masculina em forma. Alguns entendem isso de forma
literal, favorecendo um clero celibatário. Mas, de acordo com a linguagem
simbólica de Apocalipse, parece mais sensato entender virgens como descrevendo
pureza espiritual, o estado de ser imaculado. Talvez também haja uma alusão à
pureza moral. Swete diz: “A escolha da castidade como a primeira virtude
evidente da irmandade cristã não parecerá estranha para aqueles que acreditam
que a vida pagã era contaminada com imoralidade do pior tipo”.1”
Esses cristãos redimidos seguem o Cordeiro para
onde quer que vai. O Cordeiro é aqui o Pastor de ovelhas. Os Evangelhos
relatam como Jesus chamou os homens para segui-lo. Mas, nesse caso, isso
significa mais do que um termo geográfico. Seguir a Cristo significa imitá-lo,
viver como Ele viveu. Seguir a Jesus é um privilégio glorioso e um desafio
solene e sério.
O termo primícias tem ocasionado uma discussão
considerável. De que maneira isso pode ser aplicado aos santos da Tribulação?
Os preteristas, como Swete, encontram uma referência lógica aos cristãos
do primeiro século. Essa palavra podia inclusive encaixar-se na ideia dos
144.000 representando os redimidos de todos os tempos (veja comentários em
7.4). Mas usá-la para os crentes no fim desta era parece estranho No entanto,
Charles resolve essa dificuldade ao ressaltar que, na Septuaginta, a palavra
grega (aparche), na maioria das vezes, significa “oferta”, sacrifício”
ou “dom”.135 Todos os redimidos são uma oferta para Deus e para o
Cordeiro.
Por último, lemos o seguinte acerca dos seguidores do
Cordeiro: E na sua boca não se achou engano; porque são irrepreensíveis
diante do trono de Deus (5). Acerca da primeira parte dessa oração, Swete
comenta: “Depois da pureza, a autenticidade era talvez a marca mais clara dos
seguidores de Cristo, quando contrastados com seus vizinhos pagãos; cf. Ef
4.20-25”.1”
A palavra irrepreensíveis (amomos) é
usada frequentemente na Septuaginta para a exigência de que os animais a serem
sacrificados ao Senhor devem ser sem defeito. Por causa da referência à “oferta”
no versículo anterior, parece que amomos deveria ser entendido aqui
como “sem manchas” ou “imaculados” (RSV).
6. Os Três Anjos (14.6-13)
Três anjos apareceram sucessivamente, cada um fazendo
uma proclamação importante. O cenário está sendo montado para as sete últimas
pragas.
a)
O anjo com o
evangelho (14.6,7). O primeiro anjo estava voando pelo meio do céu (6) —
lit.: “no meridiano” (veja comentários em 8.13). Dessa maneira, ele podia
ser visto e ouvido. Ele tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que
habitam sobre a terra. Alguns têm buscado distinguir três evangelhos
diferentes no Novo Testamento: “o evangelho do Reino (Mt 4.23), que era para
os judeus; “o evangelho de Jesus Cristo” (Mc 1.1), que era para todos; e “o
evangelho duradouro”, a ser proclamado no fim dos tempos. Mas essa é uma
tricotomia falsa. Há somente um evangelho, as boas-novas de salvação por meio
de Jesus Cristo.
A mensagem do primeiro anjo era: Temei a Deus e
dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o
céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas (7). A última frase é
encontrada no Antigo Testamento (cf. 1 Rs 18.5; 2 Rs 3.19). Ela se refere às
fontes de água em nascentes ou poços.
O dia do julgamento de Deus, seu ajuste de contas com
o homem, chegou. Portanto, as pessoas devem se arrepender e adorá-lo.
b)
O anjo da
condenação (14.8). O segundo anjo clamou: Caiu! Caiu Babilônia, aquela
grande cidade (lit., Caiu! Caiu! Babilônia, a Grande) que a todas as
nações deu a beber do vinho da ira da sua prostituição. Os pais primitivos
interpretam a Babilônia em Apocalipse como sendo um nome simbólico para
Roma. Essa interpretação parece correta.
