Números 2 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Números 2




Números 2

2:1-34 A ordem das tribos no arraial Quando o povo de Israel se deslocava, era acompanhado da tenda da congregação, ou seja, da presença de Deus. A tenda indicava que Deus habitava no meio do seu povo. Uma vez que ele é um Deus de ordem e tudo deve ser “feito com decência e ordem” (ICo 14:40), Deus forneceu instruções para que o arraial não se tomasse tumultuado e caótico. Devia ser organizado de tal modo que a tenda da congregação, o local que representava a presença de Deus com os israelitas, ficasse no centro (2:1-2). Sua marcha pelo deserto devia ser caracterizada pela santidade, pois Deus é santo (Lv 19:2). Mais uma vez, Deus concedeu a Israel a dádiva da adoração para conduzi-lo em sua jornada. Desse modo, o povo poderia manter seu relacionamento com o Deus santo.
Cada uma das tribos devia ocupar determinada posição em relação à tenda da congregação. As tribos de Judá, Is-sacar e Zebulom acampariam do lado leste (2:3-9); as de Rúben, Simeão e Gade acampariam do lado sul (2:10-16). A tenda da congregação e os levitas ocupariam o centro do arraial (2:17). As tribos de Efraim, Manassés e Benjamim se posicionariam a oeste da tenda da congregação (2:18-24), e as tribos de Dã, Aser e Naftali acampariam do lado norte (2:25-31).
A comunidade israelita foi dividida, portanto, em quatro grupos de três tribos, e uma tribo de cada grupo foi designada para liderá-lo. Judá era a líder do grupo do leste (2:9a); Rúben, do sul (2:16a); Efraim, do oeste (2:24); e Dã, do norte (2:31).
Quando chegasse a hora de os israelitas se deslocarem, deviam partir nessa mesma ordem. À frente, iria o grupo do leste sob a liderança de Judá (2:9b), seguido do grupo do sul, sob a liderança de Rúben (2:16ò). Em seguida, vi-riam os levitas, carregando a tenda da congregação desmontada (2:17; 1:51). Seriam seguidos pelo grupo do oeste, sob a liderança de Efraim (2:246), e o grupo do norte sob a liderança de Dã ocuparia a retaguarda (2:316).
É impressionante como um grupo de escravos fugidos do Egito se tomou uma comunidade organizada tendo Deus como seu líder e Moisés, Arão e os chefes das tribos como representantes de Deus na terra. Assim, repleto de expectativa, o povo de Israel se pôs a caminho numa jornada religiosa. Contudo, a atenção dedicada aos preparativos e à ordem dessa marcha santa sugere que Israel precisaria de coragem para enfrentar as incertezas do futuro. A organização e os procedimentos visavam dar ainda mais esperança, mas a jornada exigiria, acima de tudo, que os israelitas andassem pela fé, e não pelo que vissem (2Co 5:7).
A ordem na qual as tribos deviam marchar também é significativa. Seria de esperar que as tribos de Rúben e Simeão liderassem a marcha, pois seus fundadores eram os filhos mais velhos de Jacó e são mencionados primeiro no censo (1:20-22). Em vez disso, porém, os descendentes de Judá iriam à frente. Esse fato havia sido predito muitos anos antes na bênção de Jacó que prometeu a liderança a Judá (Gn 49:10) e afirmou que Rúben e Simeão não teriam o primeiro lugar esperado por causa de sua ordem de nascimento (Gn 43—44). Tanto o grande rei Davi quanto o Messias seriam descendentes de Judá (Rt 1:1; 4:18-21; Mt 1:1-16). Essas inversões fazem parte do conceito veterotestamentário segundo o qual Deus trabalha de maneiras misteriosas e inesperadas. Ele usa pessoas e acontecimentos incomuns para realizar seu propósito. Como Deus lembrou os israelitas, “os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos” (Is 55:8).
Mais uma vez, o capítulo termina em tom de obediência. Em 2:1, o Senhor transmite instruções a Moisés e Arão acerca dos israelitas, e o capítulo se encerra informando: Assim fizeram os filhos de Israel; conforme tudo o que o Senhor ordenara a Moisés (2:34). No AT, a obediência não consiste simplesmente em seguir um conjunto de regras. Antes, envolve fé naquele que definiu essas regras. O propósito das regras e dos mandamentos não é servir de fardo para o povo, mas, sim, servir de parâmetro para aprimorar o relacionamento com Deus. Em outras palavras, as regras são uma dádiva para tornar a vida ainda melhor. O tema predominante e recorrente é “Deus fala”. A obediência é possível porque Deus dá ordens e apresenta claramente seu propósito, a saber, garantir o sucesso de Israel em sua rimada ramo à terra prometida.


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