Estudo sobre Romanos 3:10-19

Estudo sobre Romanos 3:10-19

Estudo sobre Romanos 3:10-19



Romanos 3:10-19

Quando no versículo anterior Paulo afirmou: “já temos demonstrado”, era óbvio que isso se deu unicamente por meio do amparo na Escritura. Como prova surge uma longa citação composta, oriunda primordialmente de salmos de lamentação, sobre o afastamento geral das pessoas de Deus. O apóstolo abrevia e complementa as frases, aguça-as e funde-as num bloco sólido por meio do constante: “não há…”, o que tem o sentido de: “Não há… nem um sequer…”.

Os v. 10-12 denunciam maciçamente a ruptura da aliança: todos se extraviaram (v. 12). E nisso retornam elementos da descrença gentílica. Pois a injustiça de 1.18 é citada aqui no v. 10a: Não há justo. A insensatez dos corações de 1.21,31 surge aqui no v. 11: não há quem entenda. A indiferença perante Deus, de 1.28, retorna no v. 11b: não há quem busque (verdadeiramente) a Deus. Repete-se pois no v. 12b a condenação da perversão moral da sociedade, de 1.28,32: à uma se fizeram inúteis.

Os v. 13-17 descrevem as decorrências concretas, no que se concentram especialmente nos pecados da língua. O mundo corrompido das palavras constitui um mal fundamental. As partes do corpo: garganta, língua, lábios (v. 13) e boca (v. 14) são os locais de onde se espalha o hálito da putrefação sobre o convívio humano (v. 13). O discurso extremamente contundente, hostil, cheio de ódio e causador de ódio, profundamente maligno das pessoas passa a guiar também seus pés (v. 15) e ofusca seus olhos (v. 18), de maneira que finalmente não reconhecem mais nenhuma saída (v. 17). Apesar da busca do saber e do cabedal de conhecimento, ficam sem saída nas questões do bem-estar e da salvação. Em consonância com Pv 1.7, o v. 18 cita a chave perdida de todo o saber e conhecimento verdadeiro: temor de Deus (cf 1.21).

Paulo recorda a convicção conjunta de que as afirmações da Escritura e, por isso, também as condenações há pouco pronunciadas são, no conteúdo, integralmente dirigidas aos judeus. Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na (esfera de vigência da) lei o diz. Os escritos de Israel no AT exercem a função de refutar Israel, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus. A culpabilidade pressupõe o desmantelamento da defesa. Até esse momento, as bocas dos réus citados se moviam incessantemente. Seu objetivo era discutir para livrar-se (Lc 10.29); mantinham a verdade longe de si, aplicavam-na aos outros e às circunstâncias, embelezavam a sua própria ação e omissão, insistiam em sua inocência. Seu objetivo era transformar a sala do júri numa sala de audiências. Nesse momento acontece que Deus toma a palavra na forma da lei de Moisés, e todas as bocas são tapadas. Este silêncio dos refutados ainda não constitui salvação, mas é clareza, a saber, clareza do direito.

Índice:
Romanos 3:10-19