Estudo sobre Romanos 3:27-28

Estudo sobre Romanos 3:27-28

Estudo sobre Romanos 3:27-28


Romanos 3:27-28

Primeiramente cabe esclarecer inequivocamente a pergunta pela participação própria do que foi declarado livre. Onde (fica), pois, a jactância? Foi de todo excluída. É evidente que a circunstância de que quem crê pode desfrutar de uma justiça alheia lhe retira o pódio para qualquer pose de vencedor (cf a explicação de 2.23; 1Co 4.7).

Apesar disso Paulo aprecia mais uma vez os dois pontos de partida para adquirir glória pessoal: Por que lei (a jactância seria viável)? Não é possível que “lei” se refira, nesse caso, à lei de Moisés, pois não há duas espécies alternativas dela. Porém são imagináveis duas regras, ou princípios, ou métodos, ou caminhos, pelos quais se pode tentar afirmar-se vitoriosamente diante do juiz divino. De início, Paulo cita de maneira bem breve (só com duas palavras!) a possibilidade, já declarada inviável: Louvor próprio (pela lei) das obras? Não; pelo contrário, em radical contraste a isso: pela lei da fé. Esse versículo e o seguinte comprovam, com uma clareza que não deixa nada a desejar, que o NT não entende o crer por parte do ser humano como uma obra, e sim como o caminho totalmente diverso nas questões de redenção e salvação: Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé em Cristo, independentemente das obras da lei.

O percurso do raciocínio é o seguinte: Do “somente Cristo”, anunciado no trecho anterior, decorre também o “somente pela fé”. Um “somente” acarreta o outro “somente”. Ao inserir na sua tradução a palavrinha “somente”, Martinho Lutero percebeu muito bem essa dimensão. A ordem de batalha da Reforma (em latim: sola fide) facilmente tornou-se, no meio evangélico, uma cadeira de preguiça, como se a fé pudesse excluir o agir. É verdade que a mão esquerda não deve querer saber o que a direita faz (Mt 6.3) – não cabe espelhar-se em si próprio! – mas isso não significa que pode ser indiferente para a mão esquerda, se a direita não realiza nada.

Duas vezes ouviu-se, pois, “sem lei” (v. 21), “independentemente das obras da lei” (v. 28). Esse desengate da jurisprudência da lei de Moisés e, assim, do judaísmo, tem conseqüências: ser gentio não significa mais exclusão da salvação, ser judeu não representa nenhum caminho à parte para a salvação (10.12,13). Tanto num como noutro caso vale o sola fide.

Índice:
Romanos 3:27-28