A linguagem desse versículo é semelhante à de
Jeremias 51.7,8: “A Babilônia era um copo de ouro na mão do SENHOR, o qual
embriagava a toda a terra; do seu vinho beberam as nações; por isso, as nações
enlouqueceram. Num momento, caiu a Babilônia e ficou arruinada”. Há uma
combinação de duas ideias: “A Babilônia faz as nações beber do copo da sua
fornicação; e ela, bem como as outras nações, [...] há de beber do copo da ira
de Deus: v. 10; 16.19. Em 18.6, como em Jeremias 51.7, de onde a imagem é
tirada, há, como provavelmente é o caso aqui, uma combinação das duas”.'
c)
O anjo do
julgamento (14.9-13). O anúncio do terceiro
anjo foi o seguinte: Se alguém adorar a besta e a sua imagem e receber o
sinal na testa ou na mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se
deitou, não misturado, no cálice da sua ira (9-10). Já tinha sido
mencionado que se alguém não adorasse a imagem da besta, seria morto (13.15).
Agora vem a advertência do céu de que se alguém adorar a imagem, sofrerá um
destino pior do que a morte. Ele beberá do vinho da ira (thymos, raiva
ardente), de Deus, que se deitou, não misturado (lit.: foi misturado sem
mistura) no cálice da sua ira (orge). Não misturado significa
“não diluído” (Phillips), ou “concentrado”.
O destino do adorador de imagens é descrito
graficamente: Ele será atormentado com fogo e enxofre (“em chamas
sulfurosas”, NEB) diante dos santos anjos e diante do Cordeiro. Que
coisa horrível é sofrer pela desobediência na presença do Cordeiro, que de
maneira obediente sofreu para nos salvar! A linguagem dessa passagem rememora
Isaías 30.33 e Ezequiel 38.22. Mas a comparação mais impressionante é a
destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19.24).
Ainda fazendo eco desse relato (Gn 19.38), mas
falando agora em termos eternos, o relato traz: E a fumaça do seu tormento
sobe para todo o sempre (11). Adorar César ou o Anticristo significa
renunciar a Cristo, e dessa forma, ser culpado de apostasia. O castigo para
isso é o tormento eterno. Não há repouso (cessação) para aqueles que
rejeitam o chamado daquele que disse: “Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.
Novamente (cf. 13.10, 18) temos uma declaração
enigmática: Aqui está a paciência dos santos (12). A palavra grega para
paciência significa “persistência” ou “constância”. Swete comenta: “O
culto a César oferecia aos santos um teste de lealdade que fortalecia e
amadurecia aqueles que eram dignos do nome”.' Esses são aqueles que guardam
os mandamentos de Deus e a fé em Jesus; isto é, sua fé em Jesus.
Então João ouviu uma voz do céu (13)
expressando palavras que geralmente são citadas em cultos fúnebres: Bem-aventurados
os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que
descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam. Os trabalhos do cristão terminam com a morte,
mas as suas boas obras o seguem na próxima vida.
7. O Tempo da Ceifa (14.14-20)
Duas cenas de ceifa são retratadas aqui. A primeira é
a ceifa de trigo, com o Filho do Homem como Segador. A segunda é de uvas,
recolhidas pelo anjo.
a) A ceifa do trigo (14.14-16). João viu uma
nuvem branca (14) e sentado nela estava um semelhante ao Filho do Homem.
Isso reflete a linguagem de Daniel 7.13: “Eu estava olhando nas minhas
visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem”.
Visto que o título Filho do Homem é usado por Jesus para si mesmo 81
vezes nos Evangelhos, parece justificável aceitar que João aqui se refira a
Jesus.”'
Ele tinha sobre a cabeça uma coroa (stephanos,
coroa do vitorioso) de ouro e, na mão, uma foice aguda. Pelo que
tudo indica, era a época de realizar a colheita. Agora outro anjo (9) saiu do templo (santuário),
clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua
foice e sega! É já vinda a hora de segar, porque já a seara da terra está
madura (15) — lit.: “estava seca”; isto é, “completamente madura” (RSV), ou
possivelmente “madura demais” (ERV, NEB). Lança é literalmente “envia” (pempson).
Essa é uma repetição de Joel 3.13: “Lançai [LXX, `enviai'] a foice, porque
já está madura a seara”. Jesus disse: “E, quando já o fruto se mostra, mete-lhe
logo a foice, porque está chegada a ceifa” (Mac 4.29).
Aquele que estava assentado sobre a nuvem meteu (ebalen,
“lançou” ou “colocou”) a sua foice à terra, e a terra foi segada (16).
