João 16 — Exposição do Evangelho de João

João 16

16.2 EXPULSAR-VOS-ÃO DAS SINAGOGAS. Aqui, Jesus não está falando da perseguição da parte dos pagãos, mas da oposição e hostilidade da parte das nossas próprias autoridades religiosas e congregações religiosas. A referência anterior que Jesus fez ao ódio que o mundo tem aos crentes (15.18,19), por certo inclui esses líderes religiosos. (1) Todos os crentes professos ou igrejas infiéis aos ensinos de Jesus e à revelação apostólica segundo o NT, ou que não procuram manter-se separados dos corruptos sistemas de vida da sociedade, pertencem a este mundo (cf. 1 Jo 4.5,6). (2) Esses supostos crentes professos adotam valores tão diferentes do verdadeiro evangelho neotestamentário que, quando perseguem ou matam os autênticos seguidores de Cristo, acham que estão servindo a Deus.

16.7 SE EU FOR, EU O ENVIAREI. Fica claro que o derramamento pentecostal do Espírito Santo ocorrerá somente depois de Cristo voltar para o céu (cf. At 2.33; ver o estudo A REGENERACÃO DOS DISCÍPULOS). O derramamento do Espírito no dia de Pentecoste iniciou plenamente a dispensação do Espírito Santo.

16.8 CONVENCERÁ O MUNDO. Quando o Espírito Santo vier, i.e., por ocasião do Pentecoste (ver 16.7 nota; At 2.4), sua obra principal no tocante ao testemunho e à proclamação do evangelho, será a de “convencer” do pecado. Este termo “convencer” (gr. elencho) significa “expor”, “reprovar”, “refutar” e “convencer” (do pecado). (1) A obra de convicção realizada pelo Espírito Santo opera em três aspectos em relação ao pecador: (a) O pecado. O Espírito Santo desmascara e reprova a incredulidade e o pecado, a fim de despertar a consciência da culpa e da necessidade de perdão. Isto, constantemente, leva o pecador ao arrependimento genuíno e à conversão a Jesus como Salvador e Senhor (At 2.37,38). A convicção não somente desmascara o pecado, como também torna claro quais serão os resultados pavorosos se os culpados persistirem na prática do mal. Uma vez convicto, necessário é que o pecador faça sua escolha. (b) A justiça. O Espírito Santo convence os homens de que Jesus é o santo Filho de Deus que os torna conscientes do padrão divino da justiça em Cristo. Esse padrão divino da justiça é confrontado contra o pecado e a pessoa recebe poder para vencer o mundo (At 3.12-16; 7.51-60; 17.31; 1 Pe 3.18). (c) O juízo. Trata-se da obra do Espírito ao convencer os homens da derrota de Satanás na cruz (12.31; 16.11), do juízo atual do mundo por Deus (Rm 1.18-32), do juízo futuro de todos os homens (Mt 16.27; At 17.31; 24.25; Rm 14.10; 6.2; 2 Co 5.10; Jd 14). (2) A obra do Espírito de convencer do pecado e da justiça e do juízo será manifestada em todos os crentes verdadeiramente cheios do Espírito. Cristo, cheio do Espírito (Lc 4.1), testificou ao mundo “que as suas obras são más” (ver 7.7; 15.18) e chamava os homens ao arrependimento do pecado (Mt 4.17). João Batista, “cheio do Espírito Santo” desde seu nascimento (ver Lc 1.15 nota), expunha os pecados do povo judaico (ver Mt 11.7 nota; Lc 3.1-20) e Pedro, “cheio do Espírito Santo” (At 2.4), convencia os corações de 3.000 pecadores, ao pregar o arrependimento e o perdão dos pecados (At 2.37-41). (3) Esse trecho deixa bem claro que qualquer pregador ou igreja que não expõe publicamente o pecado, nem a responsabilidade do pecador, nem o conclama ao arrependimento e à retidão bíblica, não procede do Espírito Santo. Em 1 Co 14.24,25 declara explicitamente que a presença de Deus na congregação é reconhecida pela manifestação do pecado do infiel (i.e., os segredos do seu coração), pela sua consequente convicção (v. 24) e pela sua salvação (v. 25).

16.13 ELE VOS GUIARÁ EM TODA A VERDADE. A obra do Espírito Santo quanto a convencer do pecado não concerne somente ao incrédulo (vv. 7,8), mas também ao crente e à igreja, ensinando, corrigindo e guiando na verdade (Mt 18.15; 1 Tm 5.20; Ap 3.19). (1) O Espírito Santo falará ao crente concernente ao pecado, a justiça de Cristo e ao julgamento da maldade com vistas a: (a) conformar o crente a Cristo e aos seus padrões de justiça (cf. 2 Co 3.18); (b) guiá-lo em toda verdade (v. 13); e (c) glorificar a Cristo (v. 14). Deste modo, o Espírito Santo opera no crente para reproduzir no seu viver a vida santa de Cristo. (2) Se o crente cheio do Espírito Santo rejeita a sua direção e sua operação de convencer do pecado, e se o crente não mortifica as obras da carne mediante o Espírito Santo, morrerá espiritualmente (Rm 8.13a). Somente os que recebem a verdade e são “guiados pelo Espírito de Deus” são filhos de Deus (Rm 8.14), e assim podem continuar na plenitude do Espírito Santo (ver Ef 5.18 nota). O pecado arruína a vida espiritual e igualmente a plenitude do Espírito Santo no crente (Rm 6.23; 8.13; Gl 5.17; cf. Ef 5.18; 1 Ts 5.19).

16.14 HÁ DE RECEBER DO QUE É MEU. O Espírito toma o que é de Cristo e o revela ao crente. Isto quer dizer que Ele lança mão da presença, amor, perdão, redenção, santificação, vida, poder, dons espirituais, cura e de tudo o mais que nos pertence pelo nosso relacionamento com Cristo mediante a fé e torna reais estas bênçãos em nossa vida. Por meio do Espírito, Jesus volta a nós para nos revelar seu amor, graça e comunhão pessoal (cf. 14.16-23). O Espírito opera em nós para despertar e aprofundar nossa consciência da presença de Jesus em nossa vida e atrai nosso coração a Ele em fé, amor, obediência, comunhão, adoração e louvor (ver o estudo JESUS E O ESPÍRITO SANTO)

16.27 O MESMO PAI VOS AMA. O Pai ama todas as pessoas (3.16). Mas também é verdade que Ele tem um amor familiar especial àqueles que, por meio de Jesus, estão reconciliados com Ele e o amam e permanecem leais a Ele em meio às tribulações deste mundo (v. 33). Nosso amor a Jesus leva o Pai a nos amar. Amor corresponde ao amor.

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