Estudo sobre Gálatas 6:3-6
Estudo sobre Gálatas 6:3-6
O auto-exame falso, porém, leva ao auto-engano e torna-nos imprestáveis: Porque, se alguém julga ser alguma coisa (especial e importante, cf. 1Co 3.7), não sendo (na verdade) nada, a si mesmo se engana. Nós tentamos incessantemente provar a nós próprios que somos alguém, e nos mostramos do lado mais favorável. O exemplo clássico dessa vaidosa autoprojeção é Laodiceia em Ap 3.17: “Dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu”. Paulo conheceu essa arrogância nos coríntios. Ela torna incapaz de corrigir o irmão. Entra em cartaz o grotesco teatro de alguém que se debruça sobre o cisco no olho de seu irmão: “Sossega, tenho de ajudar-te!”, enquanto no próprio olho uma trave balança para lá e para cá (segundo Mt 7.3-5). Esta seria uma caricatura da disciplina eclesiástica.
Quanto ao auto-exame correto: Mas prove cada um o seu labor (“Cada um examine os seus próprios atos” [NVI]). A comparação com o irmão não faz sentido. Ele tem outros dons e limitações, outra história pregressa, outras condições. Além disso, ele justamente está prostrado em seu estado de fraqueza. Comparar-se agora com ele e exaltar-se acima dele? Seria um método bastante fútil de auto-afirmação. Naturalmente temos de nos medir na medida que foi dada a nós próprios. cf. também 2Co 10.12 de acordo com um bom manuscrito: “Porém como somente nos medimos em nós próprios e nos comparamos conosco mesmos, não nos vangloriaremos de modo desmedido” (tradução do autor).
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Para Paulo é imaginável que um auto-exame tenha resultado positivo: então, terá motivo de gloriar-se unicamente em si e não em outro. Quando se fazia necessário, Paulo também afirmava esse resultado. Não lhe pesava na consciência ter uma consciência limpa. Contudo, duas coisas eram inconcebíveis para ele: Que ele extraísse seu sentimento de bem-estar da aflição do seu irmão e que ele imaginasse que o seu resultado já seria o resultado do julgamento final (1Co 4.3,4).
Por isso a sóbria observação final: Porque cada um levará o seu próprio fardo. A ligação estreita com o v. 4 recomenda que se pense no atual auto-exame, não num processo no juízo final. Não existe uma pessoa sem um ônus no sentido estrito. Também se deve contar com faltas ocultas. O termo grego usado aqui para fardo (phórtion) era utilizado para descrever todo tipo de peso na vida. Nesse caso deve ser interpretado do mesmo modo como “cargas” no v. 2, ou seja, como o peso das próprias faltas. Por meio desta frase conclusiva, Paulo chama de volta à solidariedade com o irmão caído aquele que estava satisfeito consigo próprio. Para todos nós não é fácil sermos seres humanos. Quantos realmente podem apresentar-se cheios de honra? Quantos não se apresentam cheios de fardos!
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