Estudo sobre Romanos 3:25b-26
Estudo sobre Romanos 3:25b-26
Romanos 3:25b-26
Nos v. 25b,26 Paulo atinge a preocupação principal de sua carta. Quatro vezes ressoa agora a raiz “justo”. Finalmente Paulo pode expor o que ele até então chamou genericamente de “revelação da justiça de Deus” (1.17; 3.21). Deus agiu na morte propiciatória de Jesus Cristo para manifestar a sua justiça. Até agora faltava qualquer comprovação, a saber, por ter Deus, na sua tolerância (anoché), deixado impunes (páresis) os pecados anteriormente cometidos, i. é, até então Deus deixou os pecadores viverem. Mesmo que ele tenha permitido que sua contrariedade com o mal fosse percebida nas consciências das pessoas e que conseqüências de juízo fossem experimentadas, as comprovações de sua bondade de Criador continuaram a acontecer antes e fora de Cristo para todos os maus. A ira manifesta de 1.18-32 evidentemente ainda não era a ira do fim. Também as possibilidades de expiação oferecidas pelo AT não passavam de “sombras” (Hb 8.5) do que era perfeito, não sendo capazes de mitigar a sede de justiça da consciência. Esse aspecto pendente no comportamento de Deus, esse “meio” juízo e “meio” perdão tornavam passível de equívoco o ser justo de Deus. Seu deixar acontecer o expunha à suspeita de que lhe faltaria seriedade de juiz. Afinal, Deus tinha de intervir. Desde tempos antigos essa situação causava extrema aflição (p. ex., Sl 73.2-12,21,22 e o livro de Jó). A reticência de Deus atribulava os fiéis, enquanto tornava os ímpios despreocupados e indiferentes.
A Sexta-feira da Paixão trouxe o encerramento desta situação. Produziu a manifestação factual da justiça de Deus. Depois de acabada a sua paciência apossou-se dele no tempo presente a sua “impaciência”: Atacou radicalmente o tema do pecado. A morte de Jesus na madeira da vergonha é juízo incontornável – crucificação do mundo inteiro (Gl 6.14).
É verdade, e com isso a história dá uma guinada imprevista, como jamais havia brotado no coração de uma ser humano: juízo sobre um inocente, ou seja, o “sujeito errado”, ou melhor: o representante. Além do mais, que representante! O próprio juiz, Deus como Deus, assume por suas criaturas, que se tornaram inviáveis, a responsabilidade existencial. “Existencial” significa, nesse caso, entrega sem deixar nada de si do lado de fora. Na morte de Jesus o Deus todo se revelou totalmente – inteiramente como juiz, inteiramente como redentor. Ele julgou com o máximo rigor, porém amou seus inimigos com amor supremo (Rm 5.10), ao oferecer-lhes o manto da justiça de Cristo. Dessa maneira transpareceu, na morte expiatória de Jesus, quanto Deus é por dentro e por fora Deus e não ser humano, um Deus “correto”, e precisamente para dois lados: Por um lado para ele mesmo ser justo, conforme exposto até aqui. Por outro lado, porém, também um juiz verdadeiramente justificador, acima de qualquer suspeita de corrupção. Se Deus declarasse justo o pecador, seria diante de si próprio uma abominação (Êx 23.17; 25.1; Pv 17.15). Contudo, ele pronuncia a sentença de liberdade somente para aquele, cujo direito veio à luz e que se apresenta como justo, trajado obviamente com uma justiça alheia. Cristo lhe foi feito justiça por Deus (1Co 1.30) – a partir da fé em Jesus. Fora dessa fé o ser humano continua vivendo depois de Cristo assim como antes de Cristo: solitário, com dúvidas e desprotegido. Porém o que crê vive num campo de força que é maravilhosamente mantido no alto por essa comprovação da justiça de Deus na morte expiatória de Jesus.
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Romanos 3:25b-26