João 17 — Exposição do Evangelho de João

João 17

17.1 É CHEGADA A HORA; GLORIFICA A TEU FILHO. O cap. 17 contém a oração final de Jesus por seus discípulos. Este texto revela os desejos e anseios mais profundos de nosso Senhor por seus seguidores, tanto naquela ocasião como agora. Além disso, esta oração é um exemplo inspirado pelo Espírito de como todo pastor deve orar por seu povo e como todo pai deve orar por seus filhos. Ao orarmos pelos que estão sob nossos cuidados, nossos propósitos principais devem ser: (1) para que conheçam intimamente a Jesus Cristo e à sua Palavra (vv. 2,3,17,19; ver v. 3 nota); (2) para que Deus os preserve do mundo, da apostasia, de Satanás, do mal e das falsas doutrinas (vv. 6,11,14-17); (3) para que tenham continuamente a alegria de Cristo (v. 13); (4) para que sejam santos em pensamento, ações e caráter (ver v. 17 nota); (5) para que sejam um (vv. 11, 21, 22, ver v. 21 nota); (6) para que levem outros a Cristo (vv. 21,23); (7) para que perseverem na fé e, finalmente, habitem com Cristo no céu (v. 24); (8) para que permaneçam constantemente no amor e na presença de Deus (v. 26).

17.3 A VIDA ETERNA. A vida eterna é mais do que a existência sem fim. É uma qualidade especial de vida que o crente recebe à medida que ele compartilha da vida de Deus por meio de Cristo. Isso permite ao crente um crescente conhecimento de Deus em comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. No NT, a vida eterna é descrita como: (1) Uma realidade presente (5.24; 10.27,28; 17.3). A possessão atual da vida eterna requer uma fé viva. A vida eterna não é obtida e mantida meramente por meio de um ato de arrependimento e fé ocorrido no passado (ver João 5.24 nota 1). Abrange, também, união e comunhão constante e viva com Cristo (1 Jo 5.12). Não existe vida eterna à parte dEle (João 10.27,28; 11.25,26; 1 Jo 5.11-13). (2) Uma esperança futura. A vida eterna está associada à vinda de Cristo para levar os seus fiéis (ver 14.3 nota; cf. Mc 10.30; Tt 1.2; 3.7; 2 Tm 1.10), e depende do viver no Espírito (Rm 8.12-17; Gl 6.8).

17.6 GUARDARAM A TUA PALAVRA. A oração de Cristo pela proteção, pela alegria, pela santificação, pelo amor e pela união, refere-se somente àqueles que pertencem a Deus (v. 6), que creram em Cristo (v. 8), que se separaram do mundo (vv. 14-16) e que guardam a Palavra de Cristo e crêem nos seus ensinos (vv. 6,8).

17.17 SANTIFICA-OS NA VERDADE. Santificar significa tornar santo, separar. Jesus ora na noite da véspera da sua crucificação, para que seus discípulos sejam um povo santo, separados do mundo e do pecado, para adorar a Deus e servi-lo. Devem separar-se para estarem perto de Deus, para viverem para Ele e para serem semelhantes a Ele. Essa santificação vem pela dedicação à verdade revelada pelo Espírito da verdade (cf. João 14.17; 16.13). A verdade é tanto a Palavra viva de Deus (ver 1.1), como a revelação da Palavra escrita de Deus (ver o estudo A SANTIFICAÇÃO)

17.19 ME SANTIFICO A MIM MESMO. Jesus se “santifica” separando-se exclusivamente para cumprir a vontade de Deus, i.e., morrer na cruz. Jesus sofreu no Calvário a fim de que seus seguidores pudessem separar-se do mundo e se dedicarem a Deus (ver Hb 13.12).

17.21 PARA QUE TODOS SEJAM UM. A união em favor da qual Jesus orou não era a união de igrejas e organizações, mas a espiritual, baseada na permanência em Cristo (v. 23); amor a Cristo (v. 26); separação do mundo (vv. 14-16); santificação na verdade (vv. 17-19); receber a verdade da Palavra e crer nela (vv. 6,8,17); obediência à Palavra (v. 6); e o desejo de levar a salvação aos perdidos (vv. 21,23). Faltando algum desses fatores, não pode haver a verdadeira unidade que Jesus pediu em oração. (1) Jesus não ora para que seus seguidores “se tornem um”, mas para que “sejam um”. Trata-se do subjuntivo presente e significa “continuamente ser um”. União essa que se baseia no relacionamento que todos eles têm com o Pai e o Filho, e na mesma atitude basilar que têm para com o mundo, a Palavra e a necessidade de alcançar os perdidos (cf. 1 Jo 1.7). (2) Intentar criar uma união artificial por meio de reuniões, conferências ou organização centralizada, pode resultar num simulacro da própria união em prol da qual Jesus orou. Ele tinha em mente algo muito mais do que “reuniões de unificação”, i.e., de união artificial. É uma união espiritual de coração, propósito, mente e vontade dos que estão totalmente dedicados a Cristo, à Palavra e à santidade (ver Ef 4.3 nota).

17.22 A GLÓRIA QUE A MIM ME DESTE. A “glória” de Cristo foi sua vida de serviço abnegado e sua morte na cruz a fim de redimir a raça humana. Semelhantemente, a “glória” do crente é o caminho do serviço humilde e de carregar a sua cruz (cf. Lc 9.23 nota). A humildade, a abnegação, o serviço e a disposição de sofrer por Cristo, garantirão a verdadeira unidade dos crentes, que levará à glória verdadeira (ver o estudo A GLÓRIA DE DEUS)

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