João 14 — Exposição do Evangelho de João

João 14

14.2 NA CASA DE MEU PAI. “Na casa de meu Pai” é claramente uma referência ao céu, porque Jesus para lá precisava “ir”, para nos preparar lugar (cf. Mt 6.9; Sl 33.13,14, Is 63.15). Deus tem um celeste lar onde há “muitas moradas”, e para as quais a “família de Deus”, ora vivendo na terra, (Ef 2.19) será trasladada; “não temos aqui cidade permanente” (Hb 13.14).

14.3 VIREI OUTRA VEZ. (1) Tão certamente como Cristo subiu ao céu, Ele voltará para levar seus seguidores para si mesmo, conduzindo-os à casa do Pai (ver 14.2 nota; cf. João 17.24), o lugar que lhes está preparado. Esta era a esperança dos crentes dos tempos do NT, e de igual modo, a de todos os crentes de hoje. O propósito supremo da volta do Senhor é ter os crentes com Ele para sempre (ver o estudo A RESSURREIÇÃO DO CORPO e O ARREBATAMENTO DA IGREJA). (2) A expressão “vos levarei para mim mesmo” fala da esperança futura de todos os crentes vivos naquele momento, quando então serão “arrebatados juntamente com eles nas nuvens a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.17). (3) A vinda de Cristo para buscar os seus fiéis, livra-los-á da futura “hora da provação” que sobrevirá ao mundo (ver Lc 2.36-38 nota; Ap 3.10 nota; 1 Ts 1.10 nota; 5.9)

14.12 OBRAS MAIORES. O propósito e o desejo de Jesus é que seus seguidores façam as mesmas obras que Ele fazia. (1) As obras “maiores” incluem tanto a conversão de pessoas a Cristo, como a operação de milagres. Este fato é demonstrado nas narrativas de Atos (At 2.41,43; 4.33; 5.12), e na declaração de Jesus em Mc 16.17,18 (ver o estudo SINAIS DOS CRENTES). (2) A razão porque os discípulos poderão fazer obras maiores é que Jesus foi para seu Pai e enviou o poder do Espírito Santo (v. 16; 16.7; At 1.8; 2.4), e atende as orações feitas em seu nome (v. 14). As obras dos discípulos serão “maiores” em número e em alcance.

14.13 PEDIRDES EM MEU NOME. A oração em nome de Cristo abrange pelo menos duas coisas: (1) orar em harmonia com sua pessoa, caráter e vontade; (2) orar com fé em Cristo, na sua autoridade e com o fim de glorificar tanto o Pai como o Filho (At 3.16). Orar realmente em nome de Jesus equivale a dizer que Ele ouvirá qualquer oração como Ele mesmo oraria. Não há limite para o poder da oração quando ela é dirigida a Jesus ou ao Pai com fé e conforme a sua vontade (ver Mt 17.20 nota).

14.16 EU ROGAREI AO PAI. Jesus rogou ao Pai que enviasse o Consolador, mas somente àqueles que o amam sinceramente e que se dedicam à sua Palavra. Jesus emprega o tempo presente em “Se me amardes”(v. 15), ressaltando assim uma atitude contínua de amor e de obediência.

14.16 O CONSOLADOR. Jesus chama o Espírito Santo de “Consolador”. Trata-se da tradução da palavra grega parakletos, que significa literalmente “alguém chamado para ficar ao lado de outro para o ajudar”. É um termo rico de sentido, significando Consolador, Fortalecedor, Conselheiro, Socorro, Advogado, Aliado e Amigo. O termo grego para “outro” é, aqui, allon, significando “outro da mesma espécie”, e não heteros, que significa outro, mas de espécie diferente. Noutras palavras, o Espírito Santo dá prosseguimento ao que Cristo fez quando na terra. (1) Jesus promete enviar outro Consolador. O Espírito Santo, pois, faria pelos discípulos, tudo quanto Cristo tinha feito por eles, enquanto estava com eles. O Espírito estaria ao lado deles para os ajudar (cf. Mt 14. 30,31), prover a direção certa para suas vidas (v. 26), consolar nos momentos difíceis (v. 18), interceder por eles em oração (Rm 8.26,27; cf. 8.34) e permanecer com eles para sempre. (2) A palavra parakletos é aplicada ao Senhor Jesus em 1 Jo 2.1. Jesus, portanto, é nosso Ajudador e Intercessor no céu (cf. Hb 7.25) enquanto que o Espírito Santo é nosso Ajudador e Intercessor, habitando em nós, aqui na terra (Rm 8.9,26; 1 Co 3.16; 6.19; 2 Co 6.16; 2 Tm 1.14).

