Números 7 — Análise Bíblica

Análise Bíblica de Números 7






Números 7

Nm 7:1-89 A dedicação do tabernáculo
Moisés ungiu e consagrou a tenda da congregação para tomá-la um lugar de culto. “Ungir” e “consagrar” são sinônimos; os dois termos significam separar algo para uma função específica. Moisés também ungiu e consagrou [...] todos os utensílios da tenda da congregação, bem como o altar e todos os seus pertences (7:1). Essa consagração era importante, pois visava separar a tenda da congregação como lugar sagrado onde o povo podería adorar ao Senhor no deserto.
A tenda da congregação prefigurou o templo a ser construído pelo rei Salomão. Depois da destruição do templo pelos babilônios, a memória da tenda da congregação e do culto em Israel durante o período no deserto foi importante para mostrar ao povo que era possível adorar a Deus mesmo sem um templo. A profecia em Isaías 66:1 também lembra que Deus está presente em toda parte e não pode ser confinado a nenhum edifício: “0 céu é o meu trono [...] que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repouso?”
Esse capítulo descreve as ofertas apresentadas ao Senhor depois da consagração do tabernáculo, ofertas que revelam o compromisso dos israelitas com Deus e com o restante da comunidade. Em primeiro lugar, são relacionadas as ofertas dos líderes (7:1-9) e, na sequência, as ofertas de cada tribo (7:10-88).
Os líderes das tribos (“príncipes”) ofereceram seis carros cobertos e doze bois para puxá-los (7:2-3). O Senhor instruiu Moisés a aceitar esses presentes para o serviço da tenda da congregação (7:4) e entregou-os aos levitas para ajudá-los a transportar a tenda da congregação na viagem rumo à terra prometida (7:5). Os meratitas receberem duas vezes mais carros que os gersonitas, pois tinham mais coisas para transportar (7:7-8; cp. Nm 3:36-37 e 3:25-26). Os coatitas não receberam carros, pois os objetos a serem transportados por eles eram tão santos que deviam ser levados aos ombros (7:9; cf. tb. Nm 3:31).
Além dos carros e dos bois, cada príncipe também trouxe uma oferta especial em nome de toda a sua tribo. A apresentação dessas ofertas foi realizada de maneira ordenada; para cada tribo, foi separado um dia específico, dentro de um período de doze dias, no qual podería apresentar sua oferta (Judá — Nm 7:12-17; Zebulom — 7:18-29; Rúben — 7:30-35; Simeão — Nm 7:36-41; Gade — Nm 7:42-47; Efraim — Nm 7:48-53; Manassés — Nm 7:54-59; Benjamim — 7:60-65; Dã — 7:66-71; Aser — 7:72-77; Naftali — Nm 7:78-83). Esta sequência corresponde à ordem de marcha e à posição das tribos no arraial (cf. Nm 2). Assim, a tribo de judá é a primeira a apresentar sua oferta, e a tribo de Naftali é a última.
Além de cada tribo ter a oportunidade de demonstrar seu apoio à construção do tabernáculo, também foi pedido de cada uma que mostrasse o mesmo nível de compromisso ao trazer a mesma oferta. Cada tribo ofereceu um prato de prata; uma bacia de prata cheia de farinha misturada com azeite para a oferta de manjares; um recipiente de ouro cheio de incenso; um novilho, um carneiro e um cordeiro de um ano, para holocausto; um bode para oferta pelo pecado; e dois bois, cinco carneiros, cinco bodes e cinco cordeiros de um ano para um sacrifício pacífico. Esses presentes valiosos eram uma demonstração tangível do apoio unânime do povo à tenda da congregação e aos sacerdotes. As ofertas de manjares e holocaustos expressavam gratidão, enquanto as ofertas pelo pecado e os sacrifícios pacíficos visavam restaurar e manter o relacionamento entre Deus e seu povo.
O total oferecido é fornecido em 7:84-88: cerca de 28 quilos de prata e um quilo e meio de ouro. As repetições nesse capítulo provavelmente serviram para ajudar o povo a memorizar o que devia fazer. Assim, se uma tribo esquecesse algo, os membros de outra tribo podiam lembrá-la. No entanto, a repetição não apenas visa a memorização, mas também indica a importância desse procedimento e a igualdade entre todas as tribos, que deviam prestar o mesmo culto e aceitar os mesmos mandamentos do Senhor. Todas as tribos deviam obedecer e realizar fielmente a sua função a fim de garantir o bem-estar de toda a comunidade. Se uma tribo não agisse de modo responsável, poderia contaminar toda a comunidade e afetar a marcha santa. Esse conceito corresponde à ideologia africana de responsabilidade comunitária por meio da participação individual.
Deus estava presente na tenda da congregação e ali ele conversava com Moisés (7:89). Essa presença de Deus no meio do seu povo contrasta com a situação em Êxodo 33:7-11, em que a tenda da congregação foi colocada fora do arraial em decorrência do episódio do bezerro de ouro. Deus não podia habitar no meio de um povo que havia adorado ídolos. Mas, agora, a tenda da congregação está no centro do arraial, e o povo pode se aproximar do Senhor.

Mais: Números 1 Números 2 Números 3 Números 4 Números 5 Números 6 Números 7 Números 8 Números 9 Números 10 Números 11 Números 12 Números 13 Números 14 Números 15 Números 16 Números 17 Números 18 Números 19 Números 20 Números 21 Números 22 Números 23 Números 24 Números 25 Números 26 Números 27 Números 28 Números 29 Números 30 Números 31 Números 32 Números 33 Números 34 Números 35 Números 36