Comentário de João 5:45

Não pensem que eu vos acusarei ao Pai,... Para Deus o Pai, como a versão Etíope lê. As versões Siríaca e Persa leem como interrogação, “pensam que eu vou?” etc. Cristo não é nenhum acusador dos homens; não, não do pior dos homens; veja João 8:10; ele não entrou no mundo para fazer acusações contra homens e os condenar, mas os salvar; ser um acusador não é agradável aos caráter dele, mas sim um Salvador, Defensor, e Juiz: havia bastante para acusar nestas pessoas; como a perversidade deles e teimosia, não vindo a Cristo para ter vida; a falta deles de amor para com Deus; a rejeição deles para com ele, embora vindo ao mundo no nome do seu Pai; a recepção deles de outro Cristo, que deveria entrar no seu próprio nome; a tomada da honra deles, de uns para com os outros, e não buscando a verdadeira honra espiritual e eterna que Deus dá; no entanto, eles não deveriam pensar que ele veio para julgar: os Judeus têm uma noção de que quando o Messias vier, haverá acusações contra os doutores deles e homens sábios.[1]

“R. Zeira diz que R. Jeremias bar Aba disse que na geração em que o filho de Davi vier, haverão קטוגוריא בתלמידי חכמים, “acusações contra os discípulos dos homens sábios”.”

Um de seus escritores
[2] assim interpreta, Dan. 21:1.

“E naquele tempo “levanter-se-á Miguel”; ele ficará calado como um homem mudo, quando ele verá o santo e abençoado Deus contendendo com ele, e dizendo, como destruirei uma nação tão grande como essa, pela causa de Israel?” e haverá um tempo de atribulação na família acima, e haverão acusações contra os discípulos dos homens sábios.”

Portanto, não havia necessidade de Cristo os acusar; porque como segue:

Há um que vos acusa, Moisés, em quem confiais;… Por quem é significado, não Moisés pessoalmente; porque quando estava na terra, ele era um mediador entre Deus e o povo de Israel, e um intercessor por eles; e visto que ele esteve no céu, como os mortos não saibem coisa alguma, ele não sabia nada dos assuntos deles; e quando ele estava no monte com Cristo, o discurso dele com ele virou em torno de outro assunto: mas, ou os escritos de Moisés, como em Luc. 16:29; ou a doutrina de Moisés, como 1Co. 10:2; ou, antes, a lei de Moisés, Mat. 22:24. E neste os judeus confiaram; eles descansaram nele, e se ostentavam nele; e esperavam nele a vida eterna e salvação, porque eles o ouviam todos os dias de Sábado, e pela obediência deles para com a lei: e agora como o pecado é uma transgressão da lei, esta mesma lei os acusa, e os acusa de quebrar vários dos preceitos da lei, e os pronuncia culpados diante de Deus; os amaldiçoa e profere uma sentença de condenação neles, e de acordo com isto, eles irão perecer eternamente, sem um interesse em Cristo; para a própria retidão deles pela lei de obras, será de nenhum proveito a eles; a lei na qual eles confiam para a vida, se levantará em julgamento, e será uma testemunha veloz contra eles: assim os Judeus, às vezes, falam da lei, como testemunhando contra o povo de Israel.
[3]






Fonte: John Gill's Exposition of the Entire Bible



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Notas:
[1] T. Bab. Cetubot, fol. 112. 2.[2] Jarchi em Dan xii. 1. Vid. Abkath Rocel, par. 2. p. 265.[3] Prefat. Echa Rabbati, fol. 40. 1.