14.17 HABITA CONVOSCO E ESTARÁ EM VÓS. Cristo declara que o Espírito Santo habitava agora com os discípulos, e lhes promete que futuramente Ele estaria “em vós”. A promessa do Espírito Santo para habitar nos fiéis cumpriu-se depois da ressurreição de Cristo, quando Ele assoprou sobre eles e disse-lhes: “Recebei o Espírito Santo” (ver Jo 20.22 nota). A seguir, Cristo lhes ordenou a aguardarem uma outra experiência no Espírito Santo, que lhes daria grande poder para testemunhar. “Mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias... recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós” (At 1.5,8; 2.4, para a operação do Espírito Santo na regeneração do pecador, ver o estudo A REGENERACÃO DOS DISCÍPULOS).

14.17 O ESPÍRITO DA VERDADE. O Espírito Santo é chamado “O Espírito da verdade” (João 15.26; 16.13; cf. 1 Jo 4.6; 5.6), porque Ele é o Espírito de Jesus, que é a verdade (18.37), instrui quanto à verdade, expõe a mentira (At 5.1-9) e guia o crente em toda a verdade (16.13). Aqueles que querem sacrificar a verdade em favor da unidade, do amor, ou outra qualquer razão, negam o Espírito da verdade, que os tais alegam ter. A igreja que abandona a verdade, abandona a seu Senhor. O Espírito Santo não será conselheiro dos que são indiferentes à fé ou a seu compromisso com a verdade. Ele vive somente nos que adoram ao Senhor “em espírito e em verdade” (4.24).

14.18 VOLTAREI PARA VÓS. Jesus se revela ao crente obediente mediante o Espírito Santo, que torna conhecida a presença pessoal de Jesus na, e com a pessoa que o ama (v. 21). O Espírito nos torna conscientes da presença de Jesus e da realidade do seu amor, bênção e socorro. Essa é uma das suas missões principais. É mediante o Espírito Santo que Cristo vive no crente, que por esta razão deve expressar amor, adoração e dedicação a Deus.

14.21 AQUELE QUE TEM OS MEUS MANDAMENTOS. Guardar os mandamentos de Cristo não é uma questão de opção para quem quer ter a vida eterna (João 3.36; 14.21,23; 15.8-10,14; Lc 6.46-49, Tg 1.22; 2 Pe 1.5-11; 1 Jo 2.3-5). (1) A nossa obediência a Cristo, embora nunca perfeita, deve porém ser real. Ela é um aspecto essencial da fé salvífica que brota do nosso amor a Ele. O amor a Cristo é o alicerce da verdadeira obediência (vv. 15,21,23,24; ver Mt 7.21 nota). Sem amor a Cristo, o esforço humano de guardar seus mandamentos torna-se legalismo. (2) À pessoa que ama a Cristo e se esforça por guardar de modo correto os seus mandamentos, Ele promete amor, graça, bênçãos especiais e sua real presença no seu interior (cf. v. 23).

14.23 FAREMOS NELE MORADA. Os que amam sinceramente a Jesus e obedecem às suas palavras experimentarão a presença imediata e o amor do Pai e do Filho. O Pai e o Filho vêm aos crentes através do Espírito Santo (ver v. 18 nota). Deve-se notar que o amor do Pai por nós depende de amarmos a Jesus e de sermos leais à sua Palavra.

14.24 QUEM NÃO ME AMA. Quem não observa os ensinos de Cristo, não o ama pessoalmente e quem não o ama não tem a verdadeira fé salvífica (1 Jo 2.3,4). Dizer que uma pessoa permanece salva, mesmo quando deixa de amar a Cristo e passa a viver uma vida de imoralidade, blasfêmia, crueldade, homicídio, bebedeira, feitiçaria etc., contradiz de modo direto esses e outros ensinos de Jesus a respeito do amor, da obediência e da presença do Espírito Santo em nós.

14.26 O ESPÍRITO SANTO. O Consolador é identificado aqui como o “Espírito Santo”. Para o crente do NT, o aspecto mais importante do Espírito não é a sua grandeza, nem é o seu poder (At 1.8), mas a sua santidade. Seu caráter santo manifestado na vida dos crentes, é o que mais importa (cf. Rm 1.4; Gl 5.22-26).

Índice: João 1 João 2 João 3 João 4 João 5 João 6 João 7 João 8 João 9 João 10 João 11 João 12 João 13 João 14 João 15 João 16 João 17 João 18 João 19 João 20 João 21