João 8 — Exposição do Evangelho de João
João 8
8.7 AQUELE QUE ESTÁ SEM PECADO. Estas palavras não devem ser tidas como uma justificativa de recusa do julgamento do pecado dentro da igreja, ou para tratar com leviandade o fracasso moral de cristãos professos. Agir assim é deturpar a atitude bíblica para com o pecado entre o povo de Deus. (1) O modo da igreja tratar os pecadores inconversos que estão fora dela e seu modo de tratar os que, estando dentro dela, vivem em pecado e desobediência a Cristo, são duas situações diferentes. (2) As Escrituras ensinam que o pecado cometido por aqueles que estão dentro da igreja não deve ser tolerado (Ap 2.20), mas, sim, tratado com repreensão e reprovação severas (Lc 17.3; 1 Co 5.1-13; 2 Co 2.6-8; Ef 5.11; 2 Tm 4.2; Tt 1.13; 2.15; Ap 3.19; ver Mt 13.30 nota sobre disciplina eclesiástica).8.11 NEM EU TE CONDENO. A atitude de Jesus para com essa mulher revela seu propósito redentor para a humanidade (3.16). Ele não a condena como pessoa indigna do perdão, mas a trata com bondade, clemência e paciência, para levá-la ao arrependimento. Há salvação para ela, uma vez que renuncie ao adultério e volte para seu próprio marido (cf. Lc 7.47). (1) Seria, no entanto, mais do que blasfêmia dizer que estas palavras de Cristo mostram que Ele considera trivial o pecado de adultério e a indescritível mágoa e miséria que ele provoca para os pais e seus filhos. (2) O que Cristo ofereceu a essa mulher foi a salvação e o livramento da sua vida de pecado (v. 11). A condenação e a ira de Jesus seriam a porção futura, caso ela recusasse a arrepender-se e ingressar no reino de Deus (Rm 2.1-10).
8.12 EU SOU A LUZ DO MUNDO. Jesus é a luz verdadeira (1.9). Ele remove as trevas e o engano, iluminando o caminho certo para Deus e a salvação. (1) Todos que seguem a Jesus são libertos das trevas do pecado, do mundo e de Satanás. Os que ainda andam nas trevas não o seguem (cf. 1 Jo 1.6,7). (2) “Quem me segue” é um gerúndio contendo a ideia de seguir continuamente. Jesus, na realidade, disse “seguir-me continuamente”. Ele reconhecia somente o discipulado perseverante (ver João 8.31 nota).
8.31 SE VÓS PERMANECERDES NA MINHA PALAVRA. Jesus nunca encorajou seus discípulos a porem sua confiança numa fé ou experiência passadas. É somente quando “vós permanecerdes na minha palavra”, que é possível ter a certeza da salvação (cf. João 15.6 nota; Lc 21.19).
8.32 A VERDADE VOS LIBERTARÁ. No contexto da existência e conhecimento humanos, muitas coisas são verdadeiras. Há, no entanto, uma só verdade que libertará as pessoas do pecado, da destruição e do domínio de Satanás a verdade de Jesus Cristo, que se acha na Palavra de Deus. Seguem-se algumas observações a respeito desta verdade: (1) As Escrituras, especialmente a revelação original de Cristo e dos apóstolos do NT, dão testemunho da verdade que nos liberta do pecado, do mundo e do poder demoníaco (ver Ef 2.20 nota). (2) Não é necessário mais revelações de “verdades” para completar o evangelho de Cristo, ou para torná-lo mais adequado. (3) A verdade salvífica é revelada da parte de Deus somente “pelo seu Espírito” (1 Co 2.10); não procede de nenhuma pessoa, nem da sabedoria humana (1 Co 2.12,13).
8.36 VERDADEIRAMENTE, SEREIS LIVRES. O não-salvo é escravo do pecado (v. 34; Rm 6.17-20). Escravizado pelo pecado e por Satanás, é forçado a viver segundo as concupiscências da carne e os desejos de Satanás (Ef 2.1-3). (1) O verdadeiro crente, salvo em Cristo com a graça acompanhante do Espírito Santo que nele habita, é liberto do poder do pecado (Rm 6.17-22; 8.1-17). Quando tentado a pecar, ele agora tem o poder de agir de conformidade com a vontade de Deus. Está livre para tornar-se servo de Deus e da justiça (Rm 6.18-22). (2) A libertação da escravidão do pecado é um critério seguro para o crente professo testar e comprovar se a vida eterna habita nele com a sua graça regeneradora e santificadora. Quem vive como escravo do pecado, ou nunca experimentou o renascimento espiritual pelo Espírito Santo, ou experimentou a regeneração espiritual, mas cedeu ao pecado e voltou à morte espiritual, a qual leva à escravidão do pecado (Rm 6.16,21,23; 8.12,13; ver 1 Jo 3.15 nota). (3) Não se quer dizer com isso que os crentes estão livres da guerra espiritual contra o pecado. Durante nossa vida inteira, teremos de lutar constantemente contra as pressões do mundo, da carne e do diabo (ver Gl 5.17 nota; Ef 6.11,12 notas). A plena liberdade da tentação e da atração do pecado terá lugar somente com a redenção completa, quando da nossa morte, ou na volta de Cristo para buscar os seus fiéis. O que Cristo nos oferece agora é o poder santificador da sua vida, mediante o qual aqueles que seguem o Espírito são libertos dos desejos e paixões da carne (Gl 5.16-24) e capacitados a viverem como santos e inculpáveis diante dEle, em amor (Ef 1.4).
8.42 SE DEUS FOSSE O VOSSO PAI. Aqui, Jesus declara um princípio fundamental da salvação, a saber, a evidência de sermos verdadeiros filhos de Deus (i.e., nascidos de novo da parte de Deus) está na nossa demonstração de amor a Jesus. Então, devemos manifestar uma fé sincera e obediente. Do contrário, é falsa a afirmação de sermos filhos de Deus (vv. 31,42; João 10.2-5,14,27,28; 14.15,21).
8.44 É MENTIROSO E PAI DA MENTIRA. A mentira é uma destacada característica do diabo. Ele é a fonte geradora de toda a falsidade (Gn 3.1-6; At 5.3; 2 Ts 2.9-11; Ap 12.9). É um pecado totalmente contrário à mente de Deus, que é a verdade (Ap 19.11). A indiferença para com o pecado da mentira é um dos sintomas mais claros da impiedade de uma pessoa. Tal pessoa ainda não nasceu do Espírito (3.6) e está sob a influência de Satanás, como seu pai espiritual (ver 4.24 nota; Ap 22.15 nota).
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