Barnes interpreta essa colheita como a vinda de Cristo “para reunir o seu povo”.
Ele comenta o seguinte acerca da última parte do versículo: “Para os justos, o
fim tinha chegado; a Igreja estava redimida; a obra contemplada estava cumprida
e os resultados da obra do Salvador eram como uma colheita gloriosa”.'
b) A colheita de uvas (14.17-20). Da mesma
forma que a vindima naturalmente segue a colheita de trigo (cf. Dt 16.9, 13),
assim foi na visão profética aqui. E saiu do templo, [...] outro anjo, o
qual também tinha uma foice aguda (17). Ainda saiu do altar outro anjo, que tinha poder sobre o fogo (18). Em relação a essa estranha alusão, Simcox
comenta: “Pode [...] ser que 'o Anjo de Fogo' seja ordenado a invocar o
julgamento sobre os maus que serão executados pelo fogo. Mas é mais fácil
entender que esse é o Anjo 'que tinha poder sobre o fogo no Altar' — talvez,
por isso, seja o Anjo de quem já tínhamos ouvido falar em 8.3-5”.'
Esse anjo clamou ao anjo com a foice: Lança (envia)
a tua foice aguda e vindima os cachos da vinha da terra, porque já as suas
uvas estão maduras! — lit.: “estão no seu auge”. Assim o anjo meteu (19)
— lit.: “lançou” (cf. v. 16) — a sua foice à terra, e vindimou as uvas da
vinha da terra, e lançou-as no grande lagar da ira de Deus.
E o lagar foi pisado (20) lembra a linguagem
de Isaías 63.2-6. O terrível julgamento ocorreu fora da cidade, evidentemente
Jerusalém. Joel profetizou: “Congregarei todas as nações e as farei descer ao
vale de Josafá” (á 3.2). Esse vale fica ao sul de Jerusalém.
Saiu sangue do lagar até aos freios dos cavalos, pelo
espaço de mil e seiscentos estádios (gr., stadia). Isso representa cerca de 300 quilômetros. Essa
figura tem causado muita discussão. Alguns entendem que o autor
está se referindo aproximadamente à extensão da Palestina (na verdade com
cerca de 225 quilômetros. Outros entendem tratar-se de uma figura simbólica de
perfeição (1.600 = 4 x 4 x 100). Assim, significaria destruição por toda parte
(exceto na cidade). Parece evidente que a linguagem deveria ser tomada
figuradamente, não literalmente.
Qual é a relação entre as duas colheitas descritas
nessa seção? Parece que a explicação de Swete é razoável: “Nos Profetas, a
colheita, quer do trigo quer da vindima, representa a derrota dos inimigos de
Israel, que estão maduros para a queda [...] o Apocalipse [...] como os
Evangelhos identificam o trigo com os verdadeiros 'filhos do Reino' (cf. Mt
13.30, 38) [...] a vindima, da sua associação com o 'vinho da ira' [...]
representa o mal”. Ele acrescenta: “Assim, pelo novo modo de tratar a
antiga metáfora da ceifa divina das pessoas, o autor de Apocalipse expressa o
claro ensino do Senhor em relação à grande separação entre os homens que está
reservada para aparousia” a Segunda Vinda. Na primeira ceifa, os
justos serão reunidos; na segunda, os perversos.
Índice: Apocalipse 1 Apocalipse 2 Apocalipse 3 Apocalipse 4 Apocalipse 5 Apocalipse 6 Apocalipse 7 Apocalipse 8 Apocalipse 9 Apocalipse 10 Apocalipse 11 Apocalipse 12 Apocalipse 13 Apocalipse 14 Apocalipse 15 Apocalipse 16 Apocalipse 17 Apocalipse 18 Apocalipse 19 Apocalipse 20 Apocalipse 21 Apocalipse 22
Índice: Apocalipse 1 Apocalipse 2 Apocalipse 3 Apocalipse 4 Apocalipse 5 Apocalipse 6 Apocalipse 7 Apocalipse 8 Apocalipse 9 Apocalipse 10 Apocalipse 11 Apocalipse 12 Apocalipse 13 Apocalipse 14 Apocalipse 15 Apocalipse 16 Apocalipse 17 Apocalipse 18 Apocalipse 19 Apocalipse 20 Apocalipse 21 Apocalipse 22