Comentário de João 8:38-39

8:38 - Eu falo aquilo que tenho visto com o meu Pai,… Essa é uma agravação do pecado dos Judeus, em buscar matar Cristo, por causa de sua doutrina, visto que nãocomentario do evangelho de João, comentario biblico era sua própria, mas a de seu Pai; não era meramente humana, mas divina; era aquilo que o próprio Filho Unigênito, que está no seio do Pai, tem visto em Seu coração, em seus propósitos, e decretos, em seu conselho e pacto, e era tão claro, completo, certo, e algo em que podia se confiar:

E vós fazeis o que tens visto com vosso Pai;… Querendo dizer o Diabo, que, embora eles não vissem com os próprios olhos, nem qualquer ação sua pessoal, eles tomaram seu plano da cooperação dele, e eles tinham ele constantemente diante de si, como o exemplo deles a ser copiado. A versão Etíope lê: “o que tens ouvido”; e assim é lido em três das cópias de Beza, e nas três de Estevão.

8:39 - Eles responderam e disseram a ele,… Pelo fato dele ter mencionado o assunto de pai, cujas obras eles faziam, e a quem eles imitavam:

Abraão é nosso pai;… Querendo dizer que ele é o único, nem tinham eles algum outro:

Jesus disse a eles: se sois filhos de Abraão, farías as obras de Abraão;… Pois, que filhos não imitiam seus pais? Abraão era misericordioso, caridoso, hospitaleiro,[1] bem como um homem de justiça estrita e integridade; ele temia a Deus, acreditou nele, e estava pronto para receber cada mensagem e revelação que veio a ele; e aqueles que são seus filhos genuínos e descendência, que andam nos passos de sua fé, caridade, justiça, e piedade, fazem o mesmo: e essa é uma regra que os próprios Judeus dão (m), embora a semente de Abraão possa ser conhecida:

“quem quer seja misericordioso a uma criatura (homem), é evidente que ele é da semente de Abraão, nosso pai; mas, quem quer que não tenha misericórdia sobre uma criatura, é um caso claro que ele não é da semente de Abraão.”

E se isso é uma regra segura para se julgar, esses homens não podiam ser da semente de Abraão, pois eram sem misericórdia, sem piedade, bárbaros e uma geração cruel.

“Um discípulo deve ser julgado de acordo com suas maneiras; aquele que anda nos caminhos do Senhor, ele é dos discípulos de Abraão, nosso pai, vendo que ele age segundo as suas maneiras, e aprende das suas obras; mas o discípulo que é corrupto em suas maneiras, embora ele seja dos filhos de Israel, ele não é dos “discípulos de Abraão”, vendo que ele não é acostumado a essas maneiras.”

Portanto, parece que eles diziam essas coisas não para se distinguir de outras pessoas que afirmavam ser descendentes de Abraão, como os Ismaelitas ou Saracenos; assim como os Espartanos; pois assim escreve Areus, o rei deles, a Onias, o sumo sacerdote dos Judeus.

“Achou-se, num escrito sobre os espartanos e os judeus, que estes povos são irmãos e descendem de Abraão.” (1 Macabeus 12:20, 21)

Mas para distinguir esses que eram religiosos e virtuosos entre os judeus, dos que não eram; e assim nosso Senhor não pretende negar que os judeus, embora fossem homens maus, eram a semente de Abraão, de acordo com a carne; mas que eles não eram assim em um sentido espiritual, eles não andaram nos passos dele, ou fizeram os trabalhos que ele fez. A versão Persa lê no singular, "fariam a obra de Abraão"; e se qualquer trabalho particular é projetado, é provável ser o trabalho da fé, visto que era para a qual Abraão era famoso; e o fazer dessa obra de fé denominava os homens, mesmo os Gentios, os filhos de Abraão, e o qual os judeus estavam descrendo e rejeitando o Messias.



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Notas
(m) T. Bab. Betza, fol. 82. 2.
(n) Abarbinel Naehaleth Abot, fol. 183. 1.
[1] Cf. João 1:11. N